Capítulo 23

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A noite não foi tranquila.  Cada vez que a dama do sono me abraçava, lembrava da prensa que dei no meu ex melhor amigo naquele armário do quarto. Daí me libertava dela e voltava a me questionar por que fiz aquela babaquice com ele.  

Sentir ele com tanto tesão preso entre o meu corpo e o móvel me deixou confuso. Sabia que estava o torturando e mesmo assim, acentuei a provocação. Eu podia sentir ele querer implorar pelo meu toque, ainda assim, manteve o controle. Quando a respiração dele acelerou o ritmo até ficar ofegante e ele inclinou o pescoço para o lado num claro convite, sabia que tinha exagerado ao extremo. Não queria o mesmo que ele. Nem conseguiria ter mais que a amizade que mantemos por anos.

Fiquei feliz por Nayla não ter me recusado na cama, por que acredito que iria pirar se não transasse com ela aquela noite. Era uma idiotice, pois sabia que era só para confirmar a minha masculinidade. Ter certeza que ainda gostava de garotas. Que não estava doente como o meu amigo. Sim. Mesmo sabendo que isso é um ato preconceituoso, ainda acredito que ele esteja com algum distúrbio em seu corpo que tenha provocado isso. Seria psicológico? Hormonal? Ou más companhias? 

Precisava descobrir as causas e tentar ajudá-lo de alguma forma. Do que estava falando? Céus! Ele era meu amigo. Tinha sentimentos por mim e eu tentando culpar alguma doença por isso? Acho que quem precisava de terapia agora era eu. 

Provavelmente quem não estava preparado para aceitar sua condição era eu. Precisava urgentemente de um remédio para o meu ego de macho preconceituoso que aceitava ter duas mulheres na minha cama e não aceitava o meu amigo querendo um companheiro. 

Redobrei os remédios que tomei antes de deitar, mas tudo em minha mente estava em meio a um turbilhão de emoções. Precisava reorganizar minha vida. Por alguns capítulos dela na lixeira e reescrever outros. O problema era escolher quais seriam descartados. E parece que olhar o teto no escuro não ajuda muito nessa decisão.

Samuel era um deles. Aceitar a paixonite dele? Acreditar que a distância era o melhor remédio para nós dois? Ou sei lá? Apaguei o sei lá da lista. Já tenho problemas demais. E por um momento, decidi, talvez  aumentar o ódio dele por mim. Isso poderia ser um ponto positivo. 

A conversa com Ana rendeu bons frutos. Ela até confessou uma quedinha pelo  ruivo e quando completei falando sobre a quantia de dinheiro que receberia por seu dote, ela nem pestanejou em aceitar um convite para jantar. Afinal, o que poderia dar errado num jantar entre eles?

Vindo daqueles dois, até a terceira guerra mundial poderia se desencadear ali. Mas, rezava que se entendessem. Pelo menos por enquanto. Depois eu tentaria encontrar uma garota que tirasse essa paixão doentia dele por mim. Sim. Eu ajudaria o irmão dele a encontrar uma noiva perfeita para ele. Linda. Gostosa. Inteligente como ele gosta...

A fórmula que ele deixou com Nayla é só do remédio que estou usando. A droga, por mais que ela já tenha tentado, não conseguiu replicar. Ou seja, quem tem um belo alvo nas costas agora  é Samuel. E isso faz meu coração bater descompassado. Sei que sabe muito bem se defender. Mas, não sei o quanto conseguiria se todos os traficantes e farmacêuticas do país descobrissem que ele tem a receita da melhor droga que já criaram, tanto para dor, como para diversão.

Pois é, eu e Nayla não resistimos a tentação e resolvemos dividir uma dose. E admito,  foi uma viagem que não vamos esquecer tão cedo. E o melhor de tudo, não teve o efeito rebote que a cotidianas tem. 

Marquei com Lourenzo para entregar os frascos ao amanhecer e não sei bem como lhe dizer que vai ter que convencer o ruivo  a contar todos os segredos da fórmula. Sei que não dá pra confiar nele, mas a prioridade agora é deixar a ruiva em segurança. 

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora