Capítulo 13

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Fiquei surpresa ao descobrir que todo mundo já estava presente no local.

Aparentemente, o evento particular do qual André tinha me falado contava com a presença de gente muito importante e da mídia também. Era primeira vez que estava fora da minha "zona de conforto".

Eu sabia que estava atrasada, mas achei que não tinha perdido muita coisa por que havia um seleto grupo reunido. Esperando.

E lá estava André.

Rosto bonito, boa postura, olhos de um tom lindo de verde. Ele notou minha presença e começou a caminhar na minha direção com uma expressão inescrutável.

- Olá - digo.

- Bom dia, Manuela - falou educado.

Eu olhei em volta, protegendo com as mãos meus olhos do sol. Ainda não vendo máquinas barulhentas funcionando, somente um terreno limpo e grande, preparado para que fossem construídas as habitações. Acho que esse evento tratava-se mais de selar um acordo e encher a cara de champanhe do que para assistir gente trabalhando de verdade.

- É agora que você me diz para ser eu mesma e relaxar? - murmurei.

- Para relaxar, sim - ele falou, erguendo os óculos de sol absurdamente caros. - Apenas sorria e seja educada, não há nada a temer.

Ele segurou meu braço e conforme se virou, eu controlei a vontade de dizer "é fácil falar, babaca!".

Em vez disso, apenas segui André, sentindo meus joelhos tremerem e meu rosto ficar meio anestesiado à medida que nos aproximávamos do resto do pessoal. Estava prestes a fazer uma pergunta sobre o projeto quando notei aquele homem me fuzilando com o olhar de novo. Emílio Vargas.

Eu me aproximei mais um pouco de André e ele seguiu meu olhar.

- Ah. O doutor Vargas veio conosco e... Rebeca também está aqui.

- Sério? - respondi, puxando um fio invisível do meu vestido. - Eu acho que o doutor Vargas não gosta de mim.

- Por quê?

- Tá na cara. Ele pensa que eu sou uma sedutora malvada, decidida a arrancar todo o seu dinheiro.

- Você nunca faria uma coisa dessas - ele afirmou.

Dispensei com um aceno de mão.

- Mas a ideia é essa. Outras pessoas também pensam isso, que estou atrás de você por interesse.

André olhou para mim. Ele era muito mais alto que eu e pareceu ter ficado furioso.

- Não importa o que eles fofocam - ele finalmente disse. - Nós dois sabemos a verdade.

Caminhamos até os convidados, cercados de fotógrafos.

George Miller foi o primeiro a notar e se aproximou, carregando um sorriso no rosto. Perto dele estava uma mulher com belos cachos escuros vestida de amarelo, ela parecia o próprio verão. Vibrante e intensa.

- É ela? - a mulher perguntou. Ela estava com uma taça de champanhe na mão, que respingou um pouco quando tropeçou por causa do salto ter afundado na terra.

- Manuela - sorriu André, soltando meu braço. - Quero que conheça alguém, essa é a senhora Alice Miller.

Pensei se deveria apertar sua mão ou lhe fazer uma reverência, no final apenas dei um sorriso para ela.

- Oi - falei.

- Acho que fiz a escolha errada de sapato. Tenho certeza que os seus são mais confortáveis - confidenciou.

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora