Capitulo 22

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O despertador toca. Olho a hora: sete e meia.

Estico o braço e o desligo. Espreguiço na cama e minha cabeça desperta rapidamente.

Olho à minha direita e vejo que Poncho não está. Minha mente recupera a consciência do

que aconteceu e eu me sento na cama quando ouço uma voz:

- Bom dia.

Olho na direção da porta e ali está ele, vestido. Vejo sua roupa e me surpreendo ao

perceber que o terno e a camisa que ele está usando não são os mesmos da véspera. Ele se dá conta e responde:

- Mandei Tomás trazer essa roupa hoje cedo.

- E a dor de cabeça? Passou? - pergunto.

- Passou, sim, Annie. Obrigado por perguntar.

Respondo com um sorriso triste. Levanto da cama sem ter consciência da minha cara péssima, toda despenteada, cheia de remela e com o pijama do Taz.

Chego perto dele, fico na ponta dos pés e lhe dou um beijo na bochecha enquanto murmuro um ainda sonolento "bom dia".

Vou à cozinha para dar o remédio de Trampo, até que vejo suas coisas em cima da bancada.

Paro de repente e sinto Poncho atrás de mim. Nem me deixa pensar. Me segura pela cintura e me vira.

- Já para o chuveiro! - ordena.

Quando saio do banheiro e entro no quarto para me vestir, Poncho não está mais ali.

Então me apresso a pegar uma calcinha e um sutiã da gaveta e os coloco. Depois abro o armário e me visto.

Quando já estou vestida e apresentável, vou para a sala e o vejo lendo o jornal.

- Tem café fresco - diz ao olhar para mim. - Come alguma coisa.

Ele dobra o jornal, se levanta, vem beijar o alto da minha cabeça.

- Hoje você vai me acompanhar a Guadalajara. Tenho que visitar as sucursais de lá. Não se preocupe com nada, no escritório já estão todos avisados.

Concordo com um gesto, sem ânimo para falar ou contestar. Tomo o café e, quando deixo a xícara na pia, sinto que Poncho se aproxima por trás, mas desta vez não encosta em mim.

- Está melhor? - me pergunta.

Faço um gesto afirmativo, sem olhar para ele. Estou com vontade de chorar de novo, mas respiro fundo e consigo controlar o impulso.

- Annie, sem querer contestar ou te deixar ainda mais triste, por que o nome dele era Trampo? Não é um nome meio.... estranho?

Um sorrisinho triste, brota dos meus lábios ao lembrar de quando vi Trampo pela primeira vez, ele era um gatinho de rua, estava todo sujinho, se eu não tivesse lavado, diria que ele era cinza, não amarelo.

- Eu estava em busca do meu primeiro emprego logo quando me mudei pra cá. Eu estava passando em uma rua quando escutei um miado, bem baixinho, entrei em um pequeno beco, e por trás de uma lata de lixo, tinha um gatinho, um pouco maior que um filhote, todo fraquinho, com frio - fiz uma pequena pausa, engolindo o bolo que estava na minha garganta - eu tive tanta pena, então decide trazê-lo. Não me importei com as roupas que eu tava usando, eu só peguei ele no colo e trouxe pra casa, depois de um tempinho, eu ainda o chamava de gatinho, mas conversando com a minha irmã, contei a ela como o encontrei e ela disse " Que sorte, você foi arrumar um trampo e achou um gato ", foi aí que eu tive a ideia, e eu acho que ele adorava o nome.

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