Capitulo 3

163 11 8
                                    

Logo as luzes se acendem, o elevador retoma seu movimento e todos nós aplaudimos.

E eu sou a primeira!

Movida pela curiosidade, volto a olhar para o desconhecido que se preocupou comigo e vejo que ele continua me observando. Uau, com as luzes acesas ele é ainda mais alto e mais sexy!

Quando o elevador chega ao térreo e as portas se abrem, Manuela e as moças da contabilidade saem como cavalos desenfreados entre gritinhos e gestos de histeria. Como me alegro por não ser assim. A verdade é que sou meio moleca. Meu pai me criou desse jeito. Porém, quando saio, me vejo diante da minha chefe.

— Alfonso, pelo amor de Deus! — eu a ouço dizer. — Quando desci para te encontrar e irmos almoçar, recebi sua mensagem avisando que você estava preso no elevador, eu quase morri! Que angústia! Você está bem?

— Estou ótimo — responde a voz do homem que falou comigo apenas uns momentos antes.

Na hora minha cabeça rebobina. Alfonso. Almoço. Chefe. Alfonso Herrera, o chefão, foi a ele que eu disse que sou como a menina de O exorcista e em quem enfiei um chiclete de morango na boca? Aí meu Deus, como não reconheci a voz? Fico vermelha como um tomate e me recuso a olhá-lo na cara.

Meu Deus! Como sou ridícula!

Tento escapar daqui o quanto antes, mas então sinto que alguém me segura pelo cotovelo.

— Obrigado pelo chiclete... senhorita?

— Anahí — responde minha chefe. — Ela é minha secretária.

Intrometida.

O agora identificado como senhor Alfonso Herrera faz que sim com a cabeça e, sem se importar com a expressão no rosto da minha chefe, porque não olha para ela mas para mim, diz:

— Então é a senhorita Anahí Portilla, certo?

— Sim — respondo como uma boba. Como meu nome fica sensual na sua voz!! Aposto que pareço uma idiota o olhando agora.

Minha chefe, que fica entediada quando não é a protagonista do momento, o agarra possessivamente pelo braço, puxando-o.

— Que tal irmos almoçar, Alfonso? Já está super tarde!

Como é uma mala, odeio essa criatura!!

Sentindo que eles vão embora, levanto a cabeça e sorrio. Instantes depois, aquele homem incrível de olhos incrivelmente verdes, se afasta, embora, antes de passar pela porta, se vire e me olhe. Quando por fim desaparece, suspiro e penso: “Por que não fiquei quietinha no elevador?”

···

Na manhã seguinte, quando chego ao escritório, a primeira pessoa que encontro ao entrar na cafeteria é o senhor Herrera. Mas o que ele tá fazendo aqui? Noto que ele ergue o olhar e me observa, mas eu me faço de sonsa. Não estou a fim de cumprimentá-lo.

Agora já sei quem ele é, e sempre acreditei que os chefões, quanto mais longe estiverem, melhor. Sem-vergonha, safado... esse homem me deixa nervosa. Do seu lugar e escondido atrás de um jornal, intuo que está me observando, que está me estudando. Levanto os olhos e... não é que tenho razão? Bebo rapidamente o café e vou embora. Preciso trabalhar.

Durante o dia volto a esbarrar com ele em vários lugares. Mas, quando assume a antiga sala de seu pai, que fica bem em frente à minha e ligada pelo arquivo à da minha chefe, quero morrer! Em nenhum momento se dirige a mim, mas posso sentir seu olhar onde quer que eu esteja. Tento me esconder atrás da tela do computador, mas é impossível, ele sempre arruma um jeito de cruzar o olhar com o meu, mas que droga!!

Quando saio do escritório, vou direto para a academia. Uma aula de Yoga e um tempinho na jacuzzi me tiram todo o estresse acumulado, e chego em casa super relaxada, pronta pra dormir.

Nos dias seguintes, mais do mesmo. O senhor Herrera, esse chefão gato com quem comecei a sonhar e que o escritório inteiro venera e puxa o saco, aparece por todos os lados aonde quer que eu vá, e isso está me deixando agoniada.

É um cara sério, antipático, e se limita a sorrir. Mas percebo que me procura com o olhar, e isso me desconcerta.

......

Os dias vão passando e, finalmente, uma manhã a gente se esbarra e troca sorrisinhos. Mas o que estou fazendo? Nesse dia ele fecha a porta de sua sala, e seu ângulo de visão é ainda melhor. Consegue me ter totalmente sob controle. Que agonia, meu Deus!

Como se não bastasse, a cada dia que cruzo com ele na cafeteria, ele me observa... me observa... e me observa. Se bem que, quando me vê com Miguel ou os outros caras, vai embora depressa. Que coisa!

Peca-me o que quiser Onde histórias criam vida. Descubra agora