Capítulo 30

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Tia Amália, Giovanni e Samuel voltaram para cidade no dia seguinte. Ficando na praia apenas eu, André e o casal de gringos até o final de semana acabar. Depois disso,   todos retornariam para casa, afinal, tinha muito trabalho a ser feito.

Parecia que eu vivia em uma novela, como aquelas que minha tia amava tanto assistir. Eu estava num paraíso, cercada pelo azul do mar, pelo calor do sol e junto da pessoa que amava. Era o final de semana perfeito.

Sorri de orelha a orelha enquanto saboreava o café na cama.

— Serviço de quarto! — alguém anunciou.

Estranhei.

Eu não tinha interfonado para o serviço do hotel e nem André, que estava no chuveiro fazia muito tempo.

— Posso ajudar?

— Bom dia. Pediram para entregar estas flores para a senhorita — disse o jovem funcionário.

Recebi as flores de imediato. Eram lindas flores vermelhas, arranjadas em um buquê enorme. Fiquei lisonjeada com o gesto, será que isso foi obra do meu namorado?

Meu sorriso murchou ao pegar o envelope e ler o cartão.

Haviam somente algumas palavras, mas por mais simples que fossem, elas me deixaram aterrorizada.

"Se afaste do André ou sua família irá sofrer!"

— Quem te mandou flores? — perguntou André aparecendo no cômodo.

Amassei o cartão para que ele não visse.

— Eu não sei.

— Talvez sejam do Dino. Eu o vi na competição de culinária ontem — sugeriu André.

Era um bom palpite. Porém, não queria continuar pensando em ameaças vagas.

— Eu pensei que fossem suas — contei afastando o buquê. — Então, você também viu o Dino.

Ele confirmou.

— Vi. Mas ele não ficou lá muito tempo, parecia chateado.

Sinceramente, eu não sei porque o Dino estava lá. Ele tinha sumido da minha vida e agora reapareceu como um fantasma. Seja lá qual fosse suas intenções, eu não daria bobeira.

— Esquece ele — falei. — Vamos seguir nosso cronograma. O que o Fabiano planejou para nós?

— Vamos surfar hoje.

— Surfar? Eu não sei nem nadar!

André deu um sorriso maroto.

— Agora entendo porque não quis entrar na água e passou a viagem inteira naquelas espreguiçadeiras.

— Ei! Eu estava fofocando com a senhora Miller.

— Eu sou um ótimo professor. Posso te ensinar a nadar — ofereceu.

— Não sei se vai dar certo.

— Confie em mim.

...

Devo dizer que minhas aulas de natação não deram muito certo. André passou todo o final de semana tentando ensinar o jeito correto de nadar, porém eu era muito afoita e estabanada, não conseguindo fazer os movimentos corretos.

— Vem cá. Vou te ensinar a boiar, pelo menos — disse dando-me um beijo molhado.

Respirei fundo e prendi o ar nos pulmões como André instruiu, depois tentei relaxar o máximo que pude. Aos poucos, sentindo meu corpo levitar na água.

— Deu certo. Consegui! — falei, espalhando água pra tudo que é lado.

André riu.

— Parabéns, docinho.

Agarrei ele pelo pescoço e dei um beijo estalado em seus lábios.

— Obrigada, meu rei dos mares — brinquei.

— Não seja exagerada.

Nosso momento de diversão acabou quando notamos o casal Miller na beira da água. A senhora Alice acenava em minha direção, chamando atenção.

— Manuela querida, seu celular não para de tocar — avisou.

Rapidamente, sai da água para atender a chamada.

O nome de tia Amália brilhava na tela. Achei estranho, ela costumava ligar para mim somente a noite, quando eu retornava para o hotel.

— Oi, tia?

— Manuzinha, desculpe ligar desse jeito, mas a situação é grave — disse tia Amália preocupada.

— O que aconteceu? — perguntei alarmada.

Senti André se aproximando ao notar minha reação, prestando atenção na conversa que estava rolando.

— O Samuel sofreu um acidente de carro, querida — avisou. — Estou no hospital com ele. Venha depressa, ele precisa de você.

Não ouvi mais nada do que minha tia dizia. Meu celular escorregou da mão e caiu na areia macia da praia.

Meu melhor amigo. Samuel tinha sofrido um acidente e estava internado no hospital em estado grave!

— Não se preocupe. Nós estamos indo — escutei André dizer.

Ele tinha recuperado o celular do chão e falava apressadamente com minha tia.

Eu tinha que ver meu melhor amigo, meu irmão de coração. Por isso, nem me preocupei com as malas, parti dali do jeito que estava e o mais rápido que pude.

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora