Capítulo 9

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Escapuli para fora do banheiro assim que tive chance. Simplesmente não podia acreditar no que tinha ouvido, havia gente tramando contra André. Certamente, tratava-se de alguém infiltrado entre o pessoal da construtora e que estava fazendo telefonemas escondidos por aqui.

Que audácia. Mas afinal, quem seria?

Na minha pressa de me afastar dali, acabei batendo em uma pilastra. Bem, na realidade, tinha esbarrado em André que vinha caminhando pelo corredor.

– O que aconteceu? – perguntou ele desconfiado, ao ver minha cara de espanto.

– N-Nada – gaguejei.

Ele estreitou os olhos verdes.

– Você mente muito mal, Manuela – zombou. – Vamos, fala logo. O que foi?

– O que foi, o quê?

– Quero saber o motivo de estar tão assustada. Meu Deus do céu, até parece que viu um fantasma.

Fechei a cara.

– Não sei do que está falando.

– Sabe sim. E eu vou descobrir – falou rouco, me dando um sorriso atrevido.

Quando ele falou daquele jeito, meu corpo chegou a arrepiar. 

Droga de ar condicionado. Com certeza, era culpa do aparelho que estava bem perto de nós... Não tinha nada haver com o fato de André ser um homem lindo, inteligente e atraente. Imagina!

Foi aí que me lembrei de uma coisa e toda minha admiração por ele se esvaiu.

– Cadê a Rebeca? Quando você ia me contar que voltou com sua ex?

– Eu não estou com ela.

— Então acho que fiquei louca. Por que eu acabei de vê-la em sua sala.

— E daí?

Joguei minha bolsa nas costas de qualquer jeito, pressionando os lábios para não gritar. Não podia acreditar que André ousava não dizer a verdade, se ele quisesse que eu continuasse mentindo por ele, pelo menos devia ser mais sincero e direto comigo.

– Até parece – bufei. – Tô indo. Valeu mesmo pela sinceridade.

– Acha mesmo que não estou lhe contando a verdade, Manuela? – reclamou, aborrecido.

Ele estava aborrecido? Ele?

Parei de andar e o encarei, os punhos cerrados ao lado do corpo.

– Ah, claro. Você é sempre tão certinho – debochei. – Então, o que a Rebeca está fazendo aqui?

– Ela veio com o pai dela, droga! Eu não tenho nada haver com isso, quando termino algo é pra valer.

– Pra quê ela veio?

– Sei lá! Não me interessa.

Olhei para André. Quando foi que ele chegou tão perto de mim assim?

Mirei em suas íris verdes brilhantes como água cristalina, depois desviei a atenção para os lábios carnudos a minha frente. Minhas bochechas pegaram fogo quando senti sua respiração bater em meu rosto e algo tamborilou no meu estômago. Era proximidade demais e eu não estava sabendo lidar com isso.

André afastou uma mexa do meu cabelo escuro e sem querer aproximei-me um pouco mais dele, nossos lábios quase se tocando...

– Aí estão vocês! – gritou Fabiano. – Como puderam me deixar sozinho tomando conta de tudo?

Afastei-me de André num pulo.

Eu estava assustada e ele também pareceu ficar do mesmo jeito. O que havia acontecido entre nós?

Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora