~ Capítulo 21 ~

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Andando às cegas, no meio daquela escuridão, apenas escutando aquela água corrente que vivia ao nosso lado, estávamos em uma caverna. Claro que as vezes víamos uns feixes de luz ali e aqui, porém....

- Quem é você? – A voz daquele garoto ecoava pela caverna, como se fosse um cântico entre as paredes. Não o respondi…pois quem o há de responder, eram os cantos dos pássaros e as águas contra as pedras em seu caminho. – Tô falando com você! – Ainda o segurava para ir mais fundo em meio daquela caverna, se este pequeno riacho passa por aqui, quer dizer que esta caverna tem uma outra saída, apenas temos que o seguir...seguir este som...- Para onde estamos indo? – Sinto ele soltando da minha mão, me viro para o repreende-lo com o olhar só que...parando agora...cada detalhe de seus rotos, a cor de seus olhos...seu maxilar…este é.…um monumento que estou a admirar? – Estou falando com você, por acaso consegue me escutar? – Eu não quero lhe responder, pois não quero criar um vínculo com você...sei que meu coração estar a acelerar agora a te observar, mas...- Espera...já sei! – Ele começa a se comunicar em linguagens de sinais comigo.

“Porque aquelas pessoas estavam a perseguir você? ”

Entendia, pois, somos obrigados a aprender isto por conta de uma moradora da tribo.


“ Eles querem que me levar de volta para a minha tribo” O respondi.


- Tribo...- Fingir que não sabe falar, mentir para um ser.…é o mesmo que mentir para si mesmo.

“ Como se chama? ”


Temos que continuar andando. Logo eles vão vir verificar aqui! ”


“ Eu me chamo Kai, como se chama? ”
Reviro meu olhar, que garoto insistente.


Jeyse. ”


“Jeyse, não posso continuar com você. Eu estou fora do meu caminho. Preciso voltar!”


Você está bem machucado, precisa de ajuda? ”


“Nosso avião caiu um pouco longe daqui, na sua tribo tem alguma espécie de rádio de comunicação? Precisamos falar com algumas pessoas. ”


Não. Temos apenas algumas coisas para iluminação da noite e ventiladores. Porém nada para termos comunicação com os outros. ”


“Preciso que você me ajude. Você conhece esta floresta? ”


Sim...” Menti...era a minha primeira vez sozinha, então não conheço muito...


“Você sabe de algum lugar onde podemos nos comunicar? ”


Não...”


-Droga...- retrucou ele, soltando assim um suspiro, enquanto colocava suas mãos em sua cintura. Com minhas mãos, vou me agachando, direcionando minhas mãos ao riacho. Curvo meus dedos em um formato de uma concha, assim as enchendo levemente...- O que você está fazendo? – Vou aproximando minhas mãos em direção ao rosto dele, o mesmo hesita um pouco, dando um passo para trás, mas continuo a me aproximar...logo vou escorrendo levemente aquela água pela ferida do mesmo…Kai, se este era seu nome...apenas me observava. Quando a água acabou, dei um passo para trás estando vergonhada com aquele momento. O clima não era tão agradável, meu coração acelerava e errada as batidas, apenas com o olhar dele sobre mim.

“Porque fez isto? ”


Você estava machucado...”


“Jeyse...não é? ”


Sim...”


“Sabe como curar uma ferida de uma perna deslocada? ”


“Não sou eu que cuido destas coisas, quem entende mais é meu pai...estou vendo que você tá carregando para lá e para cá este pedaço de madeira!


“É para meu irmão, é tipo uma espécie de muleta improvisada. Afinal, na floresta tem que improvisar, né? ” Nós dois rimos.


Sim! Mas é bem mais fácil que imagina. ”


“Sua tribo não pode nos ajudar? ”


Se você for a minha tribo, matarão você! Não vá! ”  Ele me encara com um olhar surpreso.

“Você pode vir comigo para onde estamos se quiser, provavelmente será um bom esconderijo.”

“Prefiro continuar sozinha. Porém...obrigada.”

“Tem certeza? Esta mata é perigosa...”

Vá! Seu irmão precisa de você, quem sabe não nos encontremos por ai?” Ele dá um sorriso lateral, no qual eu correspondo.

-Tchau Jeyse. – Percebi que o mesmo fez questão de articular bem as suas palavras, logo assim virando suas costas e saindo andando para fora daquela caverna...eu o observava, o observava ir enquanto o admirava de corpo inteiro...será que estou...não...não pode ser...

ATRAVÉS DA ESPERANÇA - Kai Jong-inOnde histórias criam vida. Descubra agora