Doce Mentira

Epílogo

O cheiro de tinta fresca se espalhava pelo ar.

Desci a escada na qual estava pendurada até o momento, para admirar o belo trabalho que tínhamos acabado de fazer na parede. Estava perfeito, como eu sempre havia imaginado.

— Que foi? — perguntou André com o rosto cheio de tinta, quando notou que eu o encarava abobalhadamente.

Sorri.

O meu amor por André só aumentava a cada dia. Com certeza, tirei a sorte grande por encontrá-lo. Não era tão fácil achar sua outra metade, alguém com quem compartilhar a vida e ter a chance de viver o que chamamos de felicidade.

— Obrigada. Não sei se teria conseguido recuperar esse lugar sem a sua ajuda — agradeci. 

Já não havia mais vestígios do incêndio que ocorrera na Doce e Massa antes. Tudo foi planejado, limpo e organizado novamente. 

Como o excelente profissional que era, André foi o responsável pela criação do novo espaço. Ele manteve a essência da confeitaria, mas o lugar agora parecia mais sofisticado, aconchegante e familiar.

Em breve, as portas da nova loja seriam abertas e por isso, estávamos dando os últimos retoques para ficar tudo do jeitinho que planejamos.

A agenda já estava lotada de eventos e pedidos para os próximos três meses, fazendo o meu sócio, o senhor Giovanni, explodir de tanto orgulho. Quase não dava para acreditar que eu também era proprietária da Doce e Massa.

Todo meu trabalho duro, rendeu  e deu frutos. E graças a competição de confeitaria na qual tinha participado, consegui arrumar vários clientes novos e patrocinadores para ajudar no novo empreendimento.

Tia Amália também estava feliz ao me ver progredir e alcançar o que sempre sonhei. E não cansava de repetir e espalhar para os vizinhos do bairro o orgulho que sentia por mim. Com certeza, todo esse amor e carinho era recíproco.

Não posso esquecer do Samuel, ele alcançou o que tanto almejava e agora trabalhava para um revista famosa nacionalmente. Soube também na nossa última conversa que ele encontrou um cara bacana e que eles estavam pensando em alugar um apartamento para morar juntos. 

Depois de tanta luta e insistência, o Projeto de casas populares do André havia dado certo.  Foi incrível acompanhar de perto seus medos, angústias e acertos. Muitas pessoas humildes se beneficiaram da ação de seu projeto, deixando-o bastante feliz e grato.

Foi bom vê-lo mais relaxado ultimamente. Embora, ele já estivesse planejando milhares de coisas em sua cabeça para o futuro.

De repente, uma música começou a tocar rompendo meu devaneio.

André pegou a minha mão e me levou até o centro do salão. Em seguida, começamos a rodopiar numa dança lenta e bastante íntima. Eu adorava aquela proximidade, amava o jeito como ele me olhava, como se eu fosse a coisa mais rara desse mundo.

Segurando minha mão, André depositou um beijo nela. O diamante preso na aliança reluziu no meu dedo, mas o que mais brilhava naquele momento eram os olhos do meu marido.

— Eu te amo, Manuela. Sou o homem mais sortudo desse mundo— confidenciou. — Você é a mulher mais linda com quem já estive, a futura mãe dos meus filhos, o meu grande amor.

— Eu te amo, André. Mais do que você pode imaginar  — contei.

Presos em nossa bolha particular, nós continuamos rodopiando pelo salão, rindo e nos beijando. Construindo memórias importantes e felizes, para serem lembradas por muitos e muitos anos.