Tia Amália, Giovanni e Samuel voltaram para cidade no dia seguinte. Ficando na praia apenas eu, André e o casal de gringos até o final de semana acabar. Depois disso, todos retornariam para casa, afinal, tinha muito trabalho a ser feito.
Parecia que eu vivia em uma novela, como aquelas que minha tia amava tanto assistir. Eu estava num paraíso, cercada pelo azul do mar, pelo calor do sol e junto da pessoa que amava. Era o final de semana perfeito.
Sorri de orelha a orelha enquanto saboreava o café na cama.
— Serviço de quarto! — alguém anunciou.
Estranhei.
Eu não tinha interfonado para o serviço do hotel e nem André, que estava no chuveiro fazia muito tempo.
— Posso ajudar?
— Bom dia. Pediram para entregar estas flores para a senhorita — disse o jovem funcionário.
Recebi as flores de imediato. Eram lindas flores vermelhas, arranjadas em um buquê enorme. Fiquei lisonjeada com o gesto, será que isso foi obra do meu namorado?
Meu sorriso murchou ao pegar o envelope e ler o cartão.
Haviam somente algumas palavras, mas por mais simples que fossem, elas me deixaram aterrorizada.
"Se afaste do André ou sua família irá sofrer!"
— Quem te mandou flores? — perguntou André aparecendo no cômodo.
Amassei o cartão para que ele não visse.
— Eu não sei.
— Talvez sejam do Dino. Eu o vi na competição de culinária ontem — sugeriu André.
Era um bom palpite. Porém, não queria continuar pensando em ameaças vagas.
— Eu pensei que fossem suas — contei afastando o buquê. — Então, você também viu o Dino.
Ele confirmou.
— Vi. Mas ele não ficou lá muito tempo, parecia chateado.
Sinceramente, eu não sei porque o Dino estava lá. Ele tinha sumido da minha vida e agora reapareceu como um fantasma. Seja lá qual fosse suas intenções, eu não daria bobeira.
— Esquece ele — falei. — Vamos seguir nosso cronograma. O que o Fabiano planejou para nós?
— Vamos surfar hoje.
— Surfar? Eu não sei nem nadar!
André deu um sorriso maroto.
— Agora entendo porque não quis entrar na água e passou a viagem inteira naquelas espreguiçadeiras.
— Ei! Eu estava fofocando com a senhora Miller.
— Eu sou um ótimo professor. Posso te ensinar a nadar — ofereceu.
— Não sei se vai dar certo.
— Confie em mim.
...
Devo dizer que minhas aulas de natação não deram muito certo. André passou todo o final de semana tentando ensinar o jeito correto de nadar, porém eu era muito afoita e estabanada, não conseguindo fazer os movimentos corretos.
— Vem cá. Vou te ensinar a boiar, pelo menos — disse dando-me um beijo molhado.
Respirei fundo e prendi o ar nos pulmões como André instruiu, depois tentei relaxar o máximo que pude. Aos poucos, sentindo meu corpo levitar na água.
— Deu certo. Consegui! — falei, espalhando água pra tudo que é lado.
André riu.
— Parabéns, docinho.
Agarrei ele pelo pescoço e dei um beijo estalado em seus lábios.
— Obrigada, meu rei dos mares — brinquei.
— Não seja exagerada.
Nosso momento de diversão acabou quando notamos o casal Miller na beira da água. A senhora Alice acenava em minha direção, chamando atenção.
— Manuela querida, seu celular não para de tocar — avisou.
Rapidamente, sai da água para atender a chamada.
O nome de tia Amália brilhava na tela. Achei estranho, ela costumava ligar para mim somente a noite, quando eu retornava para o hotel.
— Oi, tia?
— Manuzinha, desculpe ligar desse jeito, mas a situação é grave — disse tia Amália preocupada.
— O que aconteceu? — perguntei alarmada.
Senti André se aproximando ao notar minha reação, prestando atenção na conversa que estava rolando.
— O Samuel sofreu um acidente de carro, querida — avisou. — Estou no hospital com ele. Venha depressa, ele precisa de você.
Não ouvi mais nada do que minha tia dizia. Meu celular escorregou da mão e caiu na areia macia da praia.
Meu melhor amigo. Samuel tinha sofrido um acidente e estava internado no hospital em estado grave!
— Não se preocupe. Nós estamos indo — escutei André dizer.
Ele tinha recuperado o celular do chão e falava apressadamente com minha tia.
Eu tinha que ver meu melhor amigo, meu irmão de coração. Por isso, nem me preocupei com as malas, parti dali do jeito que estava e o mais rápido que pude.
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Doce Mentira
Teen FictionManuela Martins curtia viver sua vida simples na cidade. Dona de uma personalidade atrevida, decidida e de um coração generoso demais, ela jamais imaginou que algo pudesse abalar a sua vida. No entanto, tudo muda quando um aviso de despejo surge na...