Doce Mentira

Capítulo 29

Os dez confeiteiros se reuniram em uma única fileira.

- Eu admiro o trabalho duro na cozinha. Entretanto, ser confeiteiro é muito mais que cozinhar - começou Cecília. - Ser confeiteiro é dar vida e sabor, é colocar um pedacinho da sua essência no que está sendo criado. Seu toque de personalidade será o que irá deslumbrar as pessoas e despertar o desejo nelas.

- Vocês sabem que gostamos de uma boa história, que vá além do prato que está sendo apresentado - continuou Julian. - Ficamos muito impressionados com tudo que vimos e provamos hoje aqui, porém, somente apenas um despertou as emoções que procurávamos e foi o grande vencedor... Rebeca, por favor, faça as honras.

Observei rebeca abrir o papel pardo em suas mãos.

- É com muita honra que anuncio o vencedor ou vencedora do nosso Concurso de Confeitaria - começou, fazendo um suspense.

Tudo pareceu ficar em câmera lenta. Notei a ansiedade dos competidores ao meu redor, a apreensão no rosto das pessoas que eu mais amava, o silêncio perturbador no ambiente. Toda essa expectativa fez acelerar meus batimentos cardíacos.

Mas de repente, toda essa mistura de emoções desapareceu quando a voz de Rebeca soou novamente

- Parabéns, Manuela Martins, o grande prêmio é seu!

Socorro! Eu venci!

Meu peito explodiu de felicidade. Eu estava sendo reconhecida por algo que amava fazer, senti um misto de emoções naquele momento. Não havia nada tão grandioso como isso, ver as pessoas aplaudindo de pé todo meu esforço, meu trabalho, o meu amor pela confeitaria. Era surreal!

- Foi merecido Manuela, parabéns. Seu bolo estava incrível - disse Rebeca, me entregando o grande cheque de cinquenta mil reais. Ela foi sincera em suas palavras, não havia angústia ou rancor nelas.

Percebi naquele momento que Rebeca não sentia ódio por mim, na verdade, nunca sentiu. Acho que só foi difícil para ela lidar com os sentimentos quando me conheceu e depois perdeu o André no processo.

O amor não é uma coisa fácil de lidar, alguns perdem outros ganham. No entanto, a realidade é que todos evoluímos com essas perdas e ganhos, mesmo que o caminho seja difícil e turbulento.

Eu também não tinha sido justa com Rebeca. Muitas vezes, pensei que ela fosse a culpada pelas sabotagens na construtora e no projeto de André. Eu fui tola, ela jamais faria isso.

Rebeca só era mimada demais, mas isso não significava que fosse uma bandida perigosa. Era somente outra mulher querendo ganhar espaço e alcançar seus sonhos de vida.

- Obrigada. Fico feliz por ouvir isso - agradeci. Apertei sua mão com sutileza e depois disso, a jovem loira se afastou de mim, desfilando em cima dos saltos altos.

- Parabéns, bambina! - disse o senhor Giovanni avançando em minha direção.

Ele me abraçou fortemente e depois, tia Amália completou o abraço acabando de me esmagar.

- Gente, vocês estão me sufocando.

Eles riram e se afastaram.

- Estou muito orgulhoso de você, amor - disse André, dando um selinho em meus lábios.

Me derreti toda com aquele simples toque, estar em seus braços era maravilhoso.

- Manu, você arrasou! - falou Samuel espalhafatoso como sempre. - Você ganhou cinquenta mil! Isso é muito dinheiro.

Samuel tinha razão. Aquilo era muito dinheiro, poderia gastar ou investir de várias maneiras distintas. No entanto, meu coração implorou para que eu fizesse uma coisa diferente com aquela quantia.

- Ei, Bob! - gritei para o homenzarrão. - O que acha de ganhar cinquenta mil?

Bob ficou abalado quando entreguei o cheque para ele.

- Tem certeza?

Sorri para ele.

- É todo seu!

Bob gargalhou.

- Você é durona, Manuela. Uma adversária admirável e um ser humano incrível. Serei eternamente grato pelo seu gesto.

Me despedi de Bob e retornei para o meu grupo. Eles estavam chocados com a minha atitude.

- Você é louca, Manu? - disse Samuel. - Acabou de dar todo seu dinheiro para aquele homem.

Dei de ombros.

- Não importa. Tenho certeza que, hoje á noite, uma garotinha será muito feliz!

Pela cara do Bob, ele iria correr direto para casa encontrar a filha e a esposa.

. . .

- Tudo está perfeito - falei encarando as estrelas no céu.

- Um momento perfeito, com a pessoa perfeita - disse André encarando no fundo dos meus olhos.

A comemoração rolava solta na tenda, mas nós tínhamos nos afastado um pouco para permanecer sozinhos.

- Você me surpreende cada dia mais, sabia? - disse André no meu ouvido.

- Por quê? - sussurrei.

Suas mãos deslizaram em meu rosto, em um gesto carinhoso. Foquei minha atenção em seus olhos, duas esmeraldas preciosas que me deixavam sem ar.

- Por causa da sua generosidade Manuela. Você não mede esforços para ajudar as outras pessoas. Eu vi o que fez pelo Bob e também sei o que fez por mim... Você me ajudou e apoiou meu projeto, acreditou em mim.

- É. Porém, no início eu só queria a confeitaria de volta e você sabe disso - contei. - Fizemos um acordo, isso não foi honesto.

- Eu sei. Aliás, pretendo te devolver a confeitaria o quanto antes - disse.

- Como vou contar para o senhor Giovanni?

- Daremos um jeito. Mas não vamos pensar nisso, essa noite é de comemoração. Você é a melhor confeiteira do mundo!

Achei exagerado, mas não discordei. Eu gostava de ver André todo bobo.

Uma melodia lenta soou próximo de nós, vinda da caixa de som na tenda onde o pessoal estava reunido dançando. O ritmo envolvente atingiu os meus ouvidos, eu gostava daquela música.

- Bruno Mars é? - disse André me puxando para perto, agarrando meu corpo. Ele já tinha dito aquilo um tempo antes.

Sorri.

- Você sabe, sou fã das músicas dele.

Ele escutou a letra, parecia atento.

- Realmente, seus olhos fazem parecer que as estrelas não tem brilho - murmurou André, iniciando uma dança.

Meu coração errou uma batida.

- Eu te amo.

André abriu um largo sorriso.

- Essa é a primeira vez que você diz as palavras em voz alta.

Agarrei seus cabelos e depositei um beijo em seus lábios.

- Meu coração é seu. Nunca duvide disso - declarei.

- Te amo, Manuela.

Capítulo super fofo!
Espero que tenham gostado e continue lendo. A história desses dois está perto do fim.