Capítulo - 2

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A bala espatifando o espelho assustou a ruiva ao meu lado, que cobriu de imediato a cabeça com as mãos e a colocou quase sobre as pernas. Ela estava tão assustada que se tremia toda. Talvez, não havia planejado bem a sua fuga, seja qual for o motivo e não esperava tomar um tiro a queima roupa.

O som daquele tiro, também me fez subir um arrepio de frio pela espinha. Armas não são brinquedos e sei bem como é tomar uma bala a queima roupa. O ombro ainda reclama a perfuração feita por uma alguns meses atrás.

O coração, pelo susto acometido, ainda pulsava acelerado e era difícil manter uma respiração regular para acalmá-lo. O medo é cruel. Ele te faz ficar perdido entre decisões urgentes  a serem tomadas. Por sorte, sou movido a impulsos. E não foi difícil decidir que ficar ali parado era muito perigoso. Enfrentá- los era uma tolice. E questionar a garota?

Quem em sã consciência fica questionando os presentes que o destino põe em seu caminho? Ou nesse caso, te joga na cara?

Porém, lembrar daquele dia em Pinheral e da nossa aventura naquele sitio abandonado, os tiros, as mortes e a dor que tudo aquilo provocou, despertara meu sentido de alerta e um certo pânico, que já tencionava dominar o meu corpo. Tentei me alcamar, respirando devagar e pausadamente. Tudo o que eu não  preciso agora é  ter uma crise de ansiedade enquanto dirigo.

Por sorte, os perseguidores dela não tiveram tempo de achar um carro para nos seguir. E depois de mais de quatro quadras, pude diminuir a pressão das mãos sobre o volante, reduzir a velocidade e relaxar a tensão que tinha se abatido pelo meu corpo.

---Ufa! Despistamos eles! ---dei meu melhor sorriso a ela que ainda estava à procurar sinais de seus perseguidores pela janela  por todos os lados da rua. --- Fica tranquila, estamos seguros, pelo menos por enquanto!

Ela respirou fundo. Soltou bem devagar o ar dos seus pulmões, sacudindo bem rápido as mãos em paralelo a sua frente. Parecia estar descarrecando toda a adrenalina do seu corpo adquirida até o momento. Até pensei em lhe dizer algo mais apaziguador, tranquilizar ela com palavras de alento mas, o meu cérebro não encontrava nenhuma coerente com a situação. Pareço um adolescente idiota ao seu lado sem saber o que dizer.

--- Meu nome é Leonardo, e o seu?--- começo com trivial para evitar de me embabacar  todo.

Nem de longe pareço o advogado que tão bem defende seus clientes em grandes tribunais com belos discursos e argumentações. De momento, eu sou só o Léo. O cara que tá todo bobo pela bela princesa que resgatou dos bandidos. A beleza dela me encanta, mesmo estando toda descabelada e assustada.

--- Dr. Nayla...--- falou levantando o bumbum do acento do carro e pegando o buquê da Any que estava embaixo dela.--- Mas, que diabos é isso?

--- Um buquê de noiva!--- sorri vendo as flores que ela amassou e lembrando do meu pedido feito à elas.

--- E você é o noivo?--- olhava as flores admirada. Deduzindo essa função pelas minhas roupas.

Era um belo ramalhete de flores do campo com um girassol no centro. Um arranjo exótico. Porém, a cara da minha diaba. Acredito que pelo olhar dela direcionado a mim  tão  avaliador da minha aparência,  a decepção seria imensa se dissesse que sim.

--- Não, eu peguei o buquê, sabe, naquela brincadeira...--- o olhar dela era divertido. Talvez, estivesse imaginando eu no meio das garotas  brigando pelas flores.--- Duas vezes!-- completei vendo seu espanto com a resposta.

--- E você sabe o que vem agora, né?--- ela sorria o sorriso mais lindo que já tinha visto na minha vida.

--- Que eu sou o próximo a se casar? Deus me livre!--- gargalhei alto. A conversa estava aliviando a tensão de momentos atrás.

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora