Quando cheguei ao meu destino naquela noite, confesso que me acovardei um pouco. Dei uma olhada no meu reflexo no retrovisor interno do carro e deixei a respiração fluir pesadamente. Não é de comum acordo que estou ali. A minha amizade com Léo ficou evidente que acabou. A paixão? Só eu desfruto dela. Aqueles beijos atrapalhados que consegui dele provaram isso. Então, por que diabos ainda continuo a ajudá-lo? Ainda mais com a Ana?
— Grande coisas é o amor!— falei um tanto alto. — Vou dar a minha vida em troca de migalhas...
Já vou ajudá-los com o DNA. Já ajudei a desvendar a fórmula da droga. Por que investigar essa mulher? O que teria de tão cruel o Chris pra esconder que estivesse de poder dela? Se houvesse algo realmente importante, ela já teria usados contra eles!
Desci e caminhei devagar pela calçada, parecia estar sendo observado por todos os lados e aquela sensação era muito desagradável. Me virei inúmeras para averiguar tal fato e só comprovei que não passava de uma desconfianca minha. Mesmo assim, deixei minha guarda em alerta. Não se sabe o que pode acontecer de fato quando se tem Lourenzo como inimigo.
Parei diante da entrada do restaurante com uma louca vontade de dar meia volta e sair correndo dali. Do que tinha medo? Era só uma garota! Andava com medo delas agora também? Olhei o buquê em minhas mãos, aquela história de flores era ridícula. Não sei por que deixei a Samira me convencer de trazê-las. Talvez, a minha irmã, ainda acredite nessas tolices de romantismo barato de banca. Pensa que um belo sorriso me faça esquecer de um amor como o que sinto por Leonardo.
Não adiantava ficar ali parado pensando em desculpas. Ou entrava e fazia o meu papel de cara interessado numa noite de cama ardente, por que deve ser óbvio que ela não traga junto consigo todos os seus segredos dentro da bolsa, ou simplesmente dava as costa e voltava pra casa.
— Que ódio! — Revirei os olhos lembrando que prometi esse último favor a Leonardo.
Entrei, encontrei fácil a minha mesa no restaurante com a ajuda da recepcionista e para meu espanto, Ana já se encontrava nela distraída com o celular ao ponto de não perceber minha chegada repentina. Dei uma tossida dissimulada e logo tentei elaborar uma desculpa.
— Estou atrasado?— Tentei meu melhor sorriso.
— Sam! Me desculpe!— Ela largou o aparelho e levantou-se para me receber. — Claro que não, eu é que cheguei cedo demais! Por favor...
Mostrou a cadeira a minha frente. Sentei sem cerimônia. Nem sei como me comportar numa situação onde a garota está fazendo o papel que deveria ser feito por mim. Estava louco que isso acabasse de uma vez. Sem vontade nenhuma de lhe dar o boa noite que ela esperava ouvir. Daí lembrei das flores ao qual ela depositava o olhar. Que bela companhia estava sendo! Era assim que pretendia levar ela para o apartamento dela e pior! Pra cama dela?
— Minha irmã achou que seria bem interessante lhe trazer flores!— estendi o pequeno buquê pra ela sem muita paciência. — Fique tranquila, eu as comprei, não roubei de nenhum túmulo do cemitério! — estava sendo tão delicado quanto 0um coice de mula...
Ana aceitou as flores se divertindo com a piada sobre elas. Receosa talvez, pelo que anda ouvindo de mim ultimamente. Sabe o que fez comigo no passado e eu poderia facilmente colocar um veneninho ali entre as belas flores como uma vingança particular. Ela sabia, que de todas as garotas que meu irmão já tinha arranjado pra mim, Ayla tinha sido minha primeira paixão verdadeira. E sim, ela acabou com as nossas vidas.
— Sabe qual sua melhor qualidade, Samuel? Sinceridade! — ela pegou o buquê, sentiu o perfume das flores e colocou com cuidado ao lado da sua bolsa ao sentar em minha frente. — Adorei. Vinho?
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Armadilha do Destino
RomanceEntregar o amor da sua vida diante de um altar, aos braços de outro, com o tesmunho de todos os familiares e pessoas ligadas à família, literalmente destruiu Leonardo por dentro. Ele sabia que era o certo a ser feito. Ela precisava da companhia daqu...