𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟗

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𝑺𝒆𝒐𝒌𝒊𝒋𝒊𝒏

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𝑺𝒆𝒐𝒌𝒊𝒋𝒊𝒏

Assim que cheguei em meu escritório, senti umas pontadas leves na minha coxa direita. Comecei a fazer massagem, como meu fisioterapeuta me ensinou. Ele havia me dito que essas dores eram comuns em pessoas que sofreram amputação.

Eram conhecidas como dores fantasmas e ocorriam devido aos estímulos que o cérebro detectava por meio dos neurônios, os enviando por todo organismo. Elas variavam entre formigamentos no coto - a parte que restou do membro, no meu caso da perna - e leves fisgadas, como agora, e na maioria das vezes diminuíam com a massagem.

Porém desta vez não estava surtindo efeito. De leves, elas começaram a se tornar mais intensas. E isso estava começando a me estressar.

O dia mal tinha começado e tudo já estava dando errado. Droga! Bati na minha mesa com o punho fechado, o que fez meu porta canetas cair, espalhando tudo que tinha dentro dele pelo chão.

Passo minhas mãos pelo cabelo e tento relaxar. Apoio minha cabeça no encosto da cadeira e fecho meus olhos. Inspiro e expiro, tentando me acalmar e torcendo para que a dor passe logo.

Minha vida mudou drasticamente e não tenho mais esperança de que um dia eu volte a ser o homem que eu era.

Eu deveria ser grato por estar vivo. Grato por ter nascido de novo. Mas como?
Como poderei ser grato se eu me sentia tão culpado pela morte de Yoongi.

Sinto-me incompleto, totalmente incapaz e indigno de estar respirando.
Há dois anos que não durmo direito. Tenho pesadelos quase todas as noites. E são sempre os mesmos.

Cenas do acidente.
O dia que recebi a notícia de que perdi parte de minha perna.
E logo depois a notícia da morte de Yoongi.

Aperto forte meus olhos na tentativa de arrancar da cabeça tudo que aconteceu. Em vão.

Merda!

Pego um copo de vidro que está em minha mesa e jogo o mais forte que consigo, vendo-o se quebrar na parede a minha frente espalhando pedaços por toda a sala.

Segundos depois, ouço barulho de saltos. Pensei que estivesse sozinho no andar, mas eu claramente estava errado.

Quando Kim Jisoo entrou em minha sala, e ficou sentada de joelhos a minha frente, meu coração começou a bater forte demais, minha respiração ficou desregulada e não consegui afastá-la. Por um segundo, quando nossos olhares se encontraram eu esqueci a dor. Esqueci tudo e me perdi naqueles olhos azuis. Lindos!

Nesses dois anos que se passaram, não estive com nenhuma mulher. Jungkook até tentou, inúmeras vezes me levar para sair ou marcar encontros, mas eu neguei todos. Tinha medo do que as mulheres pensariam ao me vez sem roupa.

E quando entendi o que Jisoo queria fazer, senti medo que ela me olhasse com pena ou que sentisse repulsa caso visse minha prótese.

Eu até tentei repreendê-la, mas ela não se importou com o meu tom de voz áspero e muito menos se importou por eu ser seu chefe. Ela queria ajudar. Ela queria me ajudar!

Segurando seu rosto em minhas mãos, eu vi vários sentimentos em seu olhar.
Compaixão, determinação, surpresa, admiração. Menos pena. Sua ousadia e determinação despertaram algo em mim que eu não sabia explicar o que era.

Quando suas mãos encontraram minha pele, senti um arrepio passar por todo meu corpo. Não sei se era a massagem ou apenas por tê-la ali, me tocando e dando leves apertos em minha coxa, mas suspirei de alívio relaxando quase que imediatamente.

Senti que suas mãos já tinham me deixado, encontrei seu olhar e não consegui solta-la. Não queria solta-la. O carinho que fiz em seu rosto acendeu um fogo em mim que há um bom tempo eu não sentia, mesmo antes do acidente.

Ela fechou os olhos, se rendendo ao meu toque, entreabrindo os lábios e não me contive em passar meus dedos neles. Eram tão macios. Eu queria provar seu gosto. Chupar sua língua. Morder sua boca até deixá-la inchada, e não parar de beijá-la até ficarmos sem ar. Queria ver meu pau naquela boca, me chupando e provando-me com sua língua.

Falando nele... Ficou mais duro do que já estava.

Antes que eu pudesse ganhar mais coragem, ela interrompeu o momento.
Vi em seu olhar constrangimento, frustração e um leve sinal arrependimento.

Será que eu interpretei tudo errado?

Porra, eu estava mesmo enferrujado em ler os sinais.

Quando ela se levantou, não consegui olhar para ela. Porque agora quem estava com vergonha era eu.

Ela é minha funcionária. E eu sou seu novo chefe. Pela forma como ela saiu, deve pensar que sou um tarado, que não respeito o ambiente de trabalho. Que flerto com todas.

Eu nunca fiquei com ninguém que trabalhasse junto comigo, justamente para evitar situações constrangedoras e também não flertava, como o cara de pau do meu irmão.

Segundo minha mãe, Jisoo é uma excelente funcionária além de ser uma ótima pessoa. Animada, prestativa e atenciosa. Depois de ouvir tantos elogios, foi impossível não concordar com dona Beatriz quando me propôs que fosse minha nova assistente.

Mas não imaginei que ao vê-la, sentiria uma atração tão intensa. Quase que avassaladora.

Preciso me controlar e agir como homem, e não como um adolescente cheio de tesão. E no meu caso estava mais do que acumulado.

Não posso deixar isso acontecer novamente. 

𝐒𝐄𝐎𝐊𝐉𝐈𝐍, a família jeonOnde histórias criam vida. Descubra agora