Capítulo 15

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Quando passei pela porta apoiado em Samuel, a ruiva correu ao meu encontro,  se enlaçou em meu pescoço e me beijou como se eu tivesse voltado da guerra do Iraque.  O que não parecia muito diferente dado ao estado crítico que meu corpo se encontrava devido aos hematomas promovidos pela queda na escada.

--- Então... Sem querer ser chato... Eu estou aqui gente!--- ouvi Samuel tossir  dissimuladamente e falar ao meu ouvido, dado ao fato que no desespero, a ruiva o prendeu junto naquele abraço. --- E esse duelo de língua de vocês está me deixando excitado!

A ruiva me soltou e o ajudou a me trazer até  a bancada  do passa prato me roubando beijos na bochecha pelo caminho e fazendo meu amigo revirar os olhos com tanta melosidade.

--- Deveria era subir para o seu quarto e descansar ... --- Samuel protestou.--- Eu cuidava da ruiva sozinho!

--- Cuidar de mim? Como assim?--- ela demonstrou preocupação percebendo a severidade na voz do meu amigo.

--- Eu estou bem! Fique tranquilo! E não vou deixar a minha namorada sozinha com você!--- bem era o caralho. Estava aos trapos. Parecia que  infartaria a qualquer momento. Mas, precisava saciar de vez minha curiosidade sobre os vidrinhos da geladeira.

--- Nossa! Quanto medo pra um cara que me chamou de gay!--- Sam passou para o outro lado da bancada, abriu a geladeira e logo já tinha um bocado de ingredientes em mãos que foram parar dentro da jarra do liquidificador.

--- O que ele tá fazendo aqui?--- Nay cruzou os braços no peito desconfiada.

--- Ela vai desmistificar a sua fórmula...--- O barulho do liquidificador me interrompeu. --- Ele é farmacêutico também... --- falei assim que o barulho cessou

--- Farmacêutico, bioquímico, terrorista...--- Samuel brincou lembrando que a sua função anterior era a mesma da Dr Margô do jogo. Explorar as funções de um vírus apocalíptico. --- Tô brincando gata. Mas, eu tenho sim, espelização em biotecnologia, ou seja, traduzir sua fórmula  é joguinho de criança!--- me serviu um enorme copo de vitamina.

--- Eu vou vomitar se beber esse troço! --- protestei.

--- Quer ficar aqui? Beba!-- pegou uma vasilha no armário e colocou na minha frente. --- E se vomitar... Eu reciclo essa gororoba!

--- Eu não vou dar a minha fórmula para ele, porra nenhuma!--- Nayla tentou fazer uma birra.

--- Tarde demais! --- Samuel balançou o bloquinho em sua mão.

--- Léo!--- Nayla passou para o mesmo lado que ele e tentava tirar das mãos dele a fórmula.--- Leonardo! Peça que me devolva!

Eu bebia a vitamina e me divertia com a briguinha dos dois. Eram adultos, cientistas importantes e estavam bringando como duas crianças por um pedacinho de papel. Ele se esticava todo para que ela não o alcançasse e em traição, ela lhe fez cócegas. Eu não contive a gargalhada quando ele entregou o papel  e implorou que parasse com a tortura.

--- É  trabalho da minha vida, Léo!--- Nayla estava furiosa. --- Acha que vou deixar ele levar o crédito por isso?

--- Só um detalhe bebê, tenho memória fotográfica!--- Sam robou um beijo na sua bochecha e saiu até o carro buscar a sua mochila.

---Nayla, ele pode ser a sua salvação. Consegue descobrir os outros ingredientes que faltam e montar a composição total. Eu acho pelo menos.--- Era visível o desconforto nela com a presença dele na minha casa.--- Ao menos que você esteja me escondendo algo. Você está?

Nayla me beijou de leve. A pele dela suava frio e  meu alerta de gente ordinária foi acionado. Se Sam descobrisse que mente, teria que entregar ela para as autoridades.  O meu coração já começava a acelerar com essa possibilidade. Não sei se tinha coragem para isso. Sei que também não teria argumentos para impedí-lo.

Armadilha do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora