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    01:12 PM. Depois de andar com Lara pelo campus por todo esse tempo, não parece que algo no clima desse mundo afeta seu corpo de alguma forma. Seu corpo não deixa de continuar gelado e nem sinal de estar ofegante ou cansada. Nós voltamos para o dormitório e ela deixa a minha touca em cima da cama.
- Uuh... O sol é mais quente do que eu esperava.
- Estava sentindo calor?
- Estava, mas até que é bem agradável.
- Isso é o que você começou a achar. Com o passar do tempo, vai ver que não é tão agradável assim.
- É? Hm... Não parei pra pensar nisso. Então, onde posso me trocar?
- Se troque aqui mesmo.
- Aqui? Com você olhando?
- Melhor tirar logo esse vestido, mais tarde vou colocar pra lavar.
- Não dá para ir no banheiro?
- Não. O time de futebol estão tomando banho lá.
- Aah... Não olha. Tá bom? Ou... - Ela vira o rosto para o lado. - ... Você quer ver?
- Eu prefiro não responder. Apenas faça o que tem que fazer.
  Pego meu celular, me sento na cama e abro a garrafa ainda com a bebida da noite passada. Vejo a mensagem que Luce me mandou agora pouco pedindo para ir no seu quarto mais tarde. Enquanto isso, Lara ainda se veste com a calça, parecendo ter problemas.
- Pronto. - Volto a olhar para ela usando uma blusa preta com uma borboleta azul no centro e uma calça jeans colada com a borda dobrada um pouco mais abaixo do joelho. - Então?
- Ficou melhor do que eu esperava.
- Não é? - Ela sorri.... Suas expressões me passa a impressão de que está feliz, mas ainda tenho dúvidas sobre isso. Ela se senta no meio das minhas pernas cruzadas. - O que fará de tarde?
- Ainda tenho algumas aulas.
- Aah...
- Por que?
- Nada. - Tomo um pouco da bebida e Lara pega a garrafa da minha mão tomando direto também. - Isso é bom?
- Não mais.
- Por que?
- Não consigo mais sentir o gosto da bebida e nem os efeitos.
- É... - Ela fica um pouco receosa, achando que é sua culpa o motivo da minha insatisfação. - Até você vai ter dificuldade pra se acostumar com isso.
- Você tá mais gelada agora. - Eu a abraço por trás, passando meus braços ao redor da sua cintura e deitando minha cabeça no seu ombro.
- O que tá fazendo?
- Não tem problema, não é? - Sinto o cheiro de Luce na blusa e fico ainda mais leve com isso.
- Não, mas... Por que?
- Você está gelada. Só isso.
- Tudo bem...
- Não fique achando que eu a culpo por algo, Lara.
- ...
- Não fique preocupada com esses sentimentos desnecessários.
- É difícil pra mim... Não me sentir culpada pelo que você está passando. Eu não consigo não me importar e achar que está tudo bem.
- Isso é o oposto de mim, na maioria das vezes.
- Sim, mas você ainda se importa com aqueles que você gosta.
- Aqueles que eu gosto... Só tenho duas pessoas assim.
- Talvez três?
- Talvez...
- Mesmo depois de todo esse tempo...
- Não, não fale dela.
- Tá bom, me desculpa. - Aperto meus braços um pouco mais ao redor da sua cintura e ela simplesmente aceita.
- Precisamos ir comprar roupas pra você. Vamos ir nesse final de semana.
- Roupas?
- Sim. Não precisa ser muito, mas roupas íntimas vai ser necessário.
- O que é roupas íntimas?
- Algumas peças de roupas específicas para proteger partes específicas do seu corpo.
- Em quais partes exatamente? - Coloco uma das minhas mãos sobre os seus peitos e seu coração se acelera.
- Aqui. E... - Coloco minha outra mão na sua cintura no meio das suas pernas. - Aqui. - Suas pernas ficam trêmulas e seu coração está ainda mais acelerado. - Sem essas roupas, qualquer passo em falso e você pode ficar completamente exposta. Não quer que isso aconteça, quer?
- N-não...
- Então você entendeu. - Volto a abraçar sua cintura e ela volta a acalmar seu coração agitado.
- Por que está fazendo tudo isso por mim?
- Eu disse, não disse? Eu vou cuidar de você agora.
- Mas por que?
- Você é importante pra mim. Eu tenho que cuidar daqueles que são importantes pra mim, não é? Não posso aceitar outra perda e muito menos a sua.
- ... Então tudo bem se eu fizer o mesmo?
- Claro. O que você pode fazer por mim?
- O que você quiser. Eu posso fazer qualquer coisa.
- Tem alguma ideia de como essas palavras soa na minha cabeça?
- Sim. - Ela se vira, passando suas pernas por trás de mim, ainda sentada no meu colo. Seus olhos expressivos... brilhando com a vergonha que está sentindo agora, mas não hesita nenhum pouco. - Eu também... Sei que essa é a sua posição favorita.
- Mesmo depois de perder algumas de suas memórias, ainda me conhece bem.
- Eu disse, posso fazer qualquer coisa que você quiser.
- Vou me lembrar disso.
- Então quer que eu... Faça algo agora?
- Hmm... Estou pensando. Tudo bem pra você ficar assim? Estou vendo que está com vergonha.
- Está tudo bem. Se você gosta... Então eu também estou gostando.
- Não gosto quando você me prioriza desse jeito.
- Por que?
- Você não é minha submissa, nem uma empregada. Não deve se lembrar de tudo que passamos juntos, mas não tivemos esse tipo de relacionamento.
- Então como era? A sua relação comigo antes?
- Hm... Éramos bons amigos. Não, acho que amigos não é a palavra certa pra isso, éramos como se fossemos um só, você me entendia completamente, então sabia que nunca tive desejo sexual por você, nem por ninguém, mas isso não quer dizer que não a vejo como mulher. Você cuidava de mim e eu... Eu sempre precisava de você pra me ajudar a dormir ou ajudar a me acalmar. Era assim que você era antes.
- Ah, você deve estar me achando estranha agora... Me desculpa. Eu não me lembro... muito bem de nós. Eu posso parar com isso... Se você quiser.
- Faça como achar melhor. Se você quiser parar, eu não vou te impedir. Só depende de você.
- Já que é assim, eu vou continuar desse jeito. - Acabo de dar a ela liberdade de fazer algo por conta própria... Ignorando uma das coisas que Toby havia dito, nas não parece que algo nela mudou, não há nada de errado em suas atitudes desde que eu falei. - Ei...
- Hm?
- Vamos ficar juntos... Para sempre, né?
- "Para sempre"?
- É, para sempre. - Uma lágrima de sangue escorre pelo canto de seu olho e ela me abraça, deitando a cabeça no meu peito. - Sinto seu coração pulsando, mas não está acelerado. Por que?
- Por que...? Não sei ao certo.
- Você gosta de mim?
- Sim.
- Então, por que não está acelerado?
- Eu não sei.
  Ela lavanta a cabeça voltando a olhar diretamente nos meus olhos.
- Como faço para deixá-lo acelerado?
- Por que quer fazer isso?
- Eu fico assim às vezes sem motivo nenhum e eu quero entender o porquê.
- Não deve ser nada além de um efeito colateral. Tenta esquecer isso.
- Ah, tá legal. - Limpo o sangue que escorreu pelo seu rosto e pela sua expressão de surpresa, ela não parece ter percebido esse sangramento repentino. - Caso alguém pergunte o que nós somos. O que eu deveria responder?
- O que você acha?
- Irmã?
- Adotada.
- Por que adotada?
- Porque...
- Uhum... por que?
- Não sei. - Ela dá risadas. - Qual a graça?
- Nada, nada. Você precisa de sangue?
- Não. Ainda aguento um pouco mais.
- Suas presas voltaram. Precisa tomar enquanto pode. - Tirando o cabelo de cima do pescoço, ela deixa a região totalmente exposta. - Tudo bem. Tome o quanto precisar. Eu disse que cuidaria de você.
  Me aproximo do seu pescoço e isso por algum motivo, me excita. A pulsação dela aumenta e apenas passo a desejar o sabor do seu sangue. Cravo meus dentes em sua pele e seu coração volta a se acelerar como antes, deixando seu corpo ainda mais gelado. O seu gosto continua doce. Quando eu a solto, suas bochechas estavam coradas e a respiração descontrolada igual a pulsação do seu coração. Isso a afeta de alguma forma, mas ela não quis me dizer antes. Ela encara os meus olhos por alguns segundos e volta a aproximar seu rosto do meu, passando a lingua no canto da minha boca, limpando o sangue escorrido.
- Você ainda não me respondeu. Como isso te afeta?
- Uma sensação... Estranha. Não sei como explicar.
- Está excitada?
- Não. Não acho que seja isso. - Ela aperta as pernas e bagunça meu cabelo.
- Então, o que tá sentindo?
- Consigo descrever um pouco...
- Então fala.
- Cnfiança, egoismo, auto-estima, falta de medo ou remorso e... Uma vontade insaciável de sadismo.
- Sadismo?
- Sim. Sinto uma forte necessidade de ferir ou matar alguém, mas eu não quero fazer isso. Pode dar um jeito nisso?
- Claro. - Ela para de apertar as pernas ao meu redor e relaxa com a cabeça nos meus ombros. Me concentro um pouco no seu corpo e conforme desejo, suas emoções se acalmam, seu batimento cardíaco volta ao normal e e todo esse desejo desaparece de sua mente. - Pronto. Não precisa mais se preocupar com isso.
- Obrigada.
- Sem isso, você iria machucar até a mim?
- Não. Eu nunca seria capaz de levantar a mão para você. A menos que você ordenasse.
- Esse efeito dura por quanto tempo?
- Da última vez durou duas horas, mas da última vez, eu não conseguia descrever exatamente o que estava sentindo e foi mais fraca do que agora.
- Eu não posso deixar você machucar alguém.
- Ainda é agonizante rejeitar este desejo, mas eu vou fazer do seu jeito.
- Não consegui tirar o efeito por completo?
- É bem mais complexo. Requer conhecimentos do qual não temos, mas melhorou um pouco.
- Então darei um jeito nisso outra hora. Agora, eu preciso voltar pra aula.
- Precisa mesmo ir?
- Se eu não for, isso pode causar problemas pra mim.
- Ah... É verdade.
  Ela sai de cima das minhas pernas, se sentando ao meu lado.
- Lembre de anotar tudo.
- Tá bom. Boas aulas.









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