Quinze dias se passaram como num piscar de olhos. Foi um sufoco sem tamanho fazer a pequena Laura entender o nosso drama em como de repente, éramos os pais do irmão dela. E ela, não era mais sua irmã gêmea.
Ainda não tinham inventado um conto de fadas que explicasse como se fazem bebês em laboratórios. Alugam-se barrigas e os trocam quanto têm defeitos na maternidade. Mas, depois de muita conversa ela finalmente compreendeu. Ou pelo menos fingiu compreender. Para ela, ele vai ser sempre o seu irmão. Não importa o que meros papéis digam sobre isso.
Para Marcos, de novo usei a teoria do jogo. Ele se achou o cara predestinado a salvar o mundo. Acredito que vamos ter dificuldades em trabalhar esse ego enorme dele agora. Sobre o irmão desaparecido, preferimos otimir. Consideramos que era muita informação para a idade deles. Não desistimos de procurar. Mas, por enquanto, só nos resta nos conformarmos com a situação atual.
Até porque, ela e Any tinham coisas mais importantes para fazer no momento. Tais quais como enlouquecer os homens da casa!
Eram providenciar flores, buscar presentes, roupas a provar, vestidos, mais flores, mais presentes, aquilo era um ciclo exaustivo que não parecia ter mais fim. A lista de afazeres que nos deram dos preparativos do casamento, certamente era um trabalho digno dos deuses.
E quando o grande dia finalmente chegou...
Lá estava eu. Prestes a dar adeus ao meu primeiro amor de novo, diante de um altar. Conferi meu visual na frente do espelho. Terno é algo que definitivamente não cai bem em mim. Mas, a ocasião exigia. Tinha um papel importante para desempenhar hoje. Levaria minha amada até o lugar onde eu nunca conseguiria ocupar. Onde diante de todos a entregaria aos braços de outro.
Pensei que até seria mais dolorido fazer isso, mas eu gosto do Noah, como gostava do meu irmão. E tenho certeza, ele é o cara perfeito para fazer ela feliz. Mesmo assim, uma pontinha de ciúmes, ainda reina dentro de mim...
--- Uau! Que gata! --- Entrei no quarto onde estavam as garotas e fiquei encantado vendo Any vestida de noiva.--- Ainda está em tempo de desistir...
Lhe dei um beijo na bochecha e a abracei por trás pela cintura. Olhei nosso reflexo no espelho, fazíamos um belo casal. E embora estivesse em pedaços por dentro, lhe dei um sorriso tentando esconder aquela amargura que me afligia com o vislumbre daquela imagem.
Se ela quisesse, me dissesse um sim, roubaria ela para mim. Não importava o risco que tivesse que correr ou com quem arranjaria briga por causa disso. Se ela ficasse ao meu lado, não haveria empecilhos que nos impediriam de ficar juntos. Eu a protegeria de toda a cilada que o destino pudesse nos reservar. E se precisasse, daria minha vida por ela. O que aliás, já tinha feito meses atrás.
--- Seu bobo... Eu não vou desistir! --- O sorriso dela, era o sol que iluminava o meu caminho. Já me questionava por dentro, como viveria sem aquela luz a partir de hoje?--- Então, como estou?--- deu uma volta em torno de si.
--- Uma princesa! ---Não era mentira. Parecia a Cinderela dos meus sonhos. E eu, claro, o escudeiro do príncipe babão.
O cara que venceu o dragão, nem sempre é o príncipe da história. As vezes, é só seu escudeiro fazendo o trabalho sujo, sem levar os louros da vitória. Nesse caso aqui, a única recompensa que cabe a esse subalterno é acompanhar a dama até o cavalheiro que vai receber seu prêmio por seu ato de bravura.
Reviro os olhos com esse pensamento. Por um momento, quem quer fugir dali sou eu. Afogar as minhas mágoas num buteco de beira de estrada e protestar em tons melancólicos aos garçons do lugar, como a vida é cruel! Te faz amar uma pessoa a ponto de te fazer sofrer daquela maneira e quando você pode ter ela, o destino põe outro babaca em seu caminho.
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Armadilha do Destino
RomanceEntregar o amor da sua vida diante de um altar, aos braços de outro, com o tesmunho de todos os familiares e pessoas ligadas à família, literalmente destruiu Leonardo por dentro. Ele sabia que era o certo a ser feito. Ela precisava da companhia daqu...