Cap 17: Raciocinio

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Eu sai do quarto do Rynon quando já era noite e ele cochilava pesadamente na cama, eu cantei para ele uma cantiga feerica e trouxe algumas frutas antes dele apagar.

Estava caminhando quando passei pela sala de jantar e todos olharam para mim assustados e perplexos.

Rosetta: O que houve?

Dietric: Você.

Belle: Não sejam idiotas, Rose está provalmente cansada.

Ela se levantou do sofá esfregando meus braços com as mãos e me levou porta a fora no caminho do meu quarto, eu realmente estava cansada.

Belle: Isso nunca aconteceu em 80 anos, todos nos tentamos, cada um, de maneiras diferentes, você está mudando esse lugar aos poucos, entende isso?

Eu franzi as sombrancelhas olhando para as minhas próprias mãos.

Rosetta: Estou?

Belle: Você conseguiu resgatar uma criança, graças ao seu irmão Dietric tem se tornado mais sociável, fez Rynon se submeter, criou laços até com os guardas, Scarlett deixou de lado um ódio de décadas.

Eu parei para contemplar a minha estádia aqui, tinha aprendido a me defender mesmo correndo risco de morte inúmeras vezes, eu podia dizer que Isabelle era minha amiga?

Rosetta: Eu posso ir pro quarto sozinha, obrigado Belle, preciso mesmo dormir.

Ela apertou a minha mão antes de sair e eu continuar o meu caminho, eles ainda usam a visão como maior fraqueza, eu não posso criar laços aqui. Mas Hakon...ele, bem.

Eu dormi como pedra naquela noite e acordei junto com o sol sabendo que tinha muito a fazer. Coloquei o couro para treinar firme com Mathias e compensar os dias não pagos.

Havia prendido sua cabeça entre as minhas coxas no chão, ele ria tentando se livrar, eu escutei um som de garganta, olhei pra trás girando a minha trança com o movimento e vi um vislumbre dos olhos de gato entre as paredes verdes.

Mathias: Encerramos hoje.

Ele disse batendo na minha perna com um som abafado, o soltei instantaneamente.

Rosetta: Quando vou poder te derrubar de verdade e lutar com uma espada?

Mathias: Já quer se livrar de mim?

Rosetta: Uma espada me faria mais útil, ainda correria com você todas as manhãs, atlante chorão.

Eu pisquei o olho direito antes de ir atrás do sucumbo escondido nos arbustos, tentei escutar passos ou galhos quebrando mas nada, apenas uma leve brisa sobre meu pescoço pra resfriar do suor.

Senti o calor do seu corpo antes de suas mãos enlaçarem minha cintura e me puxarem para trás de uma parede de plantas. Eu soltei uma risada me virando para vê-lo, o sol havia corado suas bochechas e sua camisa estava levemente aberta revelando um pouco do seu tronco.

Rosetta: Não a de falar nada?

Ele balançou a cabeça me olhando, não se afastou ou me largou por nenhum momento. Minhas mãos estavam no seu pescoço e então fiz o mesmo apenas o observando.

Hakon: Apenas me deixe admira-lá.

Rosetta: Seja rápido, preciso encontrar Scarlett.

Ele soltou uma mão apenas pra afastar os cabelos soltos da trança do meu rosto, suas sardas pontilhavam seu nariz reto.

Scarlett: ROSETTA EU NÃO TENHO O DIA TODO!

Eu fiz uma careta com o seu chamado e uma risada escapou de Hakon.

Rosetta: Eu preciso ir.

Hakon: Oh não, por favor.

Eu comecei a me afastar quando ele me puxou mais pra si e me beijou, era tão doce quando uma fruta de romã, eu retribui afastando o meu corpo para conseguir não levar um bronca e desgrudei nossos lábios com o peito leve por receber isso de manhã.

Hakon: Terei que sequestra-lá para ter tempo o suficiente?

Rosetta: Eu tenho coisas dessa corte pra resolver.

Hakon: Eu fico de joelhos se me der mais um beijo!

Eu soltei um riso com tamanha audácia e drama, eu dei uma ligeira corrida antes de beija-lo denovo, o sentimento de ser desejada ruborizava minhas bochechas.

Rosetta: Acredite, eu prefiro que fique de joelhos para outras coisas.

Eu dei um último selinho vendo seus olhos arregalados antes de começar a correr depois de escutar meu nome ser gritado mais uma vez.

Tentei beber o tônico outra vez como na primeira vez e minha pele ficou laranja, nada contra quem tinha pele nessa tonalidade, mas definitivamente não combinava comigo, Scarlett me deu uma fruta para voltar ao normal. Não entendia porque era tão difícil e complicado, já estaria morta tantas vezes.

𑁍

Eu caminhei no castelo em direção a sala de reuniões que me informaram onde Rynon e Louise estavam, abri as amplas portas de madeira escura, me deparei com uma grande mesa circular, vários pergaminhos, livros e papéis sobre ela, 10 cadeiras postas.

Rynon que segurava um papel na mão levantou o queixo que estava apoiado no punho para me olhar, seu olhar confuso e sério era diferente daquele que eu havia visto na noite passada, eu não sabia se isso era bom ou ruim.

Louise deixou a cabeça tombar pro lado entrelaçando as mãos na frente do livro que lia certamente curiosa sobre o motivo de interrompê-los.

Rosetta: Preciso conversar com vocês.

Louise: Prossiga.

Eu me aproximei da mesa para contar a minha conclusão que havia tido na madrugada.

Rosetta: Vocês dizem que os feéricos somem sem deixar rastros até mesmo de luta, o que significa que eles não tem medo doque apareça primeiro, precisa ter uma aparência convidativa certo?

Louise franziu as sombrancelhas esticando o braço pra pegar um pergaminho.

Rynon: Continue o raciocínio Rosetta.

Rosetta: Não pode ser uma criatura temida e eles não estão sendo levados, eles estão sendo teletransportados.

Louise: Mas isso requer muita magia.

Rosetta: Como requereria muita magia para fazer os outros se matarem com pesadelos, a cela 3 pode ter sido aberta com magia, os espectros no solstício também, desde que tivesse alguém do outro lado.

Rynon: Nós nunca pensamos nisso?

Louise: Só havia os desaparecimentos, não invasões e ataques, por favor Rosetta continue.

Rosetta: Com licença.

Eu peguei um dos livros que estavam na mesa que já conhecia, sabia que eram de Louise e comecei a folhea-lo, minhas mãos começaram a tremer então eu o coloquei na mesa na página certa.

Louise: Bruxos.

Rynon: Então temos uma direção à ir.

Eu respirei fundo de alívio, eles não havia me contestado ou dito que falava besteiras como os machos feéricos de Byron.

Rynon: Obrigado Rosetta.

Eu acenei com a cabeça e me virei pra porta saindo. A fechei encostando minhas costas relaxadas, Dietric saiu das sombras tentando decifrar minha reação.

Dietric: Então?

Eu tentei segurar a risada mas ela escapuliu pela minha boca, os ombros rígidos baixaram um pouco, o sombrio me deu um empurrão pro lado.

Rosetta: Eu arrasei.

Dietric: Está preparada?

Eu soltei um bufo encostando minha cabeça no seu ombro.

Rosetta: Você não vai pegar leve né?

Dietric: Você quer ser boa?

Rosetta: Quero.

Dietric: Então vou te fazer a melhor espiã que já treinei.

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