Capítulo 7

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- Isso não vai dar certo.

- Claro que vai! - disse Samuel, tentando me acalmar.

Eu estava nervosa. Muito nervosa para falar a verdade. Nem eu sabia onde estava meu juízo quando concordei em comparecer ao tal jantar. E pior... teria que mentir na maior cara de pau, fingindo ser a noiva de fachada de André, que por sua vez, precisava urgentemente fechar um contrato milionário.

Que confusão.

Talvez, eu estivesse cometendo a maior loucura da minha vida, mas tinha certeza que já era tarde demais para desistir.

- Essa roupa está pinicando - contei para Samuel. O vestido apertava minha cintura e com certeza, nunca tinha usado um par de saltos tão desconfortável.

- Manu! Você está linda, maravilhosa e sexy. Agora, desce logo desse carro!

- Para que tudo isso? É só um jantar - resmunguei chateada.

- Não é um simples jantar, meu bem. Você vai encontrar seu futuro marido aqui - ele debochou. - Agora, por favor, mova seu traseiro daqui e vá encontrar aquele deus grego. Eu preciso ir embora para cobrir um evento importante e já estou ficando com inveja de você.

Quase puxei o cabelo loiro e hidratado de Samuel, mas não fiz. Ele podia ser irritante às vezes, mas era um ótimo amigo e tinha me ajudado para caramba nos últimos dias.

- Até logo! - falei batendo a porta do carro prata de Samuel.

- Divirta-se - ele desejou, enquanto acelerava pela rua.

Eu tinha combinado hoje cedo com o André de nos encontramos em frente ao restaurante chique. Ele tinha insistido em ir me buscar na minha casa e ficou irritado quando recusei todas suas tentativas de me convencer sobre isso. Eu não queria arriscar, principalmente no meu bairro, onde a fofoca rolava solta.

Vasculhei as pessoas que passavam por perto e não consegui achar André, de jeito nenhum.

Esperei. Esperei. Esperei. Por muito tempo, tanto que fiquei exausta. Por isso, imaginei que ele havia desistido do nosso plano e resolveu não falar comigo, claramente acabando o acordo.

- Ele não vem - falei comigo mesma, retirando os sapatos e ficando descalça.

Senti uma pontada no peito. Seria decepção?

Bobagem.

Eu nem conhecia André direito, não poderia estar tão triste por causa dele. Eu não estava mesmo. De jeito nenhum. Nem ligava por minhas pernas ficarem doendo de tanto esperar em pé. Não dava a mínima se ele perdesse o investimento que tanto desejou para o seu projeto. Não sentia nada.

Comecei a andar sozinha pela calçada.

Liguei para casa, para me certificar de que estava tudo bem com tia Amália e informar que eu iria chegar ainda mais tarde em casa.

Teria que pegar um ônibus e andar mais dez minutos, até chegar ao meu bairro. Uma corrida de táxi seria bastante cara e o meu dinheiro já estava contado para as despesas do mês, não poderia gastar qualquer centavo.

Paralisei quando ouvi um fungado no outro lado da linha.

Minha tia estava chorando? Meu coração começou a martelar ferozmente dentro do peito, mas então ela falou:

- Ah! Manu. Essa novela está acabando comigo!

Soltei um longo suspiro aliviado.

- Que susto. É o último capítulo, né? - arrisquei.

- Quem dera. Mas essa menina só se ferra, Manuzinha! - bufou do outro lado. - Dá para acreditar que ela está morrendo de chorar na chuva por causa do cafajeste?

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora