Capítulo 25

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— É ele, não é? Seu ex-namorado — perguntou André.

Nós ficamos sentados em um lugar distante da praia. O sol já começava a se esconder atrás das montanhas, no final da tarde.

— Sim. Encontrá-lo outra vez foi doloroso, de verdade, a mesma sensação de arrancar um curativo de uma ferida — falei. — Machucou pra caramba.

André continuou apenas me observando, um sinal claro para que eu prosseguisse minha fala.

Engoli em seco.

— Tenho os meus motivos para sentir tamanha angústia e, acredito que esta é a hora de revelá-los... Alguns anos atrás conheci o Fernando, "Dino", para os mais próximos. Ele costumava cobrar o aluguel da Doce &Massa, já que o prédio da confeitaria lhe pertencia devido a uma herança deixada pelos avôs. Eu sabia que ele era problema no instante que pus os olhos nele, no entanto, a faísca que senti ascender em meu peito não permitiu que eu deixasse de lado o garoto sarcástico e com sorriso rebelde. Lembro que conversávamos muito, sobre tudo e por bastante tempo. Dino sempre foi muito esperto.

Funguei.

— Mas ele era bem idiota na frente dos amigos. Como eu era jovem e inocente, caí na sua lábia e não demorou até nós dois nos envolvermos. Dino era o meu mundo e eu achava que também fosse o dele. Porém, descobri que toda essa paixão não passava de uma mentira.

Lágrimas caíram pelo meu rosto e num movimento brusco as enxuguei.

— Acontece que eu descobri — respirei fundo. — Eu descobri que ele me enganou o tempo todo. Dino me traía com outra mulher e eu toda apaixonada nunca percebi.

— Filho da puta — André xingou.

Mordi o lábio.

— Foi difícil lidar com essa realidade. Eu estava magoada, mas mesmo assim, terminei com ele quando soube – contei. – É por isso que odeio mentiras, por isso que é difícil eu confiar em outras pessoas e deixá-las se aproximarem de mim.

Encarei André, mal podendo enxergá-lo no meio de tantas lágrimas.

— Doeu como o inferno. Expulsar o Dino do meu coração foi uma das coisas mais difíceis da minha vida, afinal de contas, eu o amava.

Funguei.

— Claro que ele percebeu o erro e veio pedir desculpas, mas já era tarde demais, tinha me isolado do mundo — admiti. — Um tempo depois, soube que o Dino teve que sumir da cidade, sem deixar rastros, depois de se meter com alguns agiotas.

Olhei para André.

— Aí você apareceu. Dizendo que tinha comprado o prédio do Dino... foi como se eu tivesse tomado banho com um balde de água fria.

O silêncio reinou, depois que conclui meu relato.

— Ele olha para você de um jeito diferente. Acho que ainda sente algo, ele não te esqueceu — disse André.

Dei de ombros.

— Já não sou a mesma Manuela de antes. Eu seria incapaz de amar o Dino novamente — confessei.

Sentei mais perto de André.

— Inclusive, quero te agradecer.

— A mim?

Confirmei.

— Você sempre deixou minha vida divertida e alegre, desde o momento que nos conhecemos — confessei.  — Se preocupa de verdade comigo e está sempre procurando por maneiras de me ajudar na minha vida profissional. Respeita a minha tia e os meus amigos como se fossem sua família. Obrigada por me mostrar que o amor pode ser leve.

André puxou meu corpo apertando-o contra o peito.

— Eu sou tão sortudo — ele murmurou. — Obrigado Manuela por fazer parte da minha vida.

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora