CAPÍTULO 31

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Quando chegamos ao nosso destino, vi de longe Lorenzo sentado ao banco, diante do lago e alimentando os patos que nadavam tranquilamente por lá.  Cara fechada, de poucos amigos e vários olhares femininos voltados a si. Me indagava como as garotas poderiam gostar de um tipinho como ele. Frio, calculista, mal e sem nenhum escrúpulo.

Dei uma olhada de relance à Samuel e percebi que o seu olhar também estava fixo no sujeito. Era quase um olhar de admiração e não contive a curiosidade.

—  Você tem atração por ele também? — esperava que a resposta fosse negativa, mas entenderia se ele dissesse que o espanhol o provocasse desejos.

— O quê? — o olhar dele demonstra indignação com a minha pergunta.

— Tá tudo bem, Sam! Ele é um cara bonito, pelo menos é o que as garotas dizem! — era a coisa mais idiota que poderia ter lhe dito. Mas, me conformei só com aquilo? Não,  fui mais fundo na ferida.— É sobre isso o acordo de vocês? Já tiveram algum relacionamento?

— Você pirou? Acha que eu sai por aí "namorando" todos os amigos do seu irmão? O Lorenzo, criatura? De onde tirou isso? Ele sempre me odiou!— Samuel revirou os olhos descendo primeiro do carro. — Eu até tinha uma quedinha pelo seu irmão, sabe?— a cara dele me olhando era tão neutra que eu não sabia se era uma brincadeira ou verdade o que dizia.

— Christopher? — bati a porta do carro com força assim que desci e o encarei assustado. Estava com ciúmes dele com meu irmão? Por um motivo que não conseguia conter, resolvi especular.— E por quê? Qual era o motivo dele te despertar interesse?

Meti as mãos nos bolsos e comecei a caminhar ao seu lado na trilha tentando imaginar oque poderia ter Christopher que fizesse o ruivo se apaixonar por ele. Sam, baixou os olhos aos próprios pés e seguiu sem me responder.  Poderia esquecer o assunto.  Arquivar no meu drive de coisas inúteis a saber. Mas, a curiosidade era maior, e poderia estar ligada ao que estava ocorrendo.

Samuel sabe manipular todo e qualquer tipo de medicamento.  E se tivesse usado uma daquelas drogas que simula a morte em meu irmão, simplesmente por estar apaixonado por ele? Talvez, Chris precisava de uma fuga. E Sam, seria perfeito para isso. Esse pensamento me embrulhou o estômago.

— Sam?!

— Deixa de ser chato, Léo! Isso é irrelevante! — apressou o passo, mas segurei seu braço e o fiz me encarar.

— Sam?!

— O Chris é um cara bonito, oras! Despertaria interesse em qualquer garota! — Deu de ombro, se soltou da minha pegada e continuou a andar.

— Você não é uma garota, Sam! — o provoquei. — É um cara bonito?— a conjugação do verbo estava errada. Chris estava morto. Ou seja, "O Chris era um cara bonito".

— Era...

— Não! Você disse, é um cara bonito!

— Quer me ensinar a conjugação verbal do verbo "ser", Leonardo?— tenho que admitir. Aqueles olhos azuis dele desmontam qualquer um. Ou estou caindo no charme dele.

— Sam... O quanto você estava envolvido com meu irmão?— conhecia Chris o suficiente para saber que se ele quisesse algo do Samuel, usaria todas as suas artimanhas disponíveis e machucar o coração dele, seria uma bem provável.

— Algum problema, crianças?— Lorenzo, se aproximou de nós enquanto estávamos distraídos com aquela conversa ridícula de como meu irmão teria seduzido meu melhor amigo.

— Nada Lorenzo, só estávamos conversando sobre...

— Meu irmão!— Rebati sem paciência. — Onde ele está?

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora