Capítulo 15

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Quinta 14h03

Olá, galera da fofoca
Houve um pequeno acidente durante o evento realizado pela Construtora Ribeiro, no qual todos os convidados exclusivos e presentes ficaram completamente molhados, devido um cano estourado. Parece cena de filme, não é mesmo?

André espirrou.

- Tá com cara de gripe - falei, quando ele estacionou sua camionete preta na porta da minha casa.

- O quê?

Soltei o cinto de segurança e agarrei a fivela da bolsa, preparada para saltar do veículo.

- Você vai pegar um resfriado. Precisa se secar - avisei. - Quer entrar? Posso te emprestar uma toalha.

Ele tentou negar, mas outra onda de espirros lhe atingiu.

- Tem certeza? Não quero incomodar - disse ele, aceitando minha oferta.

- Imagina. Tia Amália nem deve estar em casa, ela sempre dá um pulinho na casa da vizinha. Clube da leitura, elas dizem, mas eu sei que só se juntam para fofocar - contei.

André riu.

- Ok. Vamos lá.

Passamos pelo jardim da frente e subimos os três degraus que levavam até a porta de entrada da casa. Vasculhei minha bolsa, procurando a chave.

- Achei! - exclamei, levantando o objeto como se fosse um troféu e depois abri a porta. - Pode entrar.

Era estranho ver André parado no meio da minha sala. O lugar era bem espaçoso, mas de alguma forma, ficou pequeno na sua presença. Se alguma pessoa me dissesse que algum dia isso fosse acontecer, eu iria rir na cara dela.

Abri o armário e joguei uma toalha para André.

- Melhor? - perguntei.

- Com certeza.

Observei ele secar o cabelo negro e liso, mas sua camisa branca ainda estava grudada no corpo. Ele precisava trocar de roupa, logo.

- Eu volto num minuto. Fique a vontade - falei simpática.

Corri até meu quarto e mudei de roupa na velocidade da luz. Depois, com muito receio, abri a gaveta que evitava há meses.

As roupas estavam ali. Intocadas, dobradas e organizadas perfeitamente do jeito que as coloquei. Retirei uma calça preta e uma camisa azul com formas geométricas, esperando que coubessem em André.

- Toma. Espero que sirvam - disse, quando entreguei o par de roupas para ele.

Ele levantou uma sobrancelha escura.

- São masculinas - falou André, aquilo não foi uma pergunta.

- Lembra do meu ex-namorado babaca que te contei? Pois é, pertenciam a ele.

- E você quer que eu use isso?

Sacudi a cabeça.

- Melhor do que ficar molhado.

Sem esperar mais, André puxou a camisa pela cabeça revelando sua pele bronzeada. Ele era bonito pra caramba, me deixando babando por um momento.

- Aqui não! - disse rapidamente, enquanto corava de vergonha.

Porém, nossa situação ficou mais constrangedora quando a porta da sala escancarou de repente e tia Amália entrou em casa.

Seus olhos arregalaram quando ela viu André.

- Tem um homem pelado na minha casa! - gritou ela.

Gemi. Isso não podia estar acontecendo.

- Manuela, o que é isso? - continuou ela. - Você sabe que não sou conservadora, mas você podia ter avisado...

- Tia Amália, não aconteceu nada. Ok? - contei. - O André só estava trocando de roupa, já que as dele estão molhadas.

- André? Seu namorado?

A raiva dela foi tomada por outro sentimento, euforia.

André abriu um sorriso.

- É um prazer finalmente conhecê-la, Dona Amália - disse ele, cumprimentando minha tia. Felizmente, ele já tinha colocado a outra camisa.

- Que moço bonito - ela revelou, enquanto o analisava. - Gostaria que a Manuela falasse mais de você.

Nem ferrando.

- A senhora é mais bonita do que imaginei. Agora sei de onde a Manuela herdou tanta beleza - ele disse.

O quê?

- Que tal ficar para o chá, querido? - ofereceu tia Amália.

Dei meu melhor olhar de "Não se atreva!" para André, mas o descarado fingiu não perceber.

- Vou adorar.

- Ótimo! - disse minha tia rindo. - Manuela, ajude seu namorado enquanto preparo nosso chá.

Esperei minha tia fugir para a cozinha e arrastei André até meu quarto.

- O que pensa que está fazendo? - rugi.

- Estou sendo seu namorado perfeito, docinho - sussurrou.

- Não me chame assim! Quero que você dê o fora daqui.

Ele sorriu diabolicamente.

- Não vai rolar. Fui convidado para tomar chá, lembra?

Virei de costas para ele.

- Pode terminar de trocar de roupa aqui.

- Não vale espiar - ele comentou com um risinho.

Bufei irritada.

- Não estou interessada.

- Tem certeza? - perguntou André, colando os lábios no meu ouvido.

Empurrei-o para longe.

- Não comece com suas gracinhas - avisei.

- Relaxa docinho - brincou.

Estreitei os olhos.

- Estou falando sério. Minha tia é a pessoa mais importante na minha vida e você sabe disso - falei. - Não quero magoá-la. Entendeu?

- Eu sei. Acredite em mim, também não gostaria de magoá-la.

Suspirei derrotada.

- Ótimo. Então, vamos lá.

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora