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- Respondeu as atividades que deixei?
- Érr... Então.
- Deixa eu ver.
  Me sento na cama e ela se senta na minha frente, cruzando as pernas. Pego o caderno da sua mão e dou uma olhada nas suas respostas. Não são atividades básicas de linguagem como passei pra ela na primeira vez e nem do ensino médio, mas como eu esperava, ela conseguiu acertar todas perfeitamente. Se ela tem o mesmo nível de inteligência que eu, então ela deveria ser capaz de resolver isso sem muitos problemas como eu esperava.
- Então? Tá tudo certo?
- Te deixei um texto para ler e resumir o que entendeu. Você já aprendeu a ler, mas a pregação das letras, frases e a interpretação de texto ainda precisa ser praticado. Mas está tudo respondido detalhadamente sem exagero.
- E isso... É um elogio?
- Sim, é sim.
- Ah, ainda bem. Ei, eu vou aprender outras coisas também?
- Não precisa, você só vai usar este idioma.
- Mas quando for necessário, você vai me ensinar, né?
- Uhum.
- Matemática.
- Quer aprender matemática?
- Sim.
- Tá legal. Vamos ver até onde sabe.
- Eu não acho que sei algo.
- Um mais um?
- Se é adição... Então é... Dois?
- Um vezes um?
- Vezes? Hmm... Aah, dois?
- Errado.
- Por que?
- Mais tarde vou fazer a tabuada de vezes para você estudar, mas agora não tô com cabeça pra isso.
- Então soma. Ensina soma. Vaii. Por faaavor.
- Mas você acabou de responder uma soma corretamente.
- Mas quero algo mais desafiador.
- Tá bom. Então me responda... 12,537+13,646.
- O quê?! Isso é sério?
- Isso vai te fazer pensar um pouco. Assim não enche meu saco por uns minutos.
- Hm, deixa eu ver... 12,537+13,636...?
- 13,646.
- Deixa eu pensar. - Ela fica quieta por alguns segundos pensando a fundo sobre isso. - Não consigo.
- Você nem tentou.
- Me ajuda. 
- Diz o resultado mais perto que conseguiu chegar só pensando.
- Vinte e seis mil e...
- E?
- E... Oitenta e nove?
- Tenta de novo.
  Ela pega o caderno e a caneta de cima da cama e volta a se deitar no chão, balançando as pernas com a bunda empinada para cima, apesar dela pensar igual uma criança às vezes, parece que sua mente tem este conflito uma vez ou outra... Por não se lembrar de muita coisa, algumas de suas personalidades acabam sobrepondo as outras.
- Deu 26,183. Tá certo?
  Alguns minutos haviam se pasado desde sua última resposta errada, mas como pensei, eu sabia que não iria demorar até acertar.
- Sim.
- Eu quase tinha acertado na primeira vez, né?
- Mas não acertou.
- Me dá outro mais difícil.
- 8.126,678+12.374,890. Não repetirei.
- Tá bom.
- Depois faça o mesmo com subtração.
- Subtração?
- É uma operação inversa da adição. Ao invés de acrescentar números, você vai vai fazer uma conta inversa. Entendeu?
- Aah, entendi. Vou tentar.
  Depois de um tempo, ela parece ter terminado as contas.
- Pronto. Fiz os dois.
- Parece que está certo.
- Viu só. Eu sou inteligente.
- É claro que é. - Acaricio seu cabelo e ela esboça um sorriso com as bochechas coradas. - Quanto é a raiz quadrada de quatro?
- Você tá complicando de novo. - Ela muda de expressão novamente tirando aquele sorriso fofo por uma expressão mais séria e pensativa.
- O que acha que pode ser raiz quadrada?
- Hmm... Deixa eu pensar. - Ela se senta na beira da cama e eu a encaro enquanto tenta pensar em uma resposta. - Pra isso, eu preciso aprender algo antes?
- Não necessariamente, mas facilitaria se soubesse multiplicação.
- Eu quero aprender.
- Mas eu não quero ensinar.
- É seu dever como hospedeiro me ensinar matemática.
- E é seu dever obedecer o que o seu mestre diz.
- Ah, aí não tem do que eu reclamar... - Após isso, ela acaba deixando o caderno de lado e se deita na cama, apoiando a cabeça nas minhas pernas enquanto deixa escapar um pouco de ar pela boca entreaberta. - Você está certo. De novo.
- Não se preocupa. Eu posso te ensinar tudo que quiser outra hora. Tá legal?
- Tá bom. Vou deixar você descansar. - O quarto está mais vazio sem a bagunça de Tomas e ainda me pergunto o que a diretora vai fazer em relação a tudo isso. - Os problemas ainda não acabaram?
- Não, mas não vai ter muito mais o que ser feito. Você pode dormir na cama que era dele se qui-
- Eu quero continuar dormindo com você.
- Imaginei.
- Acha que vão arrumar um substituto?
- Acho que não. Com a notícia já espalhada pela cidade, isso abalou um pouco a reputação da escola. Então não vai ter aluno novo tão cedo.
- Aah... E pra onde vamos após as aulas acabarem?
- Eu estive falando com Luce mais cedo... Acho que vamos para Creta.
- É? Por que?
- Porque pode ser interessante. Um lugar onde podemos usar a força que temos. Um lugar que nós podemos nos adaptar.
- "Nós"?
- Estava me referindo a você e eu.
- Ah.
- O que acha? Deve estar bem curiosa sobre aquele mundo também.
- Eu estou mesmo, mas isso não é importante pra mim.
- Por que não?
- Mesmo que a sua divindade dentro de mim me faça sentir alguma emoção por outra coisa, como... Curiosidade, eu não sinto ânimo pra fazer mais nada além de, bom...
- Estar comigo?
- É... Mas acho que você e Luce podem acabar se divertindo bastante por lá. 
- Talvez.
- Por que "talvez"?
- Só... Talvez.

The plans of DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora