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Carla narrando

— Tem certeza de que não quer ir comigo ao aeroporto? – falava com a voz triste para que Vitória cedesse.

— Nem se eu quisesse amiga. – também ficou triste. – Estou cheia de trabalho no salão e tenho que ir logo pra lá. – nos abraçamos. -
Como você vai?

— Consegui uma carona.

— Ok. Qualquer coisa me liga. - tocou minha barriga. – E você cuide bem da sua mãe.

— Pode deixar que vamos nos cuidar. – Deu um tapinha na minha bunda. — Ei! - rimos.

— Já estou dando um tapa pra você se comportar perto do Tomas. Não extrapolem hein? Olha meu sobrinho ai.

— Pode deixar que farei.

Tomas ficou longe durante dois meses e estava morrendo de saudades dele. Durante esse tempo, sempre dormia abraçada ao seu travesseiro, vestindo alguma de suas camisas.
Por mais que nos falássemos todos os dias, pra mim ainda era pouco. Queria ele comigo. Precisava toca-lo, abraça-lo, beija-lo, ouvir sua voz a toda hora. Toquei minha barriga por reflexo e sorri levemente. Ela já estava ficando bem saliente, mas o bebê ainda não se mexia. Esse sentimento é tão perfeito. Saber que tem alguém que amo tanto dentro de mim.

— Carla? - Edgar chamou-me. — É... Desculpa a pergunta, mas como você e o Tomas vivem?

— Como assim?

— Assim... Com o fato de você ter esse problema e... Ai! Que idiota! Eu nem devia perguntar essas coisas.

— Não! Tudo bem! É uma dúvida que você tem. E toda dúvida precisa ser tirada. - disse calma e amigavelmente. – Bem, no inicio foi um pouco complicado. Tanto pra ele, quanto pra mim. Nunca havíamos passado por situação semelhante e ambos estávamos aprendendo a lidar com toda essa novidade. – me lembrei do dia em que brigamos. – Mas depois, tudo foi se encaixando. Cada um tem suas respectivas funções em casa e ajudamos um ao outro.

— Que bom, fico feliz que o Tomas cuide bem de você. - Disse com a voz serena.

— Sim. O Tomas ... – Dei uma pausa. – Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. –Sorri. – Ele é o meu anjo sem asas.

Continuamos jogando conversa fora até lá. Eu gostava do Edgar. Ele não fazia cerimonia em perguntar nada. Com ele era preto no preto e branco no branco. Era direto sem ser inconveniente.

Logo, chegamos ao aeroporto e fomos esperar o avião dos meninos.

— Cheguei! – Ouvi a voz da Vitória.

— Vi! Tudo bem?

— Tudo sim! E você? Ah meu Deus! – Sua mão foi direto na minha barriga. – Como está linda! Parece que foi ontem que você descobriu a gravidez.

— Sim. O tempo voa! – Dei uma pausa rápida. – Será que vão demorar muito?

— Eu acredito que não, mas o que nos resta é esperar.

Ficamos esperando e nada do avião chegar. Aquilo estava me deixando angustiada, até que a mulher do aeroporto anunciou o pouso do avião.

— Finalmente! – Vitória me abraçou. – Ai... Não sabe o quanto Dilan faz falta em casa. Por mais que eu veja vocês sempre e fique pouco tempo sozinha... Ele faz falta. As risadas, as brincadeiras... A casa fica vazia sem ele.

— Digo o mesmo em relação ao Tom. Sinto falta de ouvi-lo tocar, mexer comigo...

— Eles vão passar mais tempo com a gente agora. Até as viagens voltarem a ser longas, vai demorar e teremos muito tempo juntos.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora