Capítulo 2

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Minha mente não pensava em outra coisa, apenas no maldito prazo de deixar o prédio. Eu estava preocupada com o meu patrão e sinceramente, também estava desesperada com a possibilidade de ficar desempregada, pois eu era responsável por cobrir a maioria das despesas em casa.

Calcei minhas luvas macias retirando a segunda fornada de biscoitos do forno, pois tomaria uma bronca do chefe na certa, caso esquecesse e eles queimassem.

– Manuela, largue tudo o que está fazendo – falou meu patrão. – Preciso que você faça uma entrega urgente.

– Agora? Onde está nosso entregador?

– O Júlio pegou um resfriado e não pode vir. Anda logo! Não há tempo a perder – disse ele, praticamente me empurrando em direção à porta.

– Tá. Já vou – respondi.

Segurando o papel pardo nas mãos, notei que o endereço de entrega ficava bem distante.

Acenei para o carro amarelo e sentei na parte traseira do veículo, que deslizou suavemente pelas ruas tortuosas da cidade. Nem pude reparar muito no que se passava ao meu redor, por que eu estava bastante concentrada segurando a caixa da encomenda para que não sofresse nenhum dano.

Dentro da caixa tinha um bolo delicioso. Havia bonequinhos e tudo decorando o topo, a decoração estava à coisa mais fofa!

Paguei pela corrida e desci do táxi quando cheguei ao condomínio.

– Será que esse é o endereço? – me perguntei, observando as casas e prédios ao redor.

Parecia que o padrão de vida dos moradores do lugar era muito elevado, o lugar gritava elegância e riqueza.

Deixando minha admiração de lado, comecei a atravessar a rua.

Tardiamente notei quando um carro avançou para cima de mim com velocidade, nem tive tempo de esboçar qualquer movimento, só pude fechar os olhos esperando pelo momento do impacto.

No entanto, talvez por um milagre, não foi o que aconteceu...

O barulho do pneu cantarolou no asfalto cinzento, parecia que o motorista havia percebido minha presença e desviou o trajeto bem a tempo. Vi quando o carro lustroso estancou com brusquidão perto de mim, e com o susto, acabei escorregando e caindo de bunda no chão.

Merda.

– Garota estúpida! – berrou uma mulher saltando do carro, batendo a porta de forma agressiva.

– Como é? – falei para a motorista maluca, ainda sentindo meu coração bater acelerado.

Seus saltos fizeram barulho quando ela se aproximou e só então pude enxergar direito sua feição. Ela era muito bonita, tinha o cabelo loiro brilhante na altura dos ombros, a pele perfeita estava bem maquiada e as roupas que usava eram impecáveis. Contudo, o olhar de desaprovação refletido em seu rosto e dirigido para mim não foi agradável.

– Vamos, levanta garota. Eu estou apressada! – ela reclamou.

Muito confusa e sem esboçar qualquer reação, eu continuei sentada no chão. Como aquele carro surgiu tão de repente?

– Pelo amor de Deus, Rebeca. Não fale desse jeito, você quase a atropelou – falou uma voz masculina se aproximando. – Precisamos saber se ela está bem.

Eu-não-tô-acreditando.

Era ele. De novo.

Um brilho de reconhecimento surgiu no rosto de André quando me viu caída no chão, ele ficou imóvel ao lado da tal Rebeca e parecia tão perplexo como eu por tamanha coincidência. Já fazia alguns dias desde nosso encontro na confeitaria e não tinha sido uma coisa agradável.

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora