~ Capítulo 57~

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Abro os meus olhos devagar, mesmo com minha visão embaçada vou escutando vozes no qual não consigo compreender, são tantas vozes misturadas, tantas luzes a minha visão, tantas silhuetas....

O intrigante era que eu não escutava mais os pássaros da manhã, nem a ventania que a floresta emitia...apenas vozes, passos apressados, sons de sapatos, risos, conversas alheias.

O que está acontecendo?

Aonde eu estou desta vez?

"Kai! Não me diga que está dormindo..."

Esta voz é reconhecível e muito familiar para mim...

Kai: Celeste? - Minha visão ainda estava embaçada, não conseguia ver o seu rosto, não conseguia ver nada em minha volta, isto é até que desesperador. - Celeste, é você? - Não obtive respostas, apenas via aquela silhueta em minha frente, parada, enquanto outras se esbarravam com aquilo...comecei a sentir um arrepio na minha barriga. - Aonde eu estou? Aonde está S/n?

"S/n?...ela não precisa de você. "

Kai: O que? - Minha respiração estava começando a ficar pesada, tento coçar meus olhos para ver se minha visão finalmente volta, porém nada!

"S/n....se preocupa logo com ela? "

Kai: Quem é você? O que fez com a S/n? O que fez com a verdadeira Celeste? - Senti então meu coração bater mais rápido, eu ficava tentando puxar o meu ar, tanto pelo nariz quanto pela boca...só que meu ar estava acabando. Eu não conseguia falar, não conseguia respirar direito, eu não conseguia...

"Você só está sentindo um por cento do que elas sentiram..."



Abro meus olhos espantados, acordando em um susto. Vou olhando para todos os lados para conferir aonde eu estava desta vez, vi então que estava ainda na oca junto com os meninos. Com meu peito a subir e descer, vou me sentando na rede, logo assim passando a minha mão na minha testa, sentindo que eu estava suando frio...

Peguei então aqueles lençóis e passei em minha testa para poder enxugar um pouco e na tentativa de controlar minha respiração, tentei pensar em outra coisa que não fosse este pesadelo horrível que tive. Então escutei alguém se remexendo na rede ao meu lado, vi então que era Luis, ele contraia sua testa como se também estivesse tendo um pesadelo. Logo assim ele abraça o Mateus que estava ao seu lado...sim, eles dois haviam dormindo na mesma rede ontem à noite.

Fiquei de pé e logo fui caminhando em direção ao mesmo.

"Mãe..."

Luis gemeu baixo, ele estava chamando pela nossa mãe? Inspiro fundo e logo vou soltando meu ar lentamente.

Como me sinto tão culpado por estarmos nestas condições, me sinto tão culpado por não poder proteger a S/n de qualquer coisa que ela esteja passando, a culpa é tão...horrível de sentir, é como se ela te consumisse por dentro e você fica sem rumo, seu mundo fica sem cor, você não tem mais noção do que pode ser realidade...apenas a culpa faz sentido e te assombra por muito tempo.

"Com licença? "

Vou virando meu olhar para a porta de entrada da oca, vejo então uma daquelas mulheres que ficam de guarda por aí. É reconhecível pela postura e conduta que dá para ver em sua face. Ela segurava em sua mão esquerda, uma lança que parecia estar bem afiada, enquanto na sua mão direita estava uma vasilha de palha com frutas variadas dentro.

Desconhecida: Trouxe alimento, coma e depois se prepare para o treinamento!

Luis: Treinamento? - Viro meu olhar, com minhas sobrancelhas arqueadas para o Luis que havia acabado de acordar. - Que treinamento? - Ele me encara confuso, mesmo que sua face estivesse cansada e um pouco amassada pelo sono que sentia. Ele não sabe que tenho que lutar pela mão de uma pessoa que nem gosto.

ATRAVÉS DA ESPERANÇA - Kai Jong-inOnde histórias criam vida. Descubra agora