Sheilla Castro On
O vôlei sempre foi minha maior paixão, amo o vôlei. Minha vida sempre foi feita em função do vôlei, toda a minha dedicação foi voltada para o esporte.
Depois do Rio 2016, sabia que minha passagem na Seleção daria por finalizada, não apenas pela derrota, mas por mim. A sensação de já ter feito tudo que poderia e podia me preenchia, precisava passar o bastão para outra. Por isso, decidi investir em outra carreira, na verdade, a decisão foi tomada antes do Rio 2016.
Após aquele final triste, perder uma Olimpíada em casa, recebi uma proposta para ser treinadora de um time da Liga Italiana. Prontamente, aceitei, só não esperava ter tantos problemas.
Minha esposa não gostou dos meus planos de uma nova carreira e, muito menos, do fato de me mudar para a Europa.
- Se você, realmente, me ama irá comigo. - Falo secando minha lágrimas
- Pelo amor de deus, Sheilla! - Mari berra - Acha mesmo que vou deixar minha vida para pular nessa loucura com você!
Arregalei meus olhos diante das falas de Mari. Não esperava essa postura dela.
- Mari. - Sussurro - Não faça isso!
- Escolha! - Ela aponta o dedo para mim - Essa sua brincadeira ou eu!
Engoli a saliva que se formava na minha boca. Mari sempre foi meu amor, em 2008 nós conectados de uma forma que nunca tinha ocorrido na minha vida.
Nossa relação era baseada em, ela mandar e eu obedecer. Quase terminamos em 2012, devido ao seu corte. Porém, decidimos que uma Olimpíada não iria nos separar. Em 2016, não tive seu apoio depois da eliminação para a China. Passei dias deitada na cama, sem vontade de fazer nada e, Mari, apenas reclamava dos meus dramas.
- Mari! - Tento segurar a sua mão
- Escolhe. - Ela fala rude
- Acabou, Mari. - Digo secando minha bochecha - Escolho a Itália.
Mari levanta a mão para mim, mas segundos depois abaixa.
- Vai embora, Sheilla. - Mari grita - A última coisa que você terá de mim, será esse divórcio.
E, de fato, Mari não me deu o divórcio. Então, simplesmente, tirei a aliança e me dei por solteira. Passei 3 anos na Itália, até meu clube do coração me oferecer uma proposta: Estaria de volta ao Minas, só que dessa vez, como treinadora.
- A treinadora gostosa chegou. - Thaisa pula em mim - Aí amiga, estou tão feliz de ter você aqui, novamente.
Como disse, o vôlei sempre foi minha vida e com isso fiz grandes amizades, talvez, a principal foi a Thaisa. Durante todos esse años que fique fora, Thaisa sempre ia me visitar. Isto porque, sempre evitei de vir ao Brasil, toda vez que vinha, tinha um desgaste emocional com Mari. Ela não me dava o divórcio e tentava fazer de tudo para piorar a situação.
- O time está perfeito, vamos ganhar tudo chefinha. - Thaisa comenta prendendo o seu cabelo
- Vou assistir o jogo de hoje a noite, quero ver todas em ação. - Observo a preparação de Thaisa
O anúncio da minha chegada seria feito em 3 dias e, hoje, o Minas jogaria contra o Praia. O clássico mineiro.
Fiquei da arquibancada assistindo o jogo, Thaisa como sempre era o paredão. Mas, uma ponteira em especial me chamou a atenção. Como ela tinha crescido, a última vez que tinha visto, foi em 2016. Observei seu jogo, foi uma peça fundamental para a vitória do Minas.
- Quando a Gabriela cresceu tanto? - Pergunto a Thaisa olhando para Gabriela conversando com outras jogadoras
- Uma coisa não mudou, a adoração dela por você. - Thaisa da de ombros
Ri dos comentários de Thaisa. Em 2016, Gabriela sempre estava por perto de mim, tentando sugar o máximo de coisas de mim. Por breves momentos, meu olhar bateu com o dela. Gabi apenas me deu um leve sorriso e um acena com a mão, retribui.
(...)
Meu primeiro treino como treinadora do Minas, estava nervosa. Como jogadora, sempre tive respeito e admiração de todos. Contudo, não sabia que se teria tais como treinadora.
Entro na quadra e vejo as meninas conversando animadamente, algumas notaram a minha presença e o silêncio se fez presente em quadra.
Tentei me lembrar de quando era jogadora, o que gostava de ouvir de meus treinadores.- Bom dia meninas. - Sorri simpática - Quero dizer que tenho um excelente time em mãos, estou confiante para ganhar todos os campeonatos que formos disputar.
- Como fantásticas, já sabemos. - Thaisa revira os olhos - E como uma treinadora dessas.
Fui abraçando cada jogadora, recebendo os parabéns delas.
- Parabéns, Sheilla Castro. - Gabriela me abraça
- Obrigada, Gabriela. - Dou um beijo em sua bochecha - Você cresceu.
- Obrigada! - Gabriela fica com as bochechas vermelhas - Você continua a mesma, só que mais bonita!
O seu elogio levantou minha auto estima, desde que terminei com Mari, não tive um relacionamento sério.
Pedi para as meninas iniciarem um alongamento, as vezes olhava para Gabriela. Ela tinha crescido, ganhado corpo. Estava diferente da menina que conheci nas Olimpiadas. Continuei com o treino, agora com bola. O time estava ajustado, tive apenas que fazer algumas modificações básicas.
- Podíamos sair. - Thaisa sugere bebendo café - Comemorar a chegada da Sheillinha!
Ia protestar alegando que hoje era segunda e, tínhamos jogo na quinta, mas todas as meninas concordaram.
Thaisa escolheu um barzinho para a reunião com o time, percebi que isso foi bom, precisava conhecer um pouco mais sobre as meninas. Queria ser próxima a elas e quem sabe até uma amiga.
Gabriela estava sentada na minha frente, a olhava sempre. Os cabelos estavam voltando a ficar cacheados, toda vez que ela estava com a cabeça virada para o lado, conversando com Pri, podia ver sua maxila. Pode parecer estranho, mas aquilo me atraia.
- Para de encarar! - Thaisa me dá um beslicão - Vão notar.
- Quando ela virou essa mulher? - Pergunto em sussurros
- Investe amiga, do jeito que ela te admira. - Thaisa deixa no ar
- Amiga. - Leia me chama olhando por cima do meu ombro - Acho que você vai te problemas.
Olha na direção que a líbero olhava, não podia ser possível.
- Ela deve tá me seguindo. - Falo com raiva
Ela caminhava na minha direção com um sorriso presunçoso.
- Oi Sheilla!. - Mari coloca a mão no meu ombro
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Heaven is you, fire on fire
FanfictionSheilla Castro, bicampeã olímpica, estava pronta para iniciar um novo ciclo em sua vida após 2016. Depois de anos fora, Sheilla estava de volta as quadras brasileiras, dessa vez, como treinadora. O passado da bicampeã olímpica voltará para se mesc...