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  11:41 PM. Eu estou deitado no sofá com o copo até a metade de vodka na mão, Anna está sentada no chão encostada na parede ao meu lado, acompanhando o vocal de Lonely Day de System Of A Down. Por mais bêbada que ela esteja, ela ainda não dormiu e nem vomitou até agora. Talvez ela não saiba, mas eu percebi que estava chorando ao meu lado tentando não ser notada. Eu me viro em direção à ela, a encarando. Ela me olha constrangida e em resposta, vira o resto de bebida que tinha no seu copo. Já haviamos tomado tanto da garrafa que nem parece estar tão cedo ainda. Anna volta a me encarar, seus olhos e seu rosto estão um pouco vermelho por ter tomado tanto, mas acho que estamos na mesma situação.
- Ei... - Ela diz.
- Hm?
- Posso me deitar aí com você? - O sofá não é assim tão grande, mas não deve ser um problema já que somos igualmente magros.
- Uhum. - Me afasto um pouco pra trás e ela se arrasta pelo chão até chegar no sofá, se sentando na borda e deitar na minha frente virada para mim. Seu corpo está quente, um calor agradável e apesar disso, ela parece não se incomodar e até o cheiro do seu perfume é difícil de ignorar. Nossos rostos estavam perto o bastante para eu poder sentir sua respiração em meu pescoço. Isso me lembra Lara... mas a expressão dos olhares são bem diferentes. Posso sentir o desejo dela, posso sentir o que ela está tramando e se eu estou certo, é o mesmo que eu quero.
- Como você está agora? - Pergunto.
- Eu estou bem... Muito bem. E você?
- Também, eu acho.
  Acaricio sua bochecha e a aproximo um pouco mais, afastando a mecha de cabelo que estava nos seus olhos. Eu sinto os lábios dela juntos aos meus, sua expressão e seu ressentimento, eu consigo sentir tudo isso... Ela fecha os olhos e nossas bocas entram em sincronia novamente. Eu passo a desejar ela cada vez mais, mesmo que eu não tenha planejado isso. Volto a afastar meu rosto e seus olhos estavam com um brilho diferente agora, sua respiração está um pouco pesada e sua expressão havia mudado. Parece que ela não tá mais hesitando, não tinha visto essa sua expressão ainda, mas agora seus olhos expressam tudo como se fossem portas abertas. Isso é algo que ela gostaria de estar fazendo, algo do qual ela tem certeza que não se arrependeria e eu não quero decepciona-lá. Me aproximo do seu rosto e lhe dou mais um longo e profundo beijo até ela não aguentar mais segurar a respiração, eu a solto. Sinto meu celular vibrar em meu bolso e me afasto um pouco. Era minha mãe ligando.
- Anna, pausa a música e fica em silêncio.
- Ah... Tá... Pode deixar. - Ela sai do sofá e aperta o botão da caixinha de som.
- Filho? - Sua voz ecoa do outro lado da chamada.
- Oi?
- Já comeu algo?
- Não, ainda não.
- Sem fome de novo?
- Sim. Por que ligou?
- Agora mesmo tem um motoboy indo aí em casa, levando duas pizzas.
- Por que?
- Pra você comer, caso fique com fome. Eu já paguei, então é só pegar com ele.
- Vai demorar pra ele chegar?
- Uns cinco minutos, mais ou menos. Fica atento a campainha.
- Uhum.
- Que horas são aí?
- Falta pouco pra dar meia noite.
- Sério? Achei que ainda fosse sete horas.
- Tem fuso horário onde você tá?
- Bastante. Me desculpa por mandar a janta tão tarde.
- Eu não ligo, sério.
- E então, como você está?
- Você sabe... O mesmo de sempre.
- Entendo. Bom, então tudo bem. Caso a entrega não chegue, me avise.
- Tá bom. - Encerro a chamada e Anna me encara preocupada.
- Era a sua mãe? Ela está vindo?
- Era ela, mas ela não está vindo ainda. Só me avisou sobre uma entrega. Não precisa se preocupar.
- Aah... Que alívio.
- Então, você vai querer continuar aqui na sala ou ir para o quarto?
- Bem, eu estou um tanto interessada em ir para o seu quarto.
- Então pega essa garrafa de vodka e leva pra lá. Eu vou ajeitar as coisas por aqui.
- Mas tá vazia.
- Mais tarde eu jogo isso fora. - Ela faz o que eu digo e entra no quarto, fechando a porta. Pego os copos do chão, a garrafa de refrigerante e levo para a cozinha. Guardo a caixa de som no quarto da minha mãe e pelo visto, está tudo em ordem. Entro no quarto e a luz está ligada, Anna sentada na beira da cama um pouco bagunçado ainda repara o quarto todo.
- Aqui tem o seu cheiro.
  Deixo meu celular em cima da cama e volto pra cozinha, já esperando que fôssemos beber aquela outra bebida também, eu pego outro copo limpo. Ouço uma moto estacionando em frente a casa e antes que tocasse o som irritante da campainha, eu vou até a porta. Ele olha para o endereço no papel e volta a olhar pra mim.
- Foi aqui onde pediram duas pizzas?
- Quais são as pizzas?
- Uma é de calabresa e a outra de mussarela. Recebi um pedido de... - Ele volta a olhar o papel. - Uma senhora chamada Elaine. Dizendo que era pra entregar a alguém chamado Ethan.
- É, esse sou eu. E quem fez o pedido foi a minha mãe.
- Ah, ok. Aqui está. - Pego as duas caixas das mãos dele. - Preciso que você assine este papel para mim.
  Após isso, eu fecho a porta sem dizer mais nada e deixo as duas caixas de pizza dentro do microondas. Apago a luz da sala e volto para o quarto.
- Senti cheiro de pizza.
- Quer comer agora?
- Não, não estou com apetite.
- Ok. Ainda tem uma garrafa cheia aqui no quarto.
- Desde quando?
- Desde aquela vez que Sam e Laura também estavam aqui.
- Vamos beber então. - Eu me sento ao lado dela e abro a garrafa ainda lacrada, tomando um gole direto.
- Aah... Que bicho tem aqui nesse terrário? - Ela olha curiosa para o que tem dentro do vidro, mas a aranha ainda está escondida sob a terra.
- Uma tarantula.
- Você gosta de aranha?
- Sim.
- E cadê ela?
- Dentro da toca.
- Queria ver ela.
- Ela ainda não se acostumou com o lugar. Melhor deixá-la em paz, por enquanto.
- Então... - Ela volta a se sentar ao meu lado, aproximando o rosto do meu. - Vamos continuar? Apesar de estarmos um pouco bêbados, ainda estamos bem conscientes.
- Não tenho preservativos.
- Não se preocupa com isso. - Ela pega a garrafa da minha mão e toma um bom gole. - Felizmente ou infelizmente, eu não posso engravidar.
- Por que?
- Quando eu era pequena, fiz alguns exames médicos... Na linhagem da família da minha mãe, tenho três tias que não podem engravidar e bom, acabei herdando isso também. - O tom de sua voz é tão baixo que quase não sai. - Mas enfim... Ainda tem algo que te preocupa?
- Não.
- Ótimo...
  Ela se senta por cima das minhas pernas, enrola os braços ao redor do meu pescoço e me beija, mais agressiva, mais excitante, mais a vontade... Pelo visto, ela já não aguentava mais se segurar. Passo minhas mãos na sua cintura e levanto sua blusa, mas não pretendo tirar seu sutiã. Ela me olha um pouco hesitante e me entrega a garrafa. Beijo o seu pescoço, a deixando ainda mais relaxda, sinto que isso a afeta de uma forma positiva e acabo provocando ela ainda mais. Lhe dando cada vez mais beijos no pescoço e na clavícula, até próximo a borda de seu sutiã.

  01:21 AM. Abro a porta do quarto e vou até a cozinha. Pego algumas fatias de pizza, deixo o resto dentro do microondas e volto pro quarto com o prato. Ao deixar em cima da cama ao lado de Anna, ela vira o olhar para mim. Abro a janela do quarto e hoje é noite de lua cheia. Desligo a luz do quarto, me sento ao lado de Anna na cama, agora usando só o sutiã e a cintura pra baixo dentro da coberta. Ela pega um pedaço e arrumo um pouco da bebida no copo. Volto a me levantar da cama, vou até a janela e me apoio na beira, sentindo o vento gelado de pós-chuva e o cheiro do gramado molhado. Tomo um pouco dessa bebida pura e já não sinto mais meu estômago se incomodar com isso.
  Anna se levanta da cama também, terminando de comer uma fatia e vem até mim com mais um pedaço em mãos, ela se senta entre as minhas pernas e coloca a pizza na minha boca, onde dou uma mordida e entrego o copo para ela. Ela sente o cheiro do álcool, esboça um sorriso após tomar um pouco e passa os seus braços no meu pescoço de novo. O que deve ser essa sensação estranha que estou sentindo...
- É prazer. - Lara me responde. Prazer? Entendo... Então, isso é prazer.
- Esse clima está tão bom. - Anna diz.
- É, está mesmo. - Eu a beijo agora com uma sensação bem mais íntima e despreocupado. - Esse era seu plano desde o começo?
- Não.
- E como isso aconteceu?
- Te jogando dentro de uma piscina de madrugada. - Ela dá uma risada e passo minhas mãos pela sua costa, fazendo ela se arrepiar com o frio usando só sutiã e calcinha. - Você... Também queria isso. - Ela me entrega o copo e termina de comer a fatia de pizza de calabresa que tinha pegado.
- Naquele momento, no sofá... Foi a primeira vez que pude decifrar o que você estava sentindo, eu gostei do que vi e não hesitei quando percebi que você também estava animada.
- Você e seus poderes psicológicos estranhos. Sabe, você é a primeira pessoa com quem... - Ela vira o olhar para o lado. - Com quem faço isso.
  Ela pega minha camiseta em cima da cama e volta pra mim, cobrindo o seu torso com a roupa que acaba de pegar. Fico sem dizer nada além de ficar a encarando, ela parece ainda mais linda agora. Tomo mais um pouco do copo e acaricio seu rosto, dando o copo pra ela. A aranha dessa vez está do lado de fora em cima de um galho parada olhando pra mim.
- Olha só, você queria ver ela. - Anna volta sua atenção para o terrário e fica olhando atentamente pra ela.
- Pega ela pra eu ver melhor.
- Pega você.
- Eu não.
  Coloco minha mão no galho onde ela está e bem lentamente, sobe até o meu pulso por conta própria. Volto para a luminosidade da lua e Anna mantém uma certa distância. As cerdas na parte de trás está quase toda desgastada, não vai demorar para ela chegar na outra muda de pele.
- É linda...
- Vem cá, não fica tão longe.
  Ela se senta na minha perna ainda longe, sem tirar os olhos da aranha.
- Qual o nome dela?
- Ela não tem nome.
- Por que?
- Não cheguei a pensar em um. - Ela começa a escalar meu braço. - Quer dar um nome pra ela?
- Posso?
- Uhum.
- Que tal... Hmm... Cristal?
- "Cristal"?
- Crista, seria legal, eu acho. Não! - Ela dá um salto de empolgação. - Já sei. Que tal... Aqua?
- Aqua... Eu gostei.
- Combina, não é?
- Sim. Quer pegar ela?
- Ela não vai me morder, né?
- Não. - Ela se senta ainda mais próxima e estende sua mão em frente a ela.
  Com o dedo indicador, eu a viro em direção a mão de Anna e se sentindo mais a vontade agora, ela caminha em direção a ela. Com ela já sobre a sua mão, ela a aproxima do rosto, fazendo carinho por cima do seu corpo com a outra mão.
- Oi, Aqua. - Aqua esfrega as pedipalpas nas presas como se estive respondendo ela de alguma forma. - Ela é mesmo fofa.
- Em breve ela vai começar a próxima muda de pele, então vamos deixar ela quieta.
- Claro. - Ela mesma aproxima Aqua de um dos galhos do terrário e ela volta para dentro da toca. Enquanto está distraída com a Aqua, eu pego o copo da sua mão. - Ei, eu ainda não tome- - Ela treme as pernas do nada e fica nervosa. - ... Eu preciso ir no banheiro. - Ela sai do quarto às pressa.

  10 minutos depois, quando ela volta, parece estar melhor.
- O que tava fazendo?
- Nada.
  Ela para na minha frente e toma o resto que tinha no copo. Seguro sua cintura e ela tira a camiseta e o sutiã, voltando para a cama juntos. Deixo a janela aberta, o copo ao lado do prato no chão e Anna volta a ficar por cima de mim, a luz da lua clarea ela toda e seus olhos brilham, sorrindo enquanto me beija. A cada toque dos nossos lábios, eu sentia seu pescoço arrepiar. Passo minha mão na sua cintura querendo cada vez mais tirar sua calcinha de novo.
- Então...
- O que?
- Você gostou? O que... achou?
- Podemos fazer de novo e aí vou ter certeza do que achei. - Ela dá umas risadas, achando graça.
- Está bem.




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