~ Capítulo 16 ~

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Chegando na frente da tão esperada oca de meu tuba, ou como todos da tribo o chamam...pajé! Pajé é uma palavra de origem tupi-guarani utilizada para denominar a figura do conselheiro, curandeiro, feiticeiro e intermediário espiritual de uma comunidade indígena.

Sim sou filha de pajé, então tecnicamente sou uma espécie de princesa. Depois que meu tuba se for, assumirei o comando do cocar.  

Mayura e minha araya. Não podiam me acompanhar, era o rito que no qual apenas eu poderia estar presente. No qual ele me abençoaria com as frutas sagradas, junto beberei a água bendita. Assim estando liberada das mãos de tuba.

- Boa sorte Jeyse! - Falou araya para mim, apertando bem as minhas mãos contra as delas. Beijo as mãos da mesma em forma de respeito. 

- Obrigada! Não vejo a hora...- dou um sorriso enquanto sinto escorrer uma lágrima pela minha bochecha, era muita emoção para um único momento! Uma única ocasião!


- Vamos explorar a floresta juntas ainda hoje? - Pergutou Mayura! Viro meu olhar para ela...

Desculpe Mayura! Não é que eu esteja me desfazendo se sua boa vontade, mas é que...prefiro ir sozinha!


- Tudo bem! - Ela sorri, araya logo solta minhas mãos. Me deixando assim livre de seus cuidados!

- Que Tupã-cinunga lhe proteja nesta jornada querida Jeyse! – Araya fala com um sorriso.

- O mesmo para ti araya! - Com esta última frase, vou me virando de costas para elas...dando passos, um pouco apressados, para dentro daquela oca!

Quando entro vejo, que como sempre..., a iluminação não era das melhores. Tuba não gostava muito de colocar as tais luzes modernas em sua oca! Falava que isso iria quebrar a santidade e espiritualidade do ambiente! Assim vejo também aquele cocar feito de penas bonitas e grandes. O cocar do chefe é feito de penas recebidas por boas ações para a sua comunidade e é usado em grande honra. Cada pena representaria uma boa ação. O cocar de guerra do guerreiro, assim como o capacete romano, era usado pelos guerreiros para proteção durante a batalha.

- Chegou cedo aiyra- significa filha. – Vou me sentando de joelhos, ele estava de costas, enquanto lavava aquelas frutinhas pequeninas e benditas!

- Eu estava ansiosa para o rito, perdão tuba! - Estava com um sorriso de orelha a orelha.


- O rito será apenas realizado com uma condição.

- Condição? Não me lembro de nenhuma regra que continha condição...- ele se vira de frente para mim


- Convidei a família de Mayura para fazermos um laço de paz entre eles. Porém o irmão mais velho de Mayura parece estar interessado em você, eles pedirão em troca um casamento de paz.

- O que? Casamento de paz? Com o Lionu? Tuba! Você não pode aceitar isto! Ainda sou muito nova para me casar, não quero me prender a homem algum. Meu desejo é conhecer mundo a fora!


- Eu sei aiyra, eu sei..., mas este é o único jeito de nós sermos uma única família.

- Mas Tuba! Eu- Minha fala é interrompida.


- Hoje não sou seu tuba e sim seu pajé! Se casará com ele por bem da tribo! Entendeu Jeyse?

ATRAVÉS DA ESPERANÇA - Kai Jong-inOnde histórias criam vida. Descubra agora