Volto para o quarto e tranco a porta novamente, não sinto a presença de ninguém tão perto de nós e como eu já tinha programado, agora é uma boa hora de voltar para Creta. Me sento ao lado de Lara e ela me olha um pouco receosa.
- Lara? O que foi?
- Nada.
- Eu quero ir pra Creta agora. Quer me acompanhar ou voltar para o mundo dos sonhos?
- Quero ir com você.
- Certo. Se quiser vestir qualquer outra coisa agora.
- Acho que vou assim mesmo. - Passo minha mão no seu rosto, fazendo ela me encrar e só então percebo que ela tá com um pouco de medo e nervosa.
- É sobre mais cedo?
- O que?
- O seu medo. É por minha causa?
- Não... Quer dizer...
- Não minta pra mim.
- Aah... O jeito que você falou comigo me deixou... triste e com medo porque achei que estivesse irritado comigo, achei que eu era culpada por algo... Pela morte do seu colega.
- Você se culpa demais. Eu não estava irritado, só impaciente.
- É, você sentiu raiva apenas uma vez e nem lembro quando foi.
- Foi com o meu pai.
- Ah, é verdade...
- Eu não queria ter falado com você naquele tom, eu só não percebi. Tá bom?
- Tá. - Seus sentimentos e sua mente são bem frágeis... Eu nunca reparei isso antes, se sentir culpada por coisas que não fez, ela precisa lidar logo com isso ou vai ficar cada vez mais difícil pra ela, mesmo que não seja assim tão fácil.
- Vamos, fazer algo vai te ajudar a se distrair disso.
Ela fica em pé ao meu lado e deixa sua pelúcia em cima da cama, quando entrelaça seus dedos aos meus, eu começo a fazer o que aquela garota tinha dito... Usar minha divindade pra me concentrar no último lugar onde estive. Assim que deixo essa divindade fluir pelo meu corpo, eu sinto ainda mais coisas ao meu redor... Pessoas, emoções, pensamentos, o que estão fazendo e o que estão prestes a fazer... Eu consigo sentir tudo mesmo em outros continentes. Eu não tinha reparado nisso na primeira vez que usei, mas não é isso que me interessa agora. Um portal começa a se formar na ponta do meu dedo e quando completo a nossa frente com mais de dois metros de altura e claro... É completamente dourado. Até mesmo portais são dourados, Deuses realmente gostam dessa cor.
- Este leva pra Creta?
- Se eu fiz isso certo... Sim, é pra Creta.
Faço as partículas douradas desaparecer do meu corpo e assim minha divindade volta a ficar neutra como estava antes. Entro por essa entrada ainda segurando a mão de Lara e agora estamos do outro lado. No mesmo lugar onde estive naquela treta com Poseidon. Eles concertaram a parede que quebrei daquela vez... Guardas voltam a apontar suas armas em nosso pescoço e continuam se aproximando, dessa vez sem nenhum comando para hesitarem.
- Ethan...
- Esperem! - Uma voz grave de um homem adulto ecoa pelo salão principal e eles começam a afastar suas armas de nós. - São vocês. De novo.
Eles abrem caminho e um homem... não, um Deus alto anda em nossa direção, sua armadura é verde jade e empunha uma lança na sua mão direita, aparenta ter próximo a 3 metros de altura e seus músculos exagerados não passa a impressão que ele é tão forte assim. Pela sua aparência, deve ser um capitão ou general do exército de Creta.
- Onde está o rei e Ariadne? - Ele fica com raiva de repente e encosta a ponta da sua lança na minha testa rapidamente.
- Pra fora. Os dois.
- A princesa lhe puniria por essa atitude.
- Eu estou no comando do palácio. O rei me deixou com a responsabilidade de cuidar de tudo enquanto está ausente.
- Então ele e Ariadne saíram a negócios.
- Ousa chamar a princesa dessa forma? Ponha-se em seu lugar, humano! - Sinto ele pressionar a ponta da lança na minha testa e antes que continuasse, tudo ao meu redor fica em câmera lenta. Aproveito isso para tomar a arma da sua mão e passar a lâmina pelo seu pescoço, abrindo um corte profundo, mas não o bastante para arrancar sua cabeça fora. Tudo volta ao normal e ele cai no chão, preocupado com a quantidade de sangue que sai do seu pescoço sem entender o que exatamente acaba de acontecer.
- É melhor VOCÊ se pôr em seu lugar, patético. Você é fraco como todos esses outros soldados, não passa de músculos. - Apoio meu pé na sua costa e isso acaba deixando os outros guardas irritados, mas não fazem nada com o resultado de seu superior ter caído tão facilmente por mim. - Lara?
- Hm?
- Dá um susto nesses merdas por mim.
Entrego a lança pra ela enquanto os outros se afastam de nós ainda com medo, mas não deixo o líder deles correr do meu pé, o pressionando cada vez mais no chão. Ela exala a minha divindade sobre o seu corpo, fazendo eles tremer de medo. A pressão é tanta que faz eles ficarem desse jeito... As gerações atuais de Deuses tem ficado mais fracos do que eu esperava. Deuses sentem medo... Isso não me parece muito superior aos humanos. Sem muito o que fazer sobre a divindade que Lara está usando, eles soltam suas armas e correm para fora do palácio.
- Pronto.
- O que acha desses soldados?
- Hmm... São bem fracos. Não é?
- E quanto a esse aqui? - Ele cai no chão conforme é pressionado pelo meu pé.
- Ele é mais forte que aqueles outros, mas ainda é fraco pra nós.
- Hm. De qualquer forma, viemos em um horário ruim. Nenhum dos dois estão no reino.
- E o que pretende fazer agora? - Ela joga a lança no chão.
- Antes de voltarmos para o quarto, quero que este "soldado" grave uma mensagem para o rei.
- Tá bom.
- Quando Minos voltar, quero que diga a ele: "Nós não temos intenção de tomar seu reino ou o seu povo, apenas quero conversar. Tem certas dúvidas que quero respostas e tenho certeza que Minos será de grande ajuda". Entendeu?
- S-sim...
- Ótimo. - Tiro o pé de sua costa e ele se levanta, pegando a lança que Lara soltou. - E eu falo sério em relação a isso. Se nos atacar novamente, as coisas irão mudar e talvez eu não tenha outra escolha. Entende?
- E-eu entendo...
- Então, estamos entendidos. Viremos em outra oportunidade. Avise-os sobre isso também.
Faço um portal que nos leva de volta para o quarto e Lara volta a segurar minha mão. Não ficamos tanto tempo por lá quanto eu esperava, mas tanto faz. Ela se senta na cama e eu acendo um cigarro, abro a janela e me sento na beira, deixando o vento levar a fumaça do cigarro embora.
- Não foi como o esperado, não é?
- Não mesmo, mas agora se passou três horas aqui enquanto estivemos por lá, o tempo entre esses mundo são bem diferentes.
- Isso não importa, não é?
- É, acho que não.
Ela se levanta da cama e vem até mim, passando seus braços ao redor do meu pescoço. Sem ignorar suas vontades incontroláveis, ela começa a me beijar, cada vez mais com vontade e cada vez mais excitante...
Ela acaba dormindo no meu colo depois de se satisfazer de tantos beijos ainda encostado na beira da janela, eu passo a noite inteira aqui enquanto ela dorme tranquilamente. Agora é cinco e meia da manhã e agora mesmo preciso levar Lara para o quarto de Tracy, enquanto todos ainda dormem.
- Lara? - Balanço seus ombros e ela acorda ainda com sono.
- Hm...?
- Preciso te levar para o quarto dela agora.
- Por que?
- Por causa daquilo. Levanta logo. - Termino de fumar o último cigarro da carteira e o jogo janela a fora.
Depois de trocar algumas mensagens com Tracy, parece que ela também não dormiu. Me encontro com ela do lado de fora do dormitório e deixo Lara sob seus cuidados por hoje. Ela se despede de mim com um abraço apertado, mas não pergunta quando vai poder voltar para mim de novo.
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The plans of Destiny
General FictionQuerido leitor, essa história que estão para ler vai muito além de apenas um drama adolescente - quando vimos que a natureza de sua alma fazia seu corpo humano fraco ser tão defeituoso a ponto de precisar de medicamentos para continuar vivo, pelo me...