Olá, galera da fofoca
Nosso querido casal Ribeiro (Margarida e Henrique) estão de volta a cidade, após uma viagem a LA. Os dois já chegaram agitando ao anunciarem que vão dar um festão em comemoração aos 40 anos da Construtora. Será que tem um convite sobrando aí para uma pobre alma? Também quero participar!
Saí com Samuel para fazer as temidas compras.
Somente pensar em passar o dia escolhendo roupas estava me causando um baita desconforto, pois fazer compras não era minha praia e se tratando do evento pomposo que teria de participar piorava de vez minha situação.
– Pronta?
– Acelera, antes que eu desista – avisei, batendo a porta do carro.
– O mundo não é justo mesmo – protestou Samuel. – Eu doido para comparecer a essa festa que vai ser o maior escândalo e essa criatura encapuzada não está dando à mínima.
Estreitei os olhos.
– Não comece!
Ele saiu da vaga que havia estacionado seu carro prata e deslizou pelas ruas da cidade. Observei pela janela os prédios enormes, as pessoas caminhando e fazendo barulho nas calçadas e o som das buzinas dos carros no trânsito.
Achei estranho quando Samuel passou reto por uma loja popular na qual costumava ir quando tinha esse tipo de urgência.
– Ei! Não vamos parar aqui? – falei confusa.
– Você tá brincando, né? – disse me encarando com assustadores olhos azuis. – Manuela, você precisa ficar uma gata. Do tipo que chama a atenção na festa.
– Para quê? – bufei.
– Por causa do gostoso do André. Lógico! – explodiu ele. – Não seja tapada. Você tem que agarrar aquele deus grego.
Revirei os olhos.
– Samuel, acontece que nós já quebramos a regra número dois.
– Ué? Aproveita garota – rebateu. – Aquele homem é maravilhoso. Se pelas fotos dá para sentir seu borogodó, dando uns amassos então...
– Cale a boca! – censurei.
Notei o carro diminuir a velocidade e meu amigo estacionou o veículo.
Fiquei impressionada quando entramos na loja. O ambiente era bonito, todo iluminado, o piso do lugar chegava a brilhar de tão polido e percebi um provador posicionado a alguns metros. Meus olhos focaram nos belos vestidos e quase tive um treco quando olhei a etiqueta de um deles.
Adeus salário.
– Gostou? – perguntou Samuel, puxando um vestido vermelho decotado sugestivamente.
Neguei.
Ele fez um biquinho.
– Sem graça. Vou procurar uma peça que a deixe deslumbrante – falou, sumindo entre os vestidos.
Samuel parecia uma criança na loja de doces.
Como meu amigo estava dando uma olhada nos vestidos, aproveitei o momento para escolher um par de sapatos novos. Havia uma parte naquela loja destinada para esse fim.
– Está tendo dificuldade? Se quiser, posso lhe ajudar – informou a vendedora.
Girei meu corpo para encarar a vendedora da loja e caramba! Só podia ser uma conspiração do universo, não havia outra explicação para tamanha coincidência.
– Maria Clara? – falei assustada.
Ela fugiu quando me viu.
– Espera. O que você está fazendo aqui? – gritei tentando alcançá-la.
Maria Clara era bem rápida. Quase perdi de vista sua cabeça loira entre tantos sapatos e roupas!
Finalmente, consegui alcançar a garota e lhe puxei para dentro do provador. O cubículo nos dava um pouco de privacidade com relação ao resto da loja, afinal, eu tinha que conversar seriamente com a ex-funcionária de André.
– O que você quer? – perguntou.
– Quero respostas.
Observei o comportamento de Maria Clara, ela estava nervosa. Seus olhos amendoados ficaram enormes, ela não parava de bater o pé no chão e um leve rubor tinha começado a surgir em seu pescoço.
– Por que você largou o trabalho na construtora e sumiu de repente? – questionei.
– Eu... tive que fazer.
Ela estava escondendo algo, por isso, decidi arrancar a informação dela.
– Eu a vi nas câmeras de segurança. Todos acham que você é culpada – contei.
Ela arregalou os olhos.
– Não é culpa minha. Ele me obrigou! – ela explodiu.
– ELE?
Ela me encarou.
– Foi o Gomes. Ele quer acabar com o André. Está tentando derrubar a construtora – murmurou.
– Por isso ele te demitiu?
– Eu não estava sendo mais útil – confessou. – O chefe do RH, Gomes, é o culpado. Ele ordenou que eu pegasse uns documentos na mesa do doutor Ribeiro, depois pediu que eu fizesse um telefonema esquisito e em seguida, expulsou-me da construtora.
Fiquei assustada.
– Você precisa denunciá-lo – alertei.
Maria Clara segurou minhas mãos.
– Manuela, você pode ajudar. O Doutor André confia em você, pode contar para ele tudo que está acontecendo. Tenho certeza que, ela vai lhe ouvir.
Engoli em seco.
— Certo. Mas você precisa vir comigo.
– Eu vou ajudar, mas precisamos tomar cuidado. Ele está de olho em tudo – continuou.
A cortina do provador abriu com um solavanco, fazendo com que nós duas pulássemos com o susto. Tanto que, senti meu coração martelar com força em minha caixa torácica, mas felizmente não se tratava de nenhum capanga malvado ouvindo nossa conversa.
– O que vocês estão fazendo? – perguntou Samuel.
– É uma conversa entre meninas, seu abusado – comentei. – E aí? Achou o vestido?
Samuel sorriu de forma ousada.
– Meu bem. Ninguém conseguirá tirar os olhos de você.
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Doce Mentira
Teen FictionManuela Martins curtia viver sua vida simples na cidade. Dona de uma personalidade atrevida, decidida e de um coração generoso demais, ela jamais imaginou que algo pudesse abalar a sua vida. No entanto, tudo muda quando um aviso de despejo surge na...