Capítulo 18

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Fugi de Nayla assim que o dia clareou. De novo, acordei com ela dormindo abraçada em meu corpo e admito que Sam tenha razão. O prazer do sexo é momentâneo, esse que ela me apresenta por sua simples companhia é delongado,  gostoso e me faz um bem imenso.

Dei um beijo no seu ombro antes de levantar, ela resmungou algo que não entendi e abraçou meu travesseiro livre. Ver ela dormir era extasiante. E me perguntava, como essas coisas tão simples e banais estavam me prendendo em uma relação.

Desci até a cozinha, tomei a segunda dose do remédio que os ruivos prepararam. A melhora é absurda comparada à morfina. E sim, isso deve valer uma fortuna, já que não tem os mesmos efeitos colaterais da outra droga tão devastadora. Coloquei a máquina para fazer café e fui até a sala da academia atraído pelo barulho da esteira.

— Bom dia, querido! Dormiu bem? — Sam corria nela, percebeu minha presença pelo espelho à sua frente e resolveu como sempre, brincar comigo. — Tá com uma cara melhor, pele bonita, cabelo arrumado... Rolou alguma coisa?— a voz era ofegante por causa do exercício.

— Bom dia..— Fui a até a frente do aparelho e fiquei o observando. — Eu virei loja? Todo mundo usa a minha roupa agora?— ele tinha uma calça de moletom minha e uma regata. — E pior, como entrou no nosso quarto e nem vimos?

— Nosso quarto? Que chique, hein?— diminuiu a velocidade e continuou andando.— Peguei  no varal, espero que não se importe...

— E se eu disser que me importo?

— Desligo a esteira, tiro a roupa e a devolvo pra você!

— Não, muito obrigado!— consultei o relógio na parede e faltavam uns dez minutos para as seis da manhã. — Pra que acordar tão cedo pra caminhar?

— Para ficar gostoso para as gatinhas...

— Que gatinhas cara! Você nunca tem uma! — se queria uma encrenca com Samuel, acabei de conseguir.

— Vai começar como seu irmão? Eu tenho outros propósitos na vida além de foder meia cidade! — Sam desceu da esteira  e sentou-se no aparelho de bicicleta que era da Any somente para descansar.

— Me desculpe. Eu não quis...

— Me chamar de gay? Isso já perdeu a graça a muito tempo! E se eu for? Vai mudar em alguma coisa a nossa amizade?

— Não. Em nada...

— Ótimo mesmo! Por que detestaria deletar seu contato da minha agenda!
— Samuel levantou e foi até bem perto do espelho se alongar.  — Daqui a pouco o Lorenzo vai estar aí.  O que vamos dizer pra ele?

— Essa era uma boa hora para você no mínimo ser bissexual...— deixei escapar.— Ele vai matar a gente! E talvez um ruivo charmoso que nem você o acalmasse...

Nós dois rimos. Conhecemos Lorenzo o suficiente para ter uma dimensão exata da fúria que vai ficar quando descobrir que Samuel trollou ele só pra ganhar tempo para investigar Nayla antes. 

— Acho que não faço o tipo dele...— Sam passou por mim e me deu um tapinha no ombro. Entrou no banheiro, despiu-se e encarava uma ducha de água fria. — Me empresta outra muda de roupa?

—Preciso que me faça um favor...—Fui até o varal e peguei uma outra muda completa.  Calça jeans, camisa e cueca.

— Não... — rebateu sem sequer escutar o que pediria.

— Você nem sabe o que é?

— Nem preciso pra saber que é encrenca!— ele olhou as roupas que entreguei e as vestiu. — Me explica o por quê de uma calça tão apertada?

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora