Capítulo 6

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Jogo do Minas tá atrasado, então decidi postar logo para os meus ansiosos de plantão.

Sheilla Castro On

O beijo da Mari me fez viajar para quando era jovem, apaixonada descobrindo o amor. Mari era tão amável e apaixonante na época, me fazia delirar com palavras apenas. Mari só tinha isso, palavras.

Quando sinto sua língua entrando na minha boca, o choque de realidade toma conta. Mordo sua língua com força, fazendo Mari se afastar bruscamente de mim.

- Por que fez isso? - Ela me questiona

Sua língua estava sangrando.

-Nunca mais faça isso sem a minha permissão. - Começo a juntar as minhas coisas

- Você estava gostado. - Ela me agarra novamente - Você sempre gosta!

Empurro Mari com força, a loira caiu no chão.

- Da próxima vez que fizer isso, farei pior do que apena te empurrar e morder. - Saio do local deixando Mari caída no chão

No meio do caminho, encontro uma Thaisa com braços cruzados me olhando furiosamente.

- Estava beijando a Mari. - Thaisa berra comigo - Sheilla,não acredito!

- O que? Não! Foi ela que me atacou. - Falo passando a mão nos cabelos - Foi ela, estava arrumando minhas e

- Corre atrás da Gabi, ela viu! - Thaisa me interrompe - Ela foi pra casa

Saio correndo em direção ao estacionamento, ignorando os berros de Thaisa me chamando. Entro no carro dando partida até a casa de Gabriela, tentava pensar no que falaria para ela.

Não tinha mais cara para pedir desculpas a ela. A justificativa que tenho uma ex maluca, não colava mais e não sabia até quando ela iria me perdoar por todas as situações causadas por Mari.

Respirei fundo batendo na porta de sua casa, o porteiro do condomínio estava mais ocupado assistindo a algum jogo de futebol do que se preocupando com quem e sai do local.

Demorou alguns minutos, até que Gabriela abriu a porta. Ela estava usando apenas uma bermuda colocada em seu corpo e um top, amas as peças da Nike. Me questiono, ela só tem coisas da Nike em seu guarda roupa.

- Oi. - Reuni a coragem que tinha em mim

Preferia jogar outro jogo contra Gamova e Sokolova do que passar por essa situação.

- O aconteceu com a sua boca? - Ela pergunta preocupada

- O que?

- Você está sangrando. - Ela me informa

Passo a mão pela boca, meus dedos ficaram sujos de sangue. Reviro os olhos, acho que mordi Mari com muita força e o sangue dela ficou em mim.

- Não é meu! - Falo

- Entra. - Ela me da espaço

Gabriela sumiu por um corredor, me sentei no sofá olhando as coisas em volta. Era uma sala de estar que denunciava as reuniões de família que deveriam ocorrer ali, com vários retratos de Gabriela com sua família.

Sinto alguma coisa no meu pé. Um pequeno filhote branco me cheirava.

-Hey, amiguinho. - Faço um carinho em sua cabeça

- Nadal! - Gabriela o chama em tom de censura - Nem todos gostam de cachorro.

- Eu gosto. - Digo tirando a minha atenção do filhote - Oi Nadal!

Gabriela me entrega um pedaço de algodão úmido, passo em meus lábios limpando o sangue de Mari. Nadal saiu correndo pelo corredor e Gabi sentou-se na poltrona em minha frente.

- Não sei o que você viu. - Tento arrumar uma forma de começar - Mas foi a Mari que começou.

Gabriela nada diz, segue me olhando.

- Eu sei que é complicado, beirando a insuportável. Mas, a única coisa que quero da Mari é o divórcio. Ela não me da, as coisas são difíceis porque temos bens juntas. - Começo a falar sem freio - Ja pensei em dar a ela tudo que ela quer, mas mesmo assim ela não assina os papéis.

- Sheilla, respira! - Gabriela ri levemente - Vi tudo, sei o que ela fez. Mas, entenda, não foi muito legal presenciar aquilo.

Fico aliviada pela fala de Gabriela. Ela era tão jovem, mas tinha uma maturidade e calma e não tinha na idade dela.

Segundo a mesma, ela estava sozinha. Não queria encontrar com ninguém da família dela estando naquele estado. Trocamos mais algumas palavras e fui embora.

Assim que coloquei os pés em meu apartamento, liguei para o meu advogado pedindo urgência nos papéis do divórcio. A todo custo, tentava evitar uma guerra em um tribunal, mas agora iria para as últimas consequências.

Já que o treino foi na parte da manhã, teria a tarde inteira livre. Meu momento preguiça foi interrompido por batidas na porta.

- Pediram para te entregar isso. - O porteiro me entregou uma carta

Agradeci abrindo o envelope, aquele selo muito conhecido muito por mim. Estava sendo convocada para comparecer na CBV no Rio de Janeiro na próxima semana.

Essa carta me deixou tensa, há anos não comparecia as reuniões da CBV e, porque justo agora eles estavam me chamando.

   (....)

Keila estava me esperando na entrada do clube com um sorriso enorme no rosto. Parecia está soltando fogos. Assim que desci do carro, ela veio correndo até mim.

- Conseguimos. - Ela aperta a minha mão com força - Ela chegou ontem a noite de viagem.

- Por que não me disse antes? - Questiono

- Queria fazer uma surpresa. - Keila me puxa para dentro do Minas - Ela estará aqui no treino.

Meu dia acaba de ficar melhor, Mari não seria mais a oposta do Minas. Ainda era cedo para começar o treino, mas o time praticamente inteiro já estava presente na quadra.

- Sábado ainda está de pé? - Gabriela pergunta

Estava na mesa de iogurtes escolhendo um, ela se aproximou fingindo fazer o mesmo. Sabia que Mari deveria estar nos olhando.

- Claro. - Falo convicta - Precisa de biquíni?

- Precisa. Vamos passar o dia fora! - Gabriela sorrir para mim

Sinto que tudo estava começando ali. Com aquele sorriso, aquele maldito sorriso!

Esperei mais um pouco, até Keila chegar, para ser mais sincera poderia dá pulos de alegria com a novidade.

- Temos mais uma jogadora para fechar o grupo para essa temporada. - Keila anuncia - Indicada pela nossa treinadora, jogou na Liga Italiana e foi um dos destaques.

Mari me encara com raiva, não consegui evitar de um sorrisinho em sua direção.

- O nome dela é Rosamaria!

Rosa entrou na quadra sobre os berros eufóricos de Gattaz. A mais velha foi correndo até a oposta e abraçou, as duas quase caíram.

- Vejo que já se conhecem. - Keila comenta risonha

- Conheço essa menina há anos. - Gattaz continua abraçada em Rosa

Me dediquei quase, integralmente, a Rosa no treino de hoje. Precisava que aquela menina desse resultado, não podia ter Mari no meu time. Rosa é alta, tem um braço forte e muita garra em quadra.

Sabia que ela daria certo, era apenas uma questão de tempo e trabalho.

- Você venceu a guerra, mas não batalha. - Mari segura meu braço no estacionamento

Estava indo embora, quando a loira me surpreendeu.

- Se prepare para uma batalha nos tribunais, Sheilla Steinbrecher.

Revirei os olhos ao ouvir esse sobrenome que faço questão de me livrar em breve.

Heaven is you, fire on fireOnde histórias criam vida. Descubra agora