Quando escureceu, voltamos para nosso quarto no hotel.
Eu sentia os grãos da areia grudados em cada poro da minha pele após passar o dia todo na praia. Meu corpo implorava por um banho quente e demorado. Por roupas macias e limpas, como também uma noite de sono agradável.
Corri até o banheiro assim que entrei no quarto.
Pude escutar a risada de André atrás da porta, por causa da minha entrada dramática e desesperada para tomar um banho. Ele também precisava se livrar de toda areia, por isso, eu sabia que não podia demorar muito tempo no chuveiro.
O espaço era enorme. Havia uma banheira, um chuveiro moderno, uma pia resistente e um grande espelho pendurado na parede. Até os azulejos do box eram sofisticados, tinham uma coloração clara e estavam distribuídos em formas geométricas.
Não perdi tempo, me livrei do biquíni e ajustei a temperatura da água na medida certa no chuveiro, deixaria a banheira para aproveitá-la em outra hora. Finalmente, comecei a limpar os grãos que tanto me incomodavam, esfregando cada parte do corpo até o deixar limpo, foi uma maravilha.
Depois de lavar, hidratar e enxaguar o meu cabelo, vesti o único roupão felpudo que encontrei no banheiro e saí pela porta aliviada.
- É sua vez André - anunciei.
Quando me viu, seus olhos verdes assumiram um brilho intenso. Quase selvagem. Eu não sabia se ficava lisonjeada por ser o alvo de tal admiração ou se corria e me enfiava debaixo dos cobertores.
Não. Melhor não.
Primeiro, eu precisava colocar umas roupas, era mais seguro dormir assim. Depois de tantas confissões entre nós, já não sabia direito qual o rumo tomava o relacionamento com meu namorado.
André limpou a garganta e desviou os olhos de mim, parecia meio envergonhado e sem jeito.
- Ótimo. Estou precisando de um banho mesmo - falou se dirigindo rapidamente até o banheiro.
Tive certeza que a porta bateu com mais força do que o necessário.
Aproveitei o momento para me jogar na cama de roupão mesmo, testando sua maciez. Era gostoso demais estar entre aqueles lençóis tão sedosos e confortáveis, agarrei um travesseiro e me senti nas nuvens.
Ser rico tinha suas vantagens.
Meu sorriso de deleite acabou quando, de repente, as luzes se apagaram. Um breu tomou conta do quarto, deixando-me cega por alguns segundos.
O que será que tinha acontecido para uma queda de energia tão inesperada ocorrer?
- Merda - a voz profunda de André surgiu no quarto.
Pulei da cama e tentei adaptar minha visão na escuridão.
O claro da lua ajudava um pouco, visto que, sua parca luz entrava no quarto pela janela, dando uma leve visão da silhueta dele.
- André? Você está bem?
- Não, preciso de uma toalha. Por acaso tem alguma nessas gavetas?
Sem conseguir enxergar direito, André bateu em alguma coisa fazendo um barulho alto.
- Merda - xingou.
Lentamente, abri uma gaveta a procura da toalha.
- Cadê você? - murmurei sem enxergar direito.
- Aqui.
Segui sua voz, erguendo as mãos para não esbarrar em nada e acabar me ferindo.
Meu coração errou uma batida quando segurei André pelos ombros, sua pele ainda estava molhada.
- Minha nossa, você está nu! - exclamei.
- Claro que estou. Eu estava tomando banho quando a luz acabou - respondeu.
Minha visão tinha sido afetada pela escuridão, mas os outros sentidos estavam funcionando muito bem. Eu sentia intensamente a respiração de André próxima ao meu rosto, o calor do seu corpo masculino e o barulho frenético e descompassado do meu coração por estar tão perto dele.
- Pega - falei, lhe entregando a toalha.
- Obrigado, digo, pela ajuda - disse ele com a voz rouca.
- De nada - falei quase sem fôlego, mas não me afastei dele. Eu não conseguia.
Lentamente, André chegou mais perto.
Sua testa encostou na minha e de repente seus lábios tocaram levemente os meus, roçando-os em provocação. O leve contato fez meu corpo se acender por inteiro, me deixando em alerta.
Eu não resisti quando sua boca preencheu a minha de maneira faminta e urgente. Ele usou seus lábios e língua de forma sensual, exploradora, intensa e isso estava me deixando cada vez mais louca. Mal dava para respirar direito, uma vez que, nenhum de nós dois queria parar a troca de beijos.
Enfiei os dedos em seu cabelo curto, tentando desesperadamente me agarrar em algo. Ele continuou beijando minha boca, depois desceu para o meu pescoço e um pouco mais, até alcançar o decote do roupão de banho que eu estava vestindo. Ele depositou um beijo leve bem ali.
- Manuela - sua voz vacilou, enquanto beijava a minha pele.
Senti na palma das mãos o coração dele bater freneticamente. Havia muitas emoções se passando entre nós, mas o seu desejo era o mais evidente.
- Manuela - repetiu, pedindo permissão.
- Eu sei. Eu quero - falei decidida.
Sem esperar um segundo a mais, André levantou-me nos seus braços e colocou-me sob a cama.
Ele segurou meu rosto e depositou mais um beijo nos meus lábios, ao mesmo tempo que se livrava do roupão. A peça foi parar longe, caída em algum lugar no quarto, talvez amanhã tivesse a sorte de recuperá-la.
Suas mãos percorreram o meu corpo avidamente, incendiando ainda mais meus sentidos e os meus pensamentos. Seus beijos se tornaram ardentes, deixando um rastro de fogo por onde passavam. Juro que estava enlouquecendo a cada mordida ou lambida que me dava.
- André - gemi embaixo dele. Ao mesmo tempo que enrosquei as pernas em sua cintura, encostando na sua pelve, procurando.
- Eu sei - disse ele ofegante.
Num movimento, ouvi o barulho de embalagem sendo rasgada e senti o peso do seu corpo contra mim. Nossos corpos se tocavam livremente, e de repente, nos tornamos um só.
André não parava de me olhar quando começou a fazer movimentos leves e ritmados. Enquanto eu agarrava-o com firmeza, sentindo seu toque, seu cheiro seus lábios e o seu calor. Me senti completa com ele, jamais tinha experimentado algo tão forte, tão grandioso quanto naquela noite.
Cada parte do meu corpo e da minha alma se transformava enquanto ele me tocava, me possuía, me amava. Agarrei-me em seus ombros, acelerando o ritmo e ele correspondeu na mesma intensidade.
- Manuela... - sussurrava vez ou outra na minha pele.
Meus sentimentos por ele eram muito fortes, não havia mais como negar. Eu estava perdidamente apaixonada por André.
Um turbilhão de sensações nos atingiu e eu senti como se tivesse explodindo. Segundos depois, senti o rosto de André enterrado no meu pescoço e sua respiração pesada em meus cabelos.
O momento tinha sido real e mágico.
- André? - disse um pouco nervosa, após uns minutos.
- Sim?
- Eu acho que quebrei a regra de número três - confessei.
Ele riu, sacudindo meu corpo levemente.
- Bem... - levantou a cabeça para me olhar nos olhos. - Isso é ótimo. Assim, acabamos de vez com aquela lista de regras ridículas.
- Mas... - tentei dizer, mas ele selou meus lábios.
Ele sorriu para mim, e depois de alguns segundos seu rosto ficou sério. Perdi o fôlego e senti meu coração disparar, eu sabia o que viria em seguida.
- Eu a amo, Manuela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce Mentira
JugendliteraturManuela Martins curtia viver sua vida simples na cidade. Dona de uma personalidade atrevida, decidida e de um coração generoso demais, ela jamais imaginou que algo pudesse abalar a sua vida. No entanto, tudo muda quando um aviso de despejo surge na...