Um silêncio mórbido se abateu sobre aquele trajeto. Nem pareciamos respirar. Os olhares estavam compenetrados na estrada e o medo ritmando nossos corações. A incerteza era um fantasma que se fazia de quinto passageiro...
Por isso, quando o carro parou diante do condomínio, Nayla debruçou sobre o banco da frente e falou baixo ao ouvido de Any.
— Então, mamãe? A gente já pode entrar?
— Sem bagunça! E lembre-se que esta casa é minha e eu exijo respeito! — a fala dela destoava uma certa sacasticidade irritante.
Eu e Nayla descemos, nos damos as mãos e já estávamos quase na porta de casa quando lembrei de um detalhe extremamente importante. Tínhamos violado um túmulo com um propósito. Havíamos conseguido o material genético para analisar. Porém...
— Que inferno! — soquei a porta com força fazendo Nayla arregalar os olhos assustada em minha direção.
— Mas, que diabos foi isso?
— Entra e me espera no quarto, eu preciso resolver uma coisa com um mentiroso ordinário!
— Do quê você tá falando, Léo?
— Por favor, amor... Ao menos uma vez na vida faz o que estou te pedindo! — juntei as mãos lhe implorando. Tenho certeza que ela não vai querer ver o que vou fazer.
— Tudo bem… — ela segurou meu rosto entre as mãos e me beijou de leve.
Quando ela passou para o lado de dentro voltei ao carro marchando com uma fúria descomunal. Iria quebrar a cara daquele idiota! Ele me amava? Não acreditava mais nisso!
Dei a volta no carro e parei do lado do motorista batendo na lataria do carro chamando sua atenção. Ele parecia acertar alguns detalhes da sua traição com Any.
— Sai desse carro! Vem aqui fora e me enfrenta como homem! — Gritei com Samuel quando ele me olhou com um sorriso no rosto.
Dei espaço para que abrisse a porta e descesse. Ele colocou as mãos na cintura e me encarou. Vingança! Era isso que eu via em seu olhar. Como pude ser tão estúpido! Eles tinham tudo minuciosamente calculado e eu nem percebi.
— Eu pensei que desconfiaria mais cedo! — o sorriso dele me deixava cada vez mais furioso.
— Samuel... Eu deveria matar você! — cuspi as palavras diante a risada dele. — Como pode?
— "Samuel! Isso é ilegal! Minha mãe pode fazer isso! Minha mãe pode fazer aquilo!" — ele imitou a minha voz. Mas, tenho absoluta certeza de não falar daquele jeito ridículo! — Agora, tudo é culpa minha! Se alguém sair prejudicado nessa história, essa pessoa será eu!
— Léo, por favor! Entra que temos outros assuntos para tratar mais importantes que essa picuinha que você quer fazer com Sam. — Any falou escorada na carroceria.
— Como puderam? Não era mais fácil pedir? — ainda tentei argumentar o quanto me sentia traído pelos dois.
— Tenho que colocar no relatório quem forneceu o material genético. Você faria isso de bom grado? — Samuel encostado no carro jogou as mãos a sua frente tentando me explicar.
— E vai dizer o que? Que me agarrou à força? Que sou seu amante? Caralho! Percebeu o que fez? — passei as mãos pelos cabelos, inconformado sem medir as palavras que lhe disse.
— Amante meu? Que honra! — Samuel brincou com meu queixo e lhe dei um tapa na mão o afastando.
— É sério, Samuel! Isso tem nome! Se chama traição! Me devolve! — estendi a mão esperando que colocasse nela o que roubou.
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Armadilha do Destino
RomanceEntregar o amor da sua vida diante de um altar, aos braços de outro, com o tesmunho de todos os familiares e pessoas ligadas à família, literalmente destruiu Leonardo por dentro. Ele sabia que era o certo a ser feito. Ela precisava da companhia daqu...