Capitulo 8

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Com o coração a mil, pego a taça de vinho e bebo tudo de um gole só. Estou sedenta quando o ouço dizer:

— Fique calma. Eles não podem nos ver. Mas se deixam ser observados - explicou - A luz laranja permite ver, e a luz verde convida a participar. Você gostaria?

— De quê?

— De participar.

— Não — balbucio, supernervosa.

— Por quê?

Meu coração quase sai pela boca, e tudo o que consigo responder é:

— Eu... Eu não faço coisas desse tipo.

Ele franze as sobrancelhas e pergunta:

— Você é virgem?

— Nãããããooo! — respondo com extrema efusividade. — Mas eu...

— Tá bom. Entendo. Você faz sexo tradicional, né?

Como uma idiota, balanço a cabeça afirmativamente e ele segura meu queixo para que eu veja o trio, que continua com sua brincadeira voluptuosa.

— Eles também fazem sexo tradicional — acrescenta. — Mas às vezes brincam e experimentam algo diferente. É sério que isso não te atrai?

Sem conseguir tirar os olhos, eu os observo e um gemido acaba saindo instintivamente de dentro de mim quando vejo o tesão daquela mulher. Estou excitada.

— Não... eu... — respondo.

— Te incomoda falar de sexo?

Eu o encaro surpresa. Aonde ele quer chegar com essa pergunta?

— Seus olhos mostram que está nervosa, mas sua boca denuncia seu desejo — insiste — Você não pode negar que o que está vendo te deixa excitada e muito, certo?

Não respondo. Me recuso. E ele, no controle da situação, murmura perto do meu ouvido:

— Você se sairia muito bem. Muito bem,eu iria te proporcionar todo o prazer que você quisesse. É só me pedir e eu te darei.

Como uma boba, faço que sim. Nunca pude imaginar algo assim na minha vida. Não sei para onde olhar. Estou tão excitada que sinto até vergonha de admitir. O lugar, o momento e o homem que está a meu lado não me deixam continuar pensando.

— Nessas salinhas privativas, quem quiser pode assistir a uma cena deliciosa e algo mais. Apenas um seleto grupo de pessoas pode entrar aqui. E, se depois de assistir à cena você quiser participar, é só apertar esse botão e os vidros desaparecerão - diz ele.

De repente fico histérica. Muito nervosa. Não quero nada do que ele está me oferecendo. Tento me levantar, mas Alfonso me segura. Não permite que eu me mexa, e com a respiração superacelerada, eu sussurro:

— Quero ir embora.

— Ainda são onze horas.

— Não importa... quero sair daqui.

— Por quê, Anny? — Ao ver que não respondo, acrescenta: — Pelo que eu me lembre, você disse que estava disposta a tudo.

— Não me referia a isto. Eu... eu não faço essas coisas.

Segurando-me com mais força, Alfonso me obriga a olhar para ele e, após cravar seus olhos claros em mim, murmura perto da minha boca:

— Você se surpreenderia se experimentasse.

— Alfonso, eu não...

— Anny, sexo é um jogo muito divertido. Só precisa ter coragem de experimentar.

Nego com a cabeça, desconcertada. Não quero experimentar. O sexo normal, que conheço, é mais que suficiente e me satisfaz. Após alguns segundos que me parecem uma eternidade, Alfonso aperta os botões, e os gemidos somem. Instantes depois, os vidros se tornam escuros e as cortinas se fecham.

— Obrigada — consigo balbuciar.

Me levanta de seu colo e me olha com expressão séria.

— Vamos, Anny. Vou te levar pra casa.

Meia hora mais tarde e após um estranho mas não incômodo silêncio, rompido apenas por sua conversa ao telefone com uma mulher, chegamos à minha rua. Ele desce do carro comigo e me acompanha. Sua atitude volta a ser fria e distante. Tomamos o elevador. Quando estamos diante da minha porta, quero convidá-lo a entrar, mas ele me interrompe:

— Foi um jantar muito agradável, senhorita Portilla. Obrigado por sua companhia.

Dito isso, beija minha mão e vai embora. Estou excitada e sem palavras às onze e meia da noite. Voltei a ser a senhorita Puente?

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