Peguei minha bolsa prateada e, quando estávamos prestes a nos despedir de Henrique e Margarida para partir dali, alguém surgiu em nossa mesa.
— André, tenho uma notícia horrível! — contou o Doutor Vargas surgindo de repente.
Esse homem, havia alguma coisa nele que me deixava muito incomodada. Talvez sua hostilidade comigo tenha despertado esse sentimento de desconfiança, mas o fato é, que eu não gostava dele.
— O que houve? — perguntou André.
— Nosso caminhão foi roubado! Perdemos toda a carga do material importado — informou.
André soltou um xingamento.
— Como?
— Foi tudo tão rápido. Parece que os assaltantes sabiam de tudo, inclusive os horários de transportação — disse.
— Alguém se machucou?
— Não. Os funcionários estão bem.
Com certeza, esse roubo traria grandes problemas para André. Isso me cheirava a trapaça.
— E agora? — falou André desesperado. — Sem o material, não haverá progresso na obra. Também não temos mais verba para repor o material. Droga!
Fiquei bem ao seu lado, segurando seu rosto entre minhas mãos.
— Ei. Sempre existe uma solução — disse baixinho, para que somente ele ouvisse.
Ele sacudiu a cabeça.
— Não sei o que vai ser de mim, acho melhor eu desistir. Tudo está dando errado!
— Concordo com você, André — disse o Doutor Vargas. — Não há qualquer possibilidade do negócio funcionar agora.
Tomei fôlego.
— Não! Você não vai largar tudo agora, não quando chegou até aqui — tento convencer André.
— Sinceramente, não sei o que fazer — ele me diz.
— Só precisamos de tempo. Tenho certeza que tudo pode ser resolvido.
Emílio Vargas fez uma cara de desdém e eu o vejo olhando para os pais de André, que estão diplomaticamente focados em seus convidados e completamente alheios a conversa que está rolando entre nós.
— É melhor deixar Henrique e Margarida fora disso — provoco, quando vejo as intenções do Doutor Vargas de contar tudo para eles.
— Se você se acha tão esperta, o que devemos fazer? — soltou ele irritado.
— Está na hora do plano B.
. . .
— O plano B é — Fabiano disse, ainda sem desgrudar os olhos do laptop — que vocês façam uma viagem de verão. Para a praia. Vai ser muito mais fácil enrolar George e Alice Miller se estiverem ao redor deles.
— Eu não quero enrolar ninguém — respondeu André mal humorado. — Além disso, não posso ir a praia quando tenho um projeto para concluir. Ficou maluco?
Fabiano se inclinou para frente, seu sorriso se tornando ameaçador.
— Você vai sim — ele diz. — Enquanto isso vou mexer uns pauzinhos por aqui e dar um jeito nessa bagunça!
— André, estamos tentando ajudar — pedi encarando seu rosto. Ele parecia mais magro, pela primeira vez percebi uma leve sombra violeta sob seus olhos.
Suspirando, André jogou as mãos para cima.
— Ok. Mas eu quero tudo resolvido em uma semana. TUDO. O problema com o material importado, entendido?
— Parece um termo meio-justo — disse Fabiano. — O cronograma de verão de vocês já está fechado, incluindo bebedeira e indecência.
— Fabiano! — André reclamou, as bochechas ficando rosadas e os olhos fuzilando o amigo.
— Desculpa, desculpa — ele falou com um aceno de mão.
— Então, está marcado? — perguntei, sentindo o estômago revirar.
Fabiano abriu um sorriso.
— Já pode arrumar suas malas, Manuela.
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Doce Mentira
Teen FictionManuela Martins curtia viver sua vida simples na cidade. Dona de uma personalidade atrevida, decidida e de um coração generoso demais, ela jamais imaginou que algo pudesse abalar a sua vida. No entanto, tudo muda quando um aviso de despejo surge na...