ATRAVÉS DA ESPERANÇA - Kai Jong-in

~Capítulo 59~

Luis: Que treinamento é esse Kai? – Eu abaixo minha cabeça, logo assim vou olhando de canto para aquela mulher.

Kai: Pode me dar um minuto? – Sussurrei um pouco baixo.

Desconhecida: Nada além de um minuto! – Ela então vai se virando e com sua coluna ereta, nariz empinado, vai logo saindo andando para fora da oca, deixando eu e Luis sozinhos.

Luis: Tem alguma coisa que você não me contou? – O mesmo vai se sentando na rede – Novamente escondendo coisas Kai? Você sabe onde a sua mentira levou a gente! Tudo isso que está acontecendo é sua culpa- o interrompo.

Kai: Não! Não é isso! Eu não estou escondendo coisas.

Luis: Então é o que? – Ele me encarava sério, eu tenho a coragem de levantar a minha cabeça e encara-lo de volta. Mesmo que ele fosse uma criança, entendia e compreendia muito bem as coisas em sua volta. – Fala! Então é o que KAI? – Ele levanta seu tom de voz, fazendo com que eu pisque e sentisse culpa...

Mateus: O que está acontecendo Luis? – Mateus vai acordando, logo coçando seus olhos e assim se sentando ao lado de Luis.

Luis: O Kai vai se justificar de mais uma coisa que ele tá escondendo da gente! Como sempre ele fazendo coisas sem a gente saber e no fim quem se ferra é eu e o Mateus.

Kai: “Eu” ter culpa de estarmos assim? Ter culpa? – Minha respiração estava ofegante, eu me segurava para não poder derramar uma lágrima, e bom...segurar o choro é algo terrível, um sentimento tão inconveniente e profundo...que...não consigo explicar bem. -Foi EU! EU QUE TE PROTEGI LUIS! – Levanto a minha voz, enquanto apontava com meu dedo indicador contra meu peito. – FOI EU QUE TE ABRACEI ENQUANTO O AVIÃO CAIA! – Aponto para fora da oca, ainda tentando segurar as minhas lágrimas, minha boca tremia enquanto falava, minha voz saia um pouco abafada pelo choro que eu estava a esconder. -  FOI EU QUE FUI ATRÁS DE COMIDA PARA SOBREVIVERMOS! - Aponto para os meninos- EU FIZ TANTAS COISAS E CONTINUO FAZENDO POR VOCÊS DOIS! – Mateus me encarava com um olhar de desacreditado, enquanto Luis apenas...abaixa sua cabeça, reconhecendo a besteira que falou. – Se você quer brincar, debochar, tudo bem! – Meus olhos estavam repletos de água, minhas lágrimas as vezes escapavam escorrendo assim pela minha bochecha. – Mas não coloque a culpa em mim! Entendeu? – Falei bem sério. Luis apenas acena que sim com a sua cabeça, percebi que o mesmo também queria chorar. Eu jamais tinha falado com ele daquela maneira, eu jamais havia aplicado uma “bronca” nele, eu jamais tinha agido desta forma…eu...

Mateus: A gente entende você. – Viro meu olhar para o Mateus. – Entendemos que você faz muitas coisas pela gente, desculpe se as vezes não conseguimos ser tão gratos assim por você. - Aquilo me deixou de com minha cara no chão, foi aí que percebi que por conta da raiva, por conta daquela mágoa que carregava dentro de mim, por conta de todo este peso que estou passando, acabei descontando em apenas...crianças...

Desconhecida: Ouh! – Nem me atrevo a olhar por conta de estar completamente imerso em meus pensamentos...- Acabou o tempo, venha conosco. - Encolhi meus ombros, e por poucos segundos ignorei aquele chamado daquela moça e fui abraçando o meu irmão, senti que o mesmo hesitou um pouco a me abraçar, mas logo foi retribuindo...- Vamos logo garoto, não temos o dia todo!