Cap 14: Boca solta

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ROSETTA

Acho que já estávamos bebados quando arrumamos um jeito de deitar no barco e olhar as estrelas com uma segunda garrafa debaixo do braço.

Eu estava com a barriga doendo de tanto rir com ele ainda contando o que aprontava quando criança.

Hakon: E nunca mais eu trouxe um troll pra dentro de casa.

Eu caí na gargalhada nessa parte, ele havia pensado que trolls lhe concediam desejos se alimentassem eles. Mas trolls só sujam sua casa e comem da sua comida mesmo, o seu tio tinha ficado vermelho e sua mãe havia rido como ele me contou.

Hakon: Se um troll te desse um desejo, como diz a minha teoria, o que você pediria?

Eu observei as estrelas pensando a respeito, eu já tive muito e perdi em pouco tempo, o vinho queimava na minha barriga, senti que sua cabeça estava virada em minha direção esperando.

Rosetta: Viver em paz, sem terem que me proteger ou eu estar preocupada em manter a minha cabeça no meu pescoço quando durmo.

Eu virei a minha cabeça para ver sua reação, mas estava suave, ele piscou uma vez me observando sem dizer nada, sua respiração fazia cócegas no meu rosto. Talvez meu sonho não seja tão esquisito.

Rosetta: Qual o seu sonho?

Hakon: Eu o estou realizando agora.

Nós dóis nos encontramos no meio do caminho, ambos querendo o mesmo quando nós beijamos.

Uma explosão de sentimentos me encheu, ele foi gentil quando levou a mão até meu maxilar e me virei com o corpo pra ele.

Nossas línguas deslizavam uma pela outra, ele levou a outra mão livre até minha cintura me puxando pra perto, o beijo se tornou mais intenso como uma música crescente. O ar dos meus pulmões eram arrancados com o trovejar do meu coração, minhas mãos estavam em seu cabelo.

Então um peixe pulou sobre o pequeno barco espirando água.
Quando nós demos conta que o susto era apenas um peixe começamos a cair no riso bebados.

Eu encostei minha cabeça no seu peito enquanto ele acariciava meu braço e olhávamos enfim as estrelas.

O álcool não foi um bom aliado com a hora, me lembro dele se despedindo de mim e me puxando pra um beijo antes de ir. E merda! O dia estava nascendo. Duas garrafas de vinho.

Eu cambalei pelo casarão enorme, acabei derrubando algo de metal que não sabia o que era, deixei pra lá, tentei seguir o caminho que achava que era o do meu quarto.

O céu estava rosa e se infiltrava pelas janelas, eu parecia uma adolescente voltando de fininho para casa. Um, dois, eu contava meus passos para me manter consciente.

Rynon estava encostado na parede com os braços cruzados, pés descalços, apenas com uma calça de algodão cinza, porque os machos daqui não usam camisa? Sua pele bronzeada subia e descia com as sombras das janelas. A calça pendia abaixo do V que formava seu abdômen.

Rosetta: Tudo bem, fui pega!

Eu levantei às mãos com a maior cara de culpada, soprei um cabelo da testa que havia se soltado do penteado. No meio do movimento brusco, vou levar uma bronca agora como uma colega indisciplinada?

Rynon: Está bebada?

Rosetta: Não?

Acabei soltando um arroto e tapei minha boca rapidamente, ele começou a andar até mim, seus cabelos estavam bagunçados, nunca havia o visto assim. Se isso não havia me delatado, meu trupico pra trás provavelmente sim.

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