capitulo 5

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Olho para Alfonso e não digo nada. Como ele quer que eu responda essa pergunta? Estou envergonhada pelo que estamos presenciando juntos. Mas seus olhos curiosos se cravam em mim e ele aproxima sua boca da minha.

— O futebol a deixa mais excitada do que isso? — insiste.

Ai, Deus! Ele é que me deixa excitada.

Como não ficar excitada com um homem desses em cima de mim e diante de uma situação como essa? Que se dane o futebol! No fim, volto a fazer que sim com a cabeça como um bonequinho. Que sem-vergonha eu sou.

Herrera, ao me ver tão alterada, também move a cabeça. Espia pela fresta e me arrasta até ficarmos os dois diante do vão da porta. O que vejo me deixa sem palavras. Minha chefe está de pernas abertas sobre a mesa, enquanto Miguel passeia sua boca com vontade no meio das coxas dela. Fecho os olhos. Não quero ver isso. Que vergonha! Instantes depois, o alemão, que continua me segurando com força, me empurra de novo contra o arquivo e me pergunta ao pé do ouvido:

— Está assustada com o que vê?

— Não... — Ele sorri e eu acrescento, cochichando: — Mas não acho certo a gente ficar espiando, senhor Herrera. Acho que...

— Espiá-los não vai nos fazer mal e, além do mais, é excitante.

— É minha chefe.

Faz um gesto afirmativo e, enquanto passa sua boca por minha orelha, sussurra:

— Eu daria tudo para que fosse você que estivesse em cima da mesa. Passearia minha boca por suas coxas, para depois enfiar minha língua dentro de você e te possuir.

COMO É QUE É?? O QUE ELE DISSE??

Impressionada e absurdamente excitada, me preparo para dar uma resposta atrevida quando, de repente, todo meu corpo reage e eu sinto meu ventre se contraindo. O que esse homem acaba de dizer está mexendo comigo e eu não consigo disfarçar, por mais grosseiro que tenha sido o comentário dele.

Então, o percurso de seus lábios se detém diante da minha boca. Sem tirar os olhos de mim, põe para fora sua língua molhada, passa por meu lábio superior, depois pelo inferior e, finalmente, me dá uma leve e doce mordidinha no lábio.

Não me mexo. Não consigo nem respirar!

Ao ver que estou ofegante, volta a esticar a língua e, sem pensar, eu abro a boca. Quero mais. Suas pupilas se dilatam. Confiante, enfia a língua na minha boca e, com uma habilidade que me deixa atordoada, começa a movê-la até me fazer perder os sentidos.

Esquecendo tudo, correspondo a suas exigências e em seguida sinto que sou eu quem se aperta contra seu peito musculoso em busca de algo mais. Me deixo levar pelo meu desejo.

Durante alguns segundos, nos beijamos apaixonadamente no mais absoluto silêncio, enquanto escutamos os gemidos da minha chefe. Meu corpo treme ao contato de seu corpo. Sinto suas mãos agarrando minha bunda e tenho vontade de gritar... mas de prazer! Logo retira sua língua da minha boca e, sem tirar de mim seus olhos esverdeados, pergunta:

— Janta comigo?

Volto a balançar a cabeça, mas desta vez para negar. Não pretendo jantar com ele. É o chefão, o dono da empresa. Mas minha resposta não parece agradar, e ele afirma:

— Sim. Você vai jantar comigo.

— Não.

— Gosta de me contrariar?

— Não, senhor.

— Então?

— Não janto com chefes.

— Mas comigo sim.

Sua proximidade é irresistível, e o novo ataque à minha boca é arrebatador. Se antes houve faíscas, agora é puro fogo. Ardor... Calor... E, quando consegue me ter derretida em suas mãos, tira novamente a língua da minha boca e insinua um sorriso. Adoro essas insinuações!

Sem fala e perturbada, eu o encaro. Que merda estou fazendo? Sem se mexer um milímetro sequer, pega do bolso um iPhone preto e começa a digitar.

Minutos depois, ouço baterem na porta da minha chefe, ao mesmo tempo que ele me pede silêncio. Miguel e ela se recompõem rapidamente e eu não consigo deixar de me surpreender com sua capacidade de reação. Segundos mais tarde, Miguel abre.

— Desculpe, senhora Sánchez — diz uma voz que não reconheço. — O senhor Herrera quer tomar um café com a senhora. Está esperando na cafeteria do nono andar.

Através da porta entreaberta e ainda com o alemão em cima de mim, vejo Miguel indo embora e minha chefe tirando uma nécessaire de uma das gavetas de sua mesa. Retoca o batom rapidamente e, depois de ajeitar o cabelo e a roupa, sai da sala. Nesse momento, sinto que a pressão desse homem sobre mim diminui, e ele me solta.

— Tudo bem. Não nos trataremos por “você” — Caminha até a porta e acrescenta com uma segurança esmagadora — Passo na sua casa às nove. Esteja linda, senhorita Portilla.

E eu fico olhando para a porta como uma idiota.

Mas qual é a desse cara?

Quero gritar não, mas, se eu fizer isso o escritório inteiro vai me ouvir. Cheia de calor e agitada, saio do arquivo e enquanto caminho até minha mesa, meu celular apita. Uma mensagem. Abro e fico espantada quando leio: “Sou seu chefe e sei onde a senhorita mora. Nem pense em não estar pronta às nove em ponto.”

Agora danosse!!

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