Nessa merda de festa cheio de Deuses e músicas tão refinadas quanto valsa, eu me encontro apoiado na sacada daquela sala de banho desnecessariamente grande. Estou sozinho por aqui com uma garrafa de bebida que não sei o que é, mas que é bem mais efetiva que álcool. Isso não tem sabor de álcool, mas é muito melhor que qualquer outra bebida dos humanos. Até agora metade da garrafa se foi e ainda aguento bem mais que isso. Lara sabe onde me encontrar, mas como não veio até mim ainda, deve saber que quero ficar sozinho um pouco. Em meio a tudo isso, eu me esbarro comigo mesmo na bagunça dentro da minha cabeça enquanto observo o céu estrelado dessa noite silenciosa. Eu sei a hora exata que está acontecendo na terra agora e já me acostumei ao horário daqui... Nada fora do normal por enquanto. Iremos embora daqui a 3 dias. Temos pouco tempo, mas agora que aqueles três Deuses sabem quem eu sou, vai me poupar bastante trabalho. Eu diria que... O meu objetivo por aqui já foi concluído. Exploramos bastante coisa neste mundo como Luce queria, arrastei Lara para ter mais conhecimento sobre os lugares que ainda não fomos, isso que ela fez bem até agora. Não temos mais nada pra fazer aqui, por enquanto. Ouço o ranger das portas que ecoam pelo lugar e ao sentir pela presença, parece ser Ariadne. Os passos do seu salto alto vem se aproximando cada vez mais de mim até parar ao meu lado, ela observa o céu enquanto sua tiara brilha sob as luzes das estrelas. Tomo mais um gole da bebida e passo a observar o céu junto com ela, sem dizer nada... Simplesmente aproveita a leve brisa do vento que faz seu cabelo longo se embaraçar. Sua beleza consegue chamar mais atenção que a beleza de Athena. Não, ela é mais bonita que Athena, essa é a verdade. Ela passa uma boa imagem ao seu povo e isso é crucial para que todos a aceitem sem muitos problemas. Agora que me lembrei... Lara também era da realeza quando estava viva entre os humanos. Ainda me intriga não saber sua origem como humana, todos os detalhes soltos dentro deste paradoxo temporário... Eu preciso saber da verdade que me atormenta desde sempre. Eu ofereço a bebida para Ariadne e ela o vira na boca sem pensar duas vezes. Ela suspira e arranca a tiara de seu cabelo, o jogando dentro da água da piscina atrás de nós.
- Às vezes... - Ela começa a dizer. - Às vezes eu me questiono... Se tenho o necessário para herdar um peso tão grande como este. - Eu permaneço em silêncio, aguardando até ela encontrar as próximas palavras. - Todos os príncipes e nobres que vejo... São todos desprezíveis. Sendo assim... Eu não tenho outra escolha além de escolher aquele que vai mais beneficiar o reino. Para o bem do meu povo... Mesmo que eu tenha uma vida infeliz com alguém que não amo dentro deste palácio...
- Você tá sendo idiota por pensar demais nisso.
- Acha mesmo?
- Sim. Você está se atormentando por problemas que ainda não tem.
- Mas...
- Pense só nas diversas possibilidades de você ser feliz sem precisar de um rei ao seu lado. Se o seu povo realmente te admira, eles não vão se importar em ter um Rei, se há uma rainha tão eficaz quanto seu próprio pai.
- Eu... Aah, acha que consigo mesmo fazer isso?
- É o que você tem feito até agora.
- Não importa o quanto eu pense... Todas as possibilidades que vejo é que em alguma hora, vou fazer algo de errado e isso pode causar diversos problemas para todos.
- Mesmo que algo assim venha a acontecer, você tem que fazer o possível para fazer a coisa certa, mesmo errando, se esforce para corrigir sua falha. Você não pode ser tão insegura consigo mesma... Se lembre que você é uma princesa e que um dia se tornará rainha.
- Então... Se eu estiver segura sobre mim mesma... Vou estar pronta pra ser digna da segurança do meu povo?
- Talvez. Isso só depende de você. Se tiver qualquer dúvida, me procure. Eu posso ajudar.
- Eu fico contente por saber que está ao meu lado. Mesmo que... Não do jeito que eu gostaria. - Eu seguro seu rosto, fazendo ela olhar para mim. Ela fica um pouco confusa no início, mas a curiosidade toma toda sua expressão. As lágrimas que escorreram de seus olhos molhou toda a sua bochecha e mesmo que eu não deveria me importar... Ela acabou se tornando mais especial para mim do que eu pensava.
- Vai dar tudo certo. - Limpo as lágrimas que escorreram de seus olhos e ela me olha mais feliz agora, adquirindo a confiança em minhas palavras.
- Eu confio em você.
- Tá na hora de eu ir embora.
- Mesmo? Não quer ficar mais um pouco? Eu gostaria de falar mais com você.
- É melhor acabar com a nossa conversa por aqui mesmo. Eu estou com sono, de qualquer forma.
- Sono? Os humanos precisam dormir, não é?
- Uhum.
- Está bem então. - Ela aproxima seu rosto e me beija no canto da boca. - Tenha uma boa noite de sono.
- Mesmo que isso não devia acontecer...
- Hm? Fiz algo errado?
Dessa vez, eu que aproximo meu rosto do seu e lhe dou um beijo. Seus lábios trêmulos acompanham meu ritmo e ficamos nisso por alguns segundos até me tocar... que eu não devia ter feito isso.
- Seus lábios são bem macios.
- Me desculpe por isso. Você... Já ama alguém. Eu não deveria ter começado. Me perdoe. - Eu afasto meu rosto dela e dou uns passos para trás, enquanto me encara arrependida.
- Não foi sua culpa.
- ...
- Tenha uma boa noite, princesa.
- Igualmente...
Saio da sala de onde estávamos, deixando ela sozinha com aquela bebida como forma de consolo. É de se esperar que ela esteja com essa falta de confiança tendo que se preocupar com tantas coisas ao mesmo tempo. Volto para o salão principal onde todos estavam e como deixei aquela bebida me fazer um pouco de efeito, não estou tão sóbrio agora. Luce me vê descer as escadas e acena com o braço para mim, mas ao mesmo tempo, o rei Minos, mais próximo as escadas, também acaba me notando.
- Hypnos! Venha cá, meu jovem. - Vou até onde ele estava conversando com outros nobres do reino, todos com uma taça. - Este é o Deus... - Ele passa o braço pelos meus ombros, pelo visto, bem bêbado. - Não- Este é o homem metade Deus que trouxe tantos benefícios ao meu reino em tão pouco tempo.
- Me diga garoto, de onde tirou ideias para fazer tudo aquilo?
- Hm? Todas aquelas ideia foram com o objetivo de facilitar as coisas por aqui. Nada mais.
- Haha. Viram só? Este garoto um dia, irá revolucionar o mundo em que vivemos. Acreditem em mim.
- Nem ouse dizer tamanha besteira, meu Rei...
- Estou só brincando, seu nobre careta. Ah, aqui. - Uma das empregadas do palácio param na frente do rei com uma bandeja cheia de taças e ele pega uma. - Brinde conosco.
- Certo. - Pego a taça da sua mão e após bater as taças com os outros nobres a minha frente, nós todos viramos de uma vez.
- Aah! Era disso que eu tava falando!
- A propósito, Rei Minos...
- Minos. Pode me chamar apenas de Minos.
- Minos, precisamos ter uma conversa em particular.
- É algo sério?
- Não, é apenas um pedido meu. Você não vai recusar, né?
- Depois de tudo que fez, claro que não. Pois bem, se quer falar comigo em particular então nos dêem licença, por favor.
- Claro, vossa Alteza. - Eles se afastam de nós e agora estando somente eu e Minos a sós.
- Então, sobre o que queria falar?
- É a respeito de Ariadne.
- Minha filha. Você já tomou aquela decisão? Você sabe que é bem comum Reis e rainhas terem mais de uma esposa ou esposo, certo? Aposto que seria lucrati-
- Não. Não é sobre isso. O pedido que eu queria, era que você parasse de forçar Ariadne a encontrar logo um esposo.
- Por que?
- Tem algum problema em deixar sua filha tomar conta do reino sozinha?
- Não é este o problema, meu jovem. O problema é mais sobre passar uma imagem. Ela ainda é muito jovem pra uma responsabilidade como essa e eu penso nas futuras gerações que virão a tomar conta do meu reino no meu lugar. Você passou pouco tempo por aqui, então ainda não entende isso muito bem. Há excessões para povos que tem imperadores sem um casamento, seja para um Deus ou para uma Deusa.
- Hm...
- A imagem de cada reino é o que define quantos espólios são compartilhados entre eles, entende? Então se um reino é visto que há um imperador solteiro ou uma imperatriz solteira, é claramente visto como uma fraqueza. E outros Reis, tentarão abusar disso. Isso reduz a popularidade que o seu reino traz aos outros. Você me entende? Bem, claro que há excessões. Como por exemplo, Athena. Apesar dela tomar conta do reino dela sozinha, ela possui uma grande imagem e seu povo é exuberante em tudo.
- Eu acredito que Ariadne consiga dar conta de lidar com isso, como Athena fez.
- Ela lhe contou?
- Não, foi a conclusão que cheguei. Você é o pai dela, mas não sabe o que é melhor pra ela.
- Hmm... Está bem, Hypnos. Eu farei como você disse. Não irei mais insistir em fazer ela ter um casamento e deixar ela ter o seu próprio tempo.
- Obrigado por aceitar meu pedido.
- A menos...
- A menos?
- Que aceite mais um brinde com o velho aqui.
- E isso tem como recusar? - Ele dá uma risada pegando mais duas taças da bandeja da mesma empregada de antes.
- E quanto aquilo, eu não sei o quanto vocês conversaram, mas ela é uma mulher forte, até porque... - Eu pego a taça da sua mão. - Ela é minha filha.
- Uhum, certamente.
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The plans of Destiny
General FictionQuerido leitor, essa história que estão para ler vai muito além de apenas um drama adolescente - quando vimos que a natureza de sua alma fazia seu corpo humano fraco ser tão defeituoso a ponto de precisar de medicamentos para continuar vivo, pelo me...