- Não precisa senhor, obrigada - tento me livrar de George Miller, o dono da carteira.
Impressionado com o meu gesto, o senhor que acabei descobrindo ser um empresário estrangeiro acabou me convidando para almoçar como forma de agradecimento.
- Eu faço questão - repetiu ele com o português atrapalhado.
Depois de tanta insistência, não houve como recusar e acabei aceitando seu convite.
Ele sugeriu que fôssemos a um restaurante que ficava bem pertinho dali, e eu entrei em pânico no mesmo instante. Eu sabia que restaurante era, um super fino e caro pra caramba. Rapidamente, fiz as contas na minha cabeça e imaginei que, se eu quebrasse um copo naquele lugar perderia de uma só vez metade do meu salário!
Que droga.
- Senhor Miller, tem certeza que isso é realmente necessário?
- Não se preocupe, senhorita Manuela. É um lugar adorável, foi um amigo que indicou.
Senti o suor frio cobrir minha pele assim que entrei no ambiente iluminado, não tinha condições de pagar por tudo isso. Contudo, como discutir sobre problemas financeiros com um estranho era totalmente inviável - apesar de George Miller ser um senhor gentil -, permaneci calada e o segui até uma das mesas praticamente surtando de nervosismo.
Será que eles parcelavam em dez vezes?
Eu estava tão distraída e abobalhada com tudo aquilo que nem percebi por onde caminhava e acabei batendo meu corpo no abdome firme e sarado de alguém.
Mãos grandes e fortes seguraram meus ombros para amparar minha queda e enrijeci no mesmo instante com o toque. Automaticamente meus olhos vagaram para cima, analisando um pescoço largo, um queixo bem desenhado, olhos verdes intensos e...
Merda. Isso só podia ser uma piada!
André.
Ele olhou para mim seriamente intrigado, enquanto nossos corpos permaneciam praticamente grudados. Estava tão perto de mim que pude sentir sua respiração em meu rosto e o seu perfume invadiu minhas narinas com a mesma delicadeza de um soco. Sinceramente, acho que eu estava ficando meio tonta.
- Manuela?
Engoli em seco, sem saber direito o que fazer. "Que tal dá meia volta e correr?" sugeriu aquela vozinha dentro de mim. Porém, permaneci parada no lugar, sem movimentar um músculo sequer.
- Oi - falei hesitante.
- Senhor Ribeiro? - interrompeu o senhor Miller.
Pulei um metro longe de distância de André ao ouvi-lo. Bastante confusa ao descobrir que aqueles dois se conheciam. Que maravilha. E eu achando que a situação não podia piorar.
- Espero que não tenha o incomodado com uma reunião tão em cima da hora - disse André.
- Imagina. Porém, como não sabia que nos reuniríamos tão em cima da hora acabei trazendo uma amiga comigo - disse George apontando para mim.
André sorriu.
- Não tem problema.
Deveria ser pecado alguém sorrir desse jeito.
- Você acha possível que tudo vai estar pronto em seis meses? -continuou o simpático senhor.
- Se tudo ocorrer bem - André encolheu os ombros, fazendo suas mãos desaparecerem no bolso da calça.
Mordi a bochecha nervosa. Essa conversa parecia ser o início de um assunto importante e eu não queria atrapalhá-los.
- Ei, André - uma terceira pessoa se meteu na conversa. O cara deu um tapa desajeitado no ombro de André e quase acabou acertando minha orelha.
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Doce Mentira
Teen FictionManuela Martins curtia viver sua vida simples na cidade. Dona de uma personalidade atrevida, decidida e de um coração generoso demais, ela jamais imaginou que algo pudesse abalar a sua vida. No entanto, tudo muda quando um aviso de despejo surge na...