Capitulo 7

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Nesse instante, o carro para e, já do lado de fora, Tomás abre a porta para nós. O senhor Herrera... digo, Alfonso desce e me oferece sua mão para sair. Quando já estamos os dois na rua, o motorista entra de novo na BMW e vai embora. Então Alfonso me segura pela cintura e eu leio um letreiro que diz “Moroccio”.

Entrar naquele restaurante bonito e iluminado me deixa de bom humor. Sempre quis ir ali. Além disso, estou faminta; quase não comi nada na hora do almoço e estou com uma fome absurda. Ao entrarmos, observo as mesas do lugar e, em especial, os pratos que os garçons servem. “Meu Deus, esses pratos estão com uma cara maravilhosa!” Ao avistar Alfonso, o maître sorri e se dirige a nós.

— Acompanhem-me — ele diz após nos cumprimentar.

Alfonso me segura pela mão e eu me deixo levar. Vejo algumas mulheres olhando para ele, o que me enche de orgulho por ser eu quem está a seu lado, e não elas. Ao atravessar o salão onde as pessoas estão jantando, chegamos a um espaço reservado com divisórias em tecido de cetim dourado. Não consigo esconder a surpresa, e, quando o maître abre uma dessas cortinas e nos convida a entrar, quase pulo de felicidade.

É um lugar luxuoso e iluminado por velas. Num canto há uma poltrona que parece confortável e, no centro, uma mesa redonda e arrumada para dois. Alfonso sorri do meu espanto, e percebo que ele dirige um olhar ao maître para nos deixar a sós. Chega perto de mim e, num gesto de cavalheirismo, puxa uma das cadeiras para eu me sentar.

— Gostou? - pergunta.

— Gostei...

Enquanto me acomodo na cadeira, ele dá a volta na mesa e senta na minha frente.

— Nunca jantou aqui?

— Já passei mil vezes pela porta, mas nunca tinha entrado. Só de olhar do lado de fora, já dá pra saber que os preços são proibitivos para uma assalariada modesta como eu - respondo.

Em resposta ao que digo, Alfonso torce o nariz e estende sua mão sobre a mesa até alcançar a minha. Começa a acariciar meu pulso, desenhando com o dedo suaves movimentos circulares.

— Para você, poucas coisas são proibitivas — murmura.

Isso me faz rir.

— Mais do que você imagina.

— Duvido, pequena. Tenho certeza de que é você quem impõe os limites.

Seu olhar, sua voz rouca e seu jeito de me chamar de “pequena” me cativam. Meu corpo inteiro fica arrepiado. Ele me fascina a cada segundo que passa.

Aperta um botão verde que fica na lateral da mesa e, após alguns segundos, aparece um garçom com uma garrafa de vinho. Enquanto serve a bebida, leio no rótulo “Flor de Pingus. Ribera del Duero”. Cara, eu detesto vinho! E estou doida por uma Coca-Cola bem gelada. Alfonso pega a taça que o garçom serviu, chacoalha um pouco, aproxima do nariz e toma um pequeno gole.

— Excelente.

O garçom enche o restante da taça e depois dá a volta na mesa e me serve também. E agora? Como vou dizer que não quero isso? Instantes depois, ele se retira, nos deixando a sós.

— Prove o vinho, Anny. É maravilhoso.

Pego a taça e faço cara de séria. Mas, quando vou levá-la à minha boca, sinto a mão dele sobre a minha.

— O que houve? — ele pergunta.

— Nada.

Alfonso inclina a cabeça.

— Any, eu te conheço pouco, mas já estou vendo as brotoejas aparecendo no seu pescoço — diz, surpreendendo-me. — Você mesma me falou sobre isso. O que aconteceu?

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