Capitulo 29

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A reunião começa e eu fico atenta a tudo que falam. Não olho para ele e acho que ele também não está me olhando.

Estou com o notebook aberto diante de mim e temo receber alguma mensagem de Alfonso. Por sorte, não chega nenhuma.

À uma da tarde, a reunião é interrompida. Hora do almoço.

O chefe da sucursal reservou mesa num hotel próximo, e Santiago me convida para ir no carro dele. Aceito de imediato.

Sem olhar para Poncho, que está ao lado de Amanda, passo reto por ele, até que o ouço me chamar.

Peço a Santiago que me dê um segundo e vou até meu chefe de cabeça bem erguida.

— Vai aonde, senhorita Portilla?

— Ao restaurante, senhor Herrera.

Poncho olha para Santiago.

— Pode vir conosco na limusine.

Ótimo. Agora quer que eu vá junto?

Que se dane!

Amanda nos olha. Não entende o que estamos dizendo. Falamos em espanhol, e imagino que isso a incomode.

— Obrigada, senhor Herrera, mas se não se importa, irei com Santiago.

— Me importo — responde.

Não há ninguém ao nosso redor. Ninguém pode nos escutar.

— Pois que o senhor se dane! - falo com um sorriso angelical.

Dou as costas a ele e saio.

Babaca, acha que vou ficar por baixo.

Espanha 1 – Alemanha 0.

Sei que acabo de cometer a maior imprudência que uma secretária pode fazer. E ainda maior em se tratando de Alfonso.

Mas eu precisava disso. Precisava fazê-lo se sentir como eu me sinto.

Sem pensar nas consequências, entre elas a demissão certa, ando até Santiago e seguro seu braço com intimidade.

Entramos em seu Opel Corsa e nos dirigimos ao restaurante, enquanto começo a pensar no desemprego.

Depois dessa, vou ser demitida com certeza.

Quando chego ao estabelecimento, vou com Santiago até o balcão.

Vejo entrar Poncho, seguido de Amanda e dos outros chefes.

Olha na minha direção e posso perceber sua irritação.

Os diretores entram no salão e rapidamente se acomodam em seus lugares. Poncho faz menção de se sentar, mas logo se desculpa com seus colegas e me faz um sinal com a mão.

Eu e Santiago o avistamos, e não posso me recusar a ir.

Dou um gole na minha Coca geladinha, deixo no balcão e me aproximo de Alfonso.

— Diga-me, senhor Herrera. Em que posso ajudá-lo?

Poncho abaixa a voz e sem alterar a expressão de seu rosto, pergunta:

— O que você está fazendo, Annie?

Olha, vejam só voltei a ser “Annie”.

— Tomando uma Coca. Zero, por sinal, que engorda menos.

Minha resposta irreverente o desespera. Sei disso e gosto disso.

— Por que você está me irritando o tempo todo? — pergunta me deixando indignada.

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