Capítulo - 3

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Depois do meu corpo começar a sentir os arrepios de frio da temperatura ambiente da primavera, lá no jardim, mesclado a água fria da mangueira. Decidi que já poderia entrar e me comportar como um adulto responsável ao lado dela, pelo menos até depois do jantar.

A idéia era entrar de fininho, passar despercebido, tomar um banho descente e me dar um trato no visual para convercer Nayla, que eu quero agora, muito  mais do que um simples beijo.

Quero ver aquelas curvas que ela esconde debaixo daquele vestido azul e deixar meu "carro" derrapar sobre elas. Acho que acabei de eleger "azul" como minha nova cor preferida.

Quero sentir o seu calor, a maciez da sua pele, o toque da sua boca em cada parte de mim. E só de pensar nisso, sinto aquele arrepio de eletricidade me percorrer a espinha e....

--- Caralho, Nayla! Será que dá para não fazer isso?--- quando fui fechar a porta distraído na minha divagação pessoal, ela se aproximou devagarinho por trás de mim, sem que eu percebesse e me espetou de brincadeira com aquele garfo grande de virar os bifes, na altura da cintura. --- Quer morrer garota? Isso não se faz!--- ela simplesmente se divertia,  rindo com a minha cara de espanto.

Ela não sabe do meu passado e dos apuros que passei. Para ela, aquilo foi uma brincadeira muito divertida. Mas, para mim, que estou com o meu sistema de alerta ligado no máximo. Foi o mais perto que cheguei de um infarto.

Minto, tive uma parada cardíaca naquele acidente no rio. Sei bem o que é ver a morte de perto, sentir o seu hálito fétido enquanto te sussurra próximo ao teu rosto, o pouco tempo que ainda tem de vida e ainda brinca de beijar o seu pescoço como se você, fosse o seu prato principal do dia. Por isso, me escoro na parede com o susto que tomei e tento não lhe esganar enquanto ainda dá risadas  sobre a brincadeira de mal gosto que fez comigo.

--- Tá bom, me desculpe....--- ela cobria a boca tentando disfarçar a risada que não queria calar-se. --- Onde guardam o termômetro culinário?

--- O quê? --- perguntei incrédulo. O coração ainda querendo fugir pela boca.

--- Termômetro! Aquele negócio com mercúrio dentro que mede temperaturas! Espere. O que aconteceu com você?--- Nayla se deu conta da poça de água que se formava sob meus pés.

--- Eu estava com calor...---ironizei ainda bravo--- Resolvi me refrescar...--- apoiei as mãos na cintura deixando que ela continuasse sua avaliação sobre meu corpo.--- Sobre o termômetro... Bom, eu sei o que é. Porém, não tenho a mínima idéia de onde esteja!

Acredito que ela não escutou nem uma palavra do que eu disse. De momento, ela tinha a perigosa ponta do garfo entre seus lábios, mordendo-a sedutoramente. Um meio sorriso sacana com o olhar fixo na minha camisa branca, molhada e colada junto ao meu corpo. Ela se demorava em pontos especificos do meu peito e parecia fantasiar algo em sua mente.

Deixou por um instante os olhos migrarem para a minha calça e como ela também já estava ajustada em mim, perdeu-se em alguns segundos por ali admirando certas partes que deve ter me deixado corado. Revelando assim, quem sabe, partes de mim que de momento eu não queria que ela avaliasse.

--- Tá tudo bem com você, Nayla?--- perguntei tirando ela daquele transe sobre minhas partes mais íntimas.

--- Sim... --- ela passou a língua sobre os seus lábios. Parecia uma loba, e estava me deixando com medo desse comportamento dela.--- Acho melhor se trocar, você pode pegar um resfriado assim todo, molhadinho...--- ainda estalou a língua na boca, dando uma piscadela ao enfatizar o "molhadinho".

Foi saindo da minha frente em direção a cozinha com um rebolado que prendeu meu o olhar a cada passo que dava. Era um andar sedutor que me atiçava por dentro e me fazia lutar contra meu "eu" safado, que queria sair correndo atrás dela, para  agarrá-la pela cintura e  mostrar que não  estava disposto a participar desses joguinhos safadinhos dela.

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora