Carla narrando
Escutei um barulho conhecido e relaxante contra a janela. A chuva caia lá fora. Parece que hoje não poderíamos sair. E também acho que não iria querer. Junto com esse barulho relaxante, sentia um calor gostoso debaixo das cobertas que me deixava quentinha. Um braço grande abraçava meu corpo e sentia minhas costas contra aquele peitoral quente. Aquela sensação era muito boa. Tão boa que poderia ficar ali para sempre.
Virei-me devagar, de frente para Tomás e o abracei fechando os olhos novamente. Acabei pegando no sono.— Eu disse que ia pôr minhas mãos em você de novo.
— Deixe-a em paz. Por favor.
— NÃO! - escutei dois disparos seguidos e depois tudo ficou em silêncio.
Abri meus olhos rápidos e meu coração estava acelerado. Não que abri-los fosse resolver o caso, afinal não enxergava nada além da escuridão. Tomás ainda parecia dormir. Então me aconcheguei a ele. Passei a mão por seus cabelos, seu rosto, seu pescoço.
— Bom dia. - ele falou com uma voz fraca, preguiçosa e mais rouca que o normal.
— Bom dia. - falei e passei a mão pelo seu pescoço, depositando um beijo bem ali.
— Tá chovendo. - ele falou me puxando mais para perto.
— Eu ouvi. Pelo visto não vamos poder sair hoje.
— É verdade. Mas sabe que eu acho uma boa? Chuvinha, a cama quentinha, minha esposa ao meu lado... - ele me puxou mais ainda pra perto dele e ri. –E ninguém pra nos perturbar. Pra completar, depois só preciso de um bom café.
— Que pena... - coloquei minha perna por cima de sua cintura. – Achei que precisava de mais alguma coisa. - senti minhas costas encontrando o colchão e seu corpo por cima do meu.
— Se essa alguma coisa a mais for... - ele mordeu minha orelha. – Uma atenção especial, eu aceito com todo prazer. - ri e ele me deu um beijo calmo, mas cheio de desejo, que me deixou um tanto desnorteada e mais quente do que antes.
Desci minha mão pelas suas costas e puxei sua camisa devagar até retira-la. Tomás aumentou a intensidade do beijo e começou a brincar com o elástico do meu short, até que partiu o beijo e o tirou. Nesse momento, já implorava mentalmente que ele me tomasse como das outras vezes. Era um momento em que me sentia completa e a sensação era como se eu estivesse liberta do meu problema. Entrelacei minhas pernas na sua cintura, enquanto arranhava suas costas levemente. Ele já dava alguns gemidos roucos e era um dos pontos que mais me deixava excitada. Outra coisa que eu gostava era o modo como ele me tocava. Era de um jeito preciso. Não que eu já tenha sentido isso antes, pois não tenho nada pra comparar. Mas era muito bom. Toda vez que estávamos juntos dessa forma era algo diferente, pois o mesmo sempre tentava coisas novas comigo de tempos em tempos, assim como ontem. Foi a coisa mais estranha e maravilhosa. Sua mão foi para dentro da minha blusa, até encostar no meu seio enrijecido, pelo contato de sua pele na minha. Por mais que já tivesse controle de algumas situações, outras pra mim eram totalmente novas e eu acabava gemendo demais e o "freando" de certo modo. Não que eu não confiasse nele, pois todos sabiam que eu era capaz de dar minha própria vida por ele. Mas o mesmo costumava ser um pouco apressado em alguns momentos.
— Tomás... - chamei por ele no instante em que senti, assim como em outros vezes, a sua ereção encostar em minha intimidade. Ele puxou de leve o meu lábio inferior.
— Mas que merda. - falou baixo, enquanto ouvíamos algo vibrando na mesa de cabeceira. Tomás bufou de raiva e ergueu o braço para pegar o celular. – Alô? - disse com voz de poucos amigos e ri. – O que? - ele saiu de cima de mim rápido e parecia ter sentado na cama. – Como assim? - sua voz parecia surpresa, mas um tanto desconfiada. Me sentei e o mesmo tocou meu braço e puxou-me pra perto de si. Pôs o celular no viva voz e consegui ouvir Artur falando.
— Eu não sei o que aconteceu. Estava na minha sala investigando possíveis locais onde ela poderia estar e recebi uma ligação do meu pessoal falando que ela havia se entregue esta manhã.
— Espera. - Tomás disse e ficou um tempo em silêncio. – Não faz o maior sentido. Cintia não tem cara de se entregar facilmente.
— Falaram que ela chegou um pouco fora de si. Falando coisa com coisa. Disse que ia deixar a irmãzinha em paz, pois a mesma era uma pessoa boa e ela era a malvada da história. - Artur deu uma pausa. – A levaram para um hospital psiquiátrico, pois a mesma estava completamente louca.
— E os meus pais? - disse baixo para o Tomás, que perguntou ao Artur.
— Nós ainda não os achamos, mas o principal já está feito. A Cintia não está mais a solta e se quiserem voltar... - deixou por alto.
— Ok então Artur. E muito obrigado por tudo. Não sei o que faria sem você. - Tomás disse agradecido.
— De nada e pode ter certeza que não faria muita coisa. Não se lembra daquela vez que a garota chegou e disse que você era o... - ele desligou antes que Artur pudesse terminar.
— Bem, a Cintia está presa. - ouvi sua voz em dúvida e sabia que Tomás estava pensando como era possível Cintia ter se entregado. Isso não fazia o tipo dela, mas...
— E os meus pais?... Bem, acho que não me farão mal não é mesmo? Eles nunca levantaram a mão pra mim.
— É, mas eles deixaram a Cintia te agredir e isso ainda os torna meus inimigos.
— Mas acho que eles não iriam me perseguir. - falei segura, mas não tinha certeza sobre isso. – Então... Significa que as férias estão pra acabar.
— Estão. - ele riu e colocou seu braço em volta dos meus ombros.
— E que história é essa que o Artur não terminou hein? - falei cruzando os braços e fazendo meu sorriso desaparecer do meu rosto.
— Então... - ele hesitou e fiz cara feia. –Tudo bem. Lembra que te falei que era um pegador de marca? Algumas mulheres engravidavam... - abri minha boca e fiquei incrédula com essa declaração. – E acabavam falando que o pai era eu. Isso deve ter acontecido umas duas vezes...— Tomás seu... - amarrei a cara mais ainda e fiz um bico. Fazer o que? Estava com ciúme.
— Ai Carla. - ele me puxou e sentei em seu colo com uma perna de cada lado. Mas ainda estava com os braços cruzados e uma cara feia. – Isso faz muito tempo. Eu juro que depois melhorei e não fiz mais isso. Depois que te conheci então, nunca mais fui pra festas.
— Acho bom mesmo. - galei virando meu rosto. – E além do mais, vai me contar essas outras merdas que o Artur te livrou.
— Ah vai. Não fica com essa cara. Apesar de você ficar a coisa mais linda de cara amarrada. Não tinha te visto assim até agora. - já queria esboçar um sorriso, mas não tão rápido. — Primeiro... Você acabou de falar "merda". - ele riu escandalosamente e dei um tapa em seu ombro.
— Viu o que você me faz? - dei um tapa em seu braço. – É a convivência. –continuei com aquela cara.
— E segundo... Pode deixar que vou te contar tudo agora mesmo.
— Pode começar. - falei desfazendo os braços.
— Depois que terminarmos o que começamos antes do celular tocar. - ele avançou no meu pescoço, mordendo e beijando.
— Tomás! Você vai me... - não consegui terminar, pois já me sentia entregue novamente.
Geeeeeente... Cintia se entregando? É isso mesmo produção? Que surpresa! Será que vai ficar tudo certo, agora que ela está presa? Comentem.
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O amor é cego
Teen FictionAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...