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  Após conversar um pouco com a diretora, já decidimos como vai ser o modelo do logo da escola e agora só falta fazer acontecer. Bato na porta da enfermaria, mas parece ter ninguém, não sinto ninguém dentro dessa sala, pelo menos. A porta se fecha atrás de mim, aqui dentro está bem frio com os dois ar-condicionados a 15 graus. Não há entrada de luz do lado de fora e só tem uma luz da lâmpada de mesa acesa, com todo o resto desligado. Não vejo motivos para ligar as luzes do teto, então acho que consigo encontrar os remédios para Tomas assim mesmo. Procuro por uma cartela de remédios em uma caixa onde há várias outras cartelas de remédios diferentes umas das outras. Pego uma da qual os remédios são laranja meio rosa, deve ser esse. As luzes do teto se acendem e alguém fecha a porta atrás de si. Tracy... Ela me encara quando fecha a porta, um de seus olhos está tampado com a franja e o outro amostra marcado como se tivesse chorado, mas sem expressar nada. Ambos os braços estavam escorrendo sangue, mesmo usando uma blusa de manga longa, percebo pelo forte cheiro me atraindo. Ela passa por mim, pega duas faixas enroladas de dentro de uma gaveta e duas cartelas de remédio. Coloco os remédios no bolso da calça e antes de sair da sala, ela chama minha atenção segurando meu ombro.
- Pode me ajudar com isso?
  Ela me entrega as faixas e se senta em um banco que estava ao lado da mesa da pessoa que... deveria estar cuidando deste lugar. Fico parado na sua frente e ela estica seu braço na minha direção, levantando as mangas da sua blusa. Ao ver, deve ter no mínimo vinte cortes em cada braço, nem sequer tentou parar o sangramento, o sangue já seco por todo o seu braço.
- Tem certeza que quer enrolar nessa situação? - Ela hesita. - Acho melhor lavar antes.
- Tem uma pia ali. - Ela aponta com o dedo. - Era usado para jogar restos de remédios fora... A água ainda é limpa.
  Ela se levanta do banco e caminhamos até a pia. Giro a torneira e a água escorre pelos seus braços, metade do sangue sai, mas o resto continua grudado na sua pele. Pego um sabão que está ali por acaso e esfrego na minha mão até fazer bolhas.
- Isso pode doer. - Ela afirma com a cabeça. Esfrego seu braço com minha mão e a expressão de dor começa a esboçar em seu rosto. - Pronto. Agora não deve ter problema.
  Ela volta a se sentar na cadeira, lavo minhas mãos manchadas com sangue e volto a pegar a faixa, enrolando o seu pulso e subindo a faixa até o final do anti-braço e volto com a faixa até o pulso novamente.
- Então... - Ela me olha. - Quantos cortes fez?
- Vinte e cinco... Em cada braço.
- Cinquenta...
  Termino de enrolar os braços e ela fecha e abre os dedos das mãos repetidamente puxando o casaco preso na cintura e escondendo os braços novamente.
- Obrigada... - Saimos da sala e voltamos para o pátio. - O que você vai fazer com esses remédios?
- Tomas não tá muito bem, então vim buscar alguns remédios.
- Então... Até mais ou...
- "Sei lá". - Faço gestos de aspas com os dedos e um sorriso aparece no canto do seu rosto.
- Não conte sobre isso com ninguém, ok?
- Ok.

  Volto para o quarto e entrego os remédios para Tomas.
- Quais remédios você pegou?
- Eu não sei. Toma dos dois e se piorar eu chamo alguém que saiba melhor disso. - Ele ri.
- Valeu de novo, cara. - Eu olho para Lara e ela me olha de volta.
- Vamos.
- Não.
- Agora.
  Ela revira os olhos e se levanta da cama. Tomas fica rindo enquanto ela ainda tenta inventar uma desculpa para não ir tomar banho. Ela pega outras roupas que Luce havia te dado e para na minha frente, depois de eu pegar minha mochila que estava com minhas roupas, nós saímos do quarto. Não há nenhum aluno no banheiro e entramos em uma das cabines vazias. Tranco a porta, passando a alça da mochila por um dos ganchos da cabine e Lara faz o mesmo.
- O que tá esperando?
- Isso é mesmo necessário?
- Sim. Além disso ser um teste, também preciso que você se acostume a isso.
- Ah, tá legal. Você vai ficar olhando?
- Algum problema com isso?
- Eu ainda não consigo fazer isso.
  Tiro minha camiseta antes e ela fica olhando para a região exposta. Ouço vozes de alunos do lado de fora da cabine e Lara se encolhe contra o meu corpo, para evitar que eles a ouçam, eu ligo o chuveiro. Com a água fazendo esse barulho alto, começo a puxar sua blusa para cima e ela segura minhas mãos.
- Nãoo!
- Fique quieta.
  Ela solta minhas mãos e eu termino de tirar sua blusa, ela fica mais vermelha ainda com a região de cima a mostra. Viro ela de costa para mim e mordo seu pescoço, ela evita soltar uma leve reação com isso de repente enquanto abro o ziper da sua calça, com ela segurando minhas mãos, mas não me impedindo de tirá-lo. Ela levanta a perna e puxo sua calça para baixo deixando ela completamente nua, também tiro minha roupa e solto seu pescoço. Ela volta a se virar para mim com os olhos brilhando, as vozes dos alunos continuam ecoando por todo o banheiro. Entramos de baixo do chuveiro e ela se arrepia quando sente a água cair sobre o seu cabelo.
- Isso é gelado.
  A água começa a invadir seu corpo, escorrendo até as partes mais baixas. O banheiro se cala de repente e apenas o barulho do chuveiro ecoa pelo lugar agora e até então seu corpo parece não se ter algum efeito negativo com a água. Pego o sabonete da mochila e esfrego na minha mão, passando pelo corpo dela; pescoço, braços, peitos, costas, com ela ainda sem saber o que fazer, quieta na minha frente. Mesmo que o corpo dela não produza odores ou qualquer outro cheiro, ela tem que se acostumar com isso. Alguns minutos se passam e ela já não parece mais tão incomodada com isso.

The plans of DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora