capítulo 12

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Lorenzo entrou tão pomposo na casa como o "Zorro" aparece nos filmes. Arma em punho, aquele  ar de galã dele com o olhar coberto pelo seu inseparável óculos escuros. Talvez, sejam essas falsas entradas triunfantes que derretam os corações das donzelas. Pensei que talvez, eu faça uma dessas entradas triunfantes para Nayla qualquer hora dessas...

Depois lembro que sou bem mais baixo que os 1,95cm dele, bem menos musculoso, já que, academia não é meu passatempo predileto e que ficaria ridículo naquela versão espanhola de sedução. Aquelas camisas dele sempre abertas até a metade do peito, aquela calça colada revelando mais do que devia e aqueles sapatos italianos impecavelmente lustrados.

Não dá pra negar, se eu resolvesse procurar um cara para me vingar da Ana, ele seria o primeiro da minha lista. O moreno tem lá seus encantos e sabe como ninguém arrancar suspiros por onde passa. E isso me embrulha o estômago. Ou talvez, seja a lembrança do sangue espalhado pelo chão do banheiro ao qual vou ter que vivenciar outra vez.

O chamei na cozinha, já que de onde estava o via pelo passa prato que dividia ela da sala de estar. Ele petrificou-se diante a cena que viu quando adentrou a porta da mesma. Nayla estava aos prantos, recostada em meu ombro, enxugando as lágrimas num pano de prato que pegou na gaveta do armário.

Eu a abraçava tentando reconfortá-la e deixava meu queixo depositado em sua cabeça, mergulhado entre os fios vermelhos cheirosos dos seus cabelos. Na minha perna, o Husky siberiano depositava a cabeça para que eu a afagasse e uma das patas. Pode ser só impressão minha mas, ele parecia chorar interiormente e algumas lágrimas rolavam pelo seu rostinho.

Lorenzo baixou a guarda. Prendeu a arma na cinta e tirou os óculos como se eles estivessem provocando aquela visão. Limpou os seus belos olhos negros e disparou a pergunta numa súbita gargalhada.

---Mas, o que é isso?--- tentou se conter, mas pelo visto eu não combino com tal visão.

--- Nayla... Minha namorada!--- fiz ela se ajeitar melhor na cadeira.--- Duque, acredito que única testemunha  do crime!--- mostrei o cachorro fazendo uma careta que mantivesse postura.

--- Espere! O que foi disse?--- Lorenzo apesar da situação não conseguia controlar o riso.--- Namorada?

Dei de ombros. Pelo visto, anunciar o fim do mundo é mais aceitável do que anunciar um namoro meu. O moreno se aproximou da mesa. Encarou Nayla e resolveu galantear a donzela.

--- Lorenzo a tu servicio, bella dama...--- pegou a mão dela e a beijou delicadamente.

---Nayla, gracias por tu presencia...--- Era só o que me faltava! Nayla fala espanhol! E preciso dizer o quanto feliz isso deixou Lorenzo?

--- Tudo bem, chega dessa palhaçada!--- Recolhi a mão dela e limpei onde ele tinha a beijado na minha calça.--- A namorada é minha, Lourenzo! Nem ouse chegar perto com segundas intenções!

Nayla se recostou no meu peito. Estava triste demais para essa minha ceninha de ciúmes. Me senti um babaca e apontei a cadeira para que Lorenzo sentasse à nossa frente.

--- O mundo vai acabar! Dr. Leonardo com ciúmes de uma garota que não seja a bela Any? E por falar nela, como anda a sua dor de cotovelos?--- me alfinetou.

--- Já superei!--- quase berrei na cara dele. O que ele estava tentando fazer? --- Temos um problema mais sério por aqui!

Duque latiu com cara de poucos agrados a Lorenzo. Quem sabe se prontificando a me defender daquela cobra.

--- Descobriu alguma pista?--- ele tirou o seu famoso bloquinho de notas do seu blazer e a sua caneta de ouro para anotar as primeiras informações.

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora