Capítulo 27

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- Querida, você está brilhando! - comentou Alice Miller ao me ver.

Sorri para ela, nós tínhamos nos tornado boas amigas.

Não imaginei que a semana pudesse ser tão lotada e divertida na praia. Nós duas fizemos compras, conhecemos lugares novos, compartilhamos experiências. Tudo foi muito interessante.

- Oi, dona Alice. Hoje é um grande dia para mim, estou de bom humor - respondi.

- Soube que o concurso de culinária começa daqui a pouco. George e eu estaremos na torcida por você, bem ali - contou, apontando em direção aos bancos montados para os espectadores assistirem.

- Obrigada por vir - disse quando ela se afastou.

O concurso de culinária seria transmitido ao vivo naquela manhã e eu estava um pouco nervosa, diante de tanta atenção.

É verdade que em um primeiro momento tinha ficado brava com André e o senhor Giovanni por terem feito minha inscrição. No entanto, agora, eu não poderia estar mais agradecida pelo empurrão que me deram, essa seria minha grande chance de alavancar a minha carreira.

Meu celular começou a tocar, era uma chamada de vídeo do meu melhor amigo.

- Samuel, que saudade! - falei quando seu rosto apareceu na tela.

- Oi, Manu! Também estou morrendo de saudades - foi a primeira coisa que falou.- Como está aí? O concurso já vai começar?

Confirmei com a cabeça.

- Daqui a pouco. Eu estou tão empolgada e ao mesmo tensa com tudo que está rolando.

- Relaxa garota! Você vai se dar bem - disse.

- Eu espero.

Samuel franziu a testa.

- Falando em se dar bem, cadê seu namorado? Aquele pedaço de mal caminho.

- Samuel! - repreendi.

- Ok, ciumenta. Não vou falar mais nada.

Fiz um biquinho.

- Queria que vocês estivessem aqui comigo.

Já fazia uma semana que estava fora de casa. Eu sentia falta da minha tia, do meu patrão, do meu amigo fofoqueiro e do pessoal do bairro.

- Eu sei - disse Samuel abrindo um grande sorriso. - Por isso, tenho uma surpresa para você.

Estranhei o que ele disse.

- Como assim? Que surpresa?

- Olhe para trás, fofa!

Não pude conter as lágrimas quando virei e lá estavam, as pessoas mais importantes da minha vida.

- Não acredito! Vocês vieram!

Corri para abraçá-los.

- Manu, você está me sufocando - reclamou tia Amália.

- Ela só está feliz - disse o senhor Giovanni.

- É. Mas está melosa demais para meu gosto - falou Samuel.

Dei risada.

- Agora não me falta nada - afirmei.

- Tem certeza? - disse uma voz masculina.

Era André. Ele estava lindo como sempre, vestido casualmente com camisa e bermuda de coloração clara, e seus óculos escuros.

- Nossa! Finalmente vou conhecer a lenda! - disse Samuel ao vê-lo.

André sorriu.

- Você só pode ser Samuel - disse ele cumprimentando.

- A Manu vive falando de você, mas nunca nos apresentou. Que amiga ingrata!

- Não exagera - resmunguei.

- Exagero é meu sobrenome.

Todos rimos.

Fiquei muito mexida quando André abraçou tia Amália, estava óbvio o quanto a respeitava e lhe admirava. Isso fez meu coração dar um leve salto no peito.

- Como vai doutor? - disse o meu patrão.

- Estou ótimo. E o senhor, como vai?

- Ah. Eu tenho uma saúde de ferro. Não há nada nesse mundo que abale o velho Giovanni - respondeu a André.

Um caroço se formou em minha garganta. Como eu iria contar para ele? Como contar para o homem que me acolheu como uma filha, que consegui o prédio da confeitaria de volta sem ferir os seus sentimentos?

- Você está bem, Manu? - perguntou tia Amália me avaliando.

Limpei a garganta.

- Estou bem, tia. Se vocês quiserem podem se sentar naquela fileira, o concurso começará em breve - avisei.

- Que os jogos comecem! - falou Samuel de maneira competitiva, enquanto arrastava os outros consigo.

André segurou na minha mão.

- Está nervosa?

- Estou sentindo um frio na barriga.

- Vai dar certo, docinho. Eu confio em você e vou estar torcendo por você. Para sempre.

Isso aqueceu meu coração.

- Obrigada. Você sabe o quanto isso significa pra mim.

- Tenho uma novidade - murmurou para que somente eu escutasse. - O problema do material importado foi resolvido e a construção das casas já começou. Não temos mais que ficar aqui. Não precisamos mentir para mais ninguém. Não há mais nenhum problema para ser resolvido, finalmente conseguimos!

Agarrei André dando-lhe um grande abraço. Eu estava empolgada por sua vitória, por ele ter conseguido realizar seu grande sonho.

- Não brinca! Meu Deus, eu estou tão feliz por você ter conseguido - disse.

- Devo minha gratidão a você. Por não me abandonar durante o processo, por reconhecer minhas falhas, por acreditar em mim mais que os outros e principalmente, por se apaixonar pelo que sou - contou. - Você é a pessoa mais especial que conheci.

Fiquei sem palavras diante de sua declaração, eu só consegui fitar apaixonadamente o homem a minha frente. André era lindo, inteligente, generoso, muito teimoso, gentil e também... O amor da minha vida.

- Eu...

Um barulho nos interrompeu, era o sinal de que o programa iria começar. Eu tinha que correr até minha bancada, onde prepararia a comida. O concurso já iria começar.

- Tenho que ir - avisei a André.

Ele segurou meu rosto delicadamente e deu o beijo mais demorado e doce da vida.

- Boa sorte. Estou torcendo por você - falou sorrindo.

Eu estava nas nuvens, depois da demonstração de carinho. Minhas pernas estavam moles feito gelatina, por isso, demorei um instante para conseguir desgrudar os pés do chão e caminhar até minha bancada.

Já estava decidido, eu daria meu melhor na competição. Por mim, pela minha família e por André.


Doce MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora