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Acordei suando e um pouco tonta. O que foi aquele sonho?

Havia me deitado na cama e fechei meus olhos pegando rapidamente no sono.
"– Carla... – Alguém me chamava. Era um homem. – Abra os olhos calmamente.

Não conseguia entender o porque, mas não conseguia abrir meus olhos. Por mais que eu quisesse fazer isso, o meu "eu" no sonho tinha medo. Uma insegurança pairava no ar. Um desespero. Algo estava errado.

— Abra os olhos! – Tentava mandar em mim mesma, mas o meu "eu" no sonho não queria fazer isso. – Anda logo! Porque não abre os olhos? – Falava comigo mesma.

— Porque eu não quero ver a minha realidade. – Respondeu com pesar na voz.

Era como se eu estivesse conversando comigo mesma. O meu "eu" de agora, tentava se comunicar com o "eu" do sonho, que parecia querer revelar algo.

Logo, o silêncio onde só podia-se ouvir aquela conversa comigo mesma, se transformou em uma desordem total.
Podia ouvir gritos que ora eram de dor e ora por uma discussão . As vozes variavam entre Tomas, Edgar, Bete, eu e uma outra pessoa que não identifiquei.
Era muito atribulado e sentia meu coração pulsando dentro de mim. Queria descobrir o que estava acontecendo, mas não conseguia."

Fui ao banheiro e assim que saí de lá, desci as escadas calmamente em direção a cozinha para comer alguma coisa. Estava iniciando uma fase em que o desejo por comida era algo inexplicável e muitas vezes engraçado.

— Quero sorvete... – Falei comigo mesma e me encaminhei até a geladeira pegando o pote com muito cuidado.

Ouvi um barulho de água vindo de fora e calculei que Tomas estivesse na piscina.

— Oi! – Cheguei com o pote na mão e segurando a guia do cachorro na outra. Sentei-me na espreguiçadeira.

— Hummm, eu quero. – Fez uma voz manhosa.

Tive que compartilhar meu sorvete com o Tomas. Ele era um homem criança.

— Sun? – Tocou a minha barriga. – Tá feliz ai? Quando será que ela vai começar a mexer?

— Eu não sei... – Deu uma pausa. – Mas vamos tentar uma coisa! – Levantou-se correndo e fiquei ali sentada.

Aquele sonho ainda me incomodava. Mas era só um sonho. Não tinha com o que me preocupar.

— Voltei! – Sentou-se de novo ao meu lado. –Bem... – Dedilhou o violão.

(...)

— Summer nem nasceu e já te considero um paizão sabia? –Disse toda orgulhosa.

Tomas pôs o violão em um canto e deitou-se ao meu lado, abraçando-me.

— Quero ser um bom pai. Quero que a Sun olhe pra mim e tenha orgulho. Quero poder fazer pra ela tudo o que meu pai não fez por mim e principalmente, estar sempre ao seu lado. –Respirou fundo. – Não quero ser um mal exemplo. Não quero ser um pai ausente o tempo todo, entende? Eu sei que muitas vezes, a banda vai consumir meu tempo. Mas não quero que ela cresça sem a minha figura por perto.

– Por mais que você fique longe as vezes, ela vai ter muito orgulho de você. Você é o pai dela! Tenho certeza que mesmo tendo que viajar, vai achar um jeito de estar sempre aqui. Seja por uma ligação, um vídeo... Não importa. Só pelo seu empenho em se manter sempre por perto, a Sun vai perceber que a ama mais do qualquer coisa. E isso vai leva-la a ter você como um herói.

— É... – Passou a mão no meu rosto. – Agora que sabemos que é uma linda garotinha, podemos montar o quarto.

— Quero tudo cor de rosa se não tiver problema pra você.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora