Cap 38: Corra contra correnteza

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Tudo descongelou então, nos aparatamos. Com os olhos abertos estávamos na floresta, respirando ofegante vi que uma cabeça ruiva apareceu no rio do outro lado.

Belle: Rápido!

Sons de botas no chão, guardas. Eles sabiam que se eu fugisse a melhor rota seria pela floresta, desgraçados. Dietric segurou minha mão com força quando começamos a correr em direção ao rio.

Eu não tive tempo de prestar muita atenção quando vi os soldados feéricos muito perto desembainhado espadas, Dietric me empurrou pro rio, a água fria na minha pele acordou meus sentidos. Estava escuro o suficiente pra eu não ver nem uma palma a minha frente, Dietric também pulou e uma luz surgiu.

Isabelle estava brilhando debaixo da água na sua forma natural, mas havia um macho a sua companhia, seus cabelos ruivos que deveriam bater nos seus ombros dançaram na água, um tom de azul igualmente ao de Isabelle cobria sua pele, suas escamas da calda brilhavam em um verde metálico.

Belle fez um sinal de silêncio pra mim e Tric. Não sei quanto tempo eu poderia ficar aqui debaixo da água escondida, meus pulmões começaram a arder, eu sabia que os guardas ainda estavam na superfície me esperando.

Isabelle se aproximou soprando bolhas nas minhas narinas as enchendo de ar, eu consegui respirar e o tritão fez o mesmo com Dietric. Ela chamou com a mão enquanto começava a se mover, suas guelras estavam mais aparentes. A sirene segurou a minha mão me puxando e Dietric foi levado pelo ruivo ao seu lado.

O vestido não estava ajudando, se tornando pesado, eu tirei minha adaga da coxa e o cortei pela metade tirando os tecidos pesados.

Nós entramos em uma caverna marinha muito escura abaixo do solo, apenas o luminar da pele dos nadadores para ver, nós começamos a se mover para cima, um fleche de luz dizia que estávamos indo para superfície.

Eu engasguei quando minha cabeça saiu da água, Dietric arfando e tomando o ar a goladas, nós andamos até a margem. Mathias e Scarlett seguravam lampiões na carvena, sons de alguns morcegos soaram.

Mathias: Está ferida?

Eu neguei com a cabeça, Isabelle se sentou na superfície junto com o tritão. Scarlett jogou uma toalha nos meus ombros enquanto esfregava meus braços.

Scar: Como você dá trabalho em garota.

Com os pés descalços eu senti o solo, scar tentava me manter quente, meu peito se enrolou. Eu soltei uma risada com choro enquanto abraçava ela.

Scar: Você está a salvo agora.

Eu tremi no seu aperto, Mathias também nos abraçou, Scarlett fazendo uma careta deixou, escutei barulho de água, Belle trocava sua calda metálica por um par de pernas, Scar também a cobriu com uma toalha e lhe entregou roupas.

Belle: Também é bom te ver Rose.

Eu limpei meu nariz que deveria está escorrendo quando sorri, o tritão começou a fazer o mesmo, quando notei já estava de pé, e Deuses ele também estava pelado.

Os machos começaram achar muito interessantes as paredes rochosas, não que não tivessem feito o mesmo por Belle, eles a tinham respeito, mas o ruivo enorme pelado claramente os deixou desconfortáveis.

: Vocês tem uma aversão a naturalidade não é?

Belle: Deixe de ser arrogante irmão!

Eu escutei ela falar do lugar escuro onde estava se trocando, Scarlett também o entregou roupas.

Scar: Não sei se iram caber, mas nós não somos acostumados com tanta naturalidade.

Na cultura das sirenes, um corpo refletia muitas coisas, mas não algo para se envergonhar, eles achavam normal a exposição.

Belle voltava enquanto ele ia para sombras, vestida de calças pretas e blusa longa, ela me deu um abraço apertado.

Belle: Desculpe pelo meu irmão, ele é... tradicional.

Rose: Você o trouxe para me resgatar?

Mathias: A rota pelo rio era o único lugar que não estava sendo vigiado e que não a reconheceriam.

Belle: Sorte a nossa príncipes e princesas serem corajosos o bastante pra invadirem um reino onde não se arriscariam tanto quanto um camponês.

Senti que iria chorar, eles faziam isso por mim, e eu os temi quando conheci, os subjuguei e eles me conheciam somente a meses.

: Não levando pro pessoal, mas temos que ser rápidos, bom te conhecer Rosetta, meu nome é Eythos.

Mathias: Ele está certo.

Eythos parecia ser mais velho que Isabelle, mas a semelhança era exorbitante, os mesmos lábios cheios e rosados, a diferença era que seu rosto era muito mais marcante e o de Belle mais arredondado. Me forcei a começar a andar com grupo, duas espadas estavam presas nas costas de Mathias.

Vi Scarlett pegar um arco no chão e colocar uma aljava nas costas, armados até os dentes. A luz do luar cobriu nossas cabeças quando saímos da caverna, Dietric soltou uma música em assobio que foi estranhamente respondida, imaginei que não poderia ser um pássaro.

Dietric sorriu quando apertamos o passo, perto de um penhasco uma figura de ombros largos com vestes pretas estava perto da beirada. Chegando perto notei os fios loiros, sua cabeça se virou em nossa direção.

Rynon.

Minhas mão tremeram, não parecia que o havia encontrado horas atrás, bem mas era ele, ele por completo, sem magia para máscara-ló. Meu peito descia e subia rapidamente quando o seu olhar pesado segurava o meu.

Ele tirou as mãos do bolso começando a andar, meus joelhos quiseram fraquejar mas eu me vi indo em sua direção, como um... como um imã.

Quando achei que ia ceder, seus braços me pegaram, não senti minhas lágrimas até um gosto salgado atingir minha boca. Ele estava destinado a me odiar, a proteger seu reino de mim por uma profecia, e estava aqui, havia planejado um resgate, ele não me deixou.

Suas mãos me seguraram mais perto enquanto eu soluçava no seu peito, ele me dava beijos na cabeça.

Rynon: Está tudo bem.

Era tudo tão profundo, as sensações, as situações, uma carga elétrica me atingia quando nossa pele se tocava.

Rynon: Nós temos que ir para casa, teremos tempo se lembra? Como você me disse.

Eu rezaria aos deuses por isso, mas um deles me queria devolta aqui em breve e eu teria que entrar no jogo.

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