Carla narrando
Cintia saiu cedo pela manhã. Não tomou café e nem ficou me atentando. Não fez nada comigo, o que é bem estranho, já que ela disse que eu teria uma surpresa.
— Eu vou atender. - Vivian disse. A campainha acabara de tocar. – Posso ajudar? - ouvi quando Vivian falou para a pessoa que estava na porta.
— Eu sou a mãe do Tomás. - levantei-me de imediato. Comecei a me sentir mal. E se tivesse acontecido algo ao Tomás? Eu nunca me perdoaria. — Eu estou procurando pela Carla.
— Oi? - falei chegando lentamente até a porta.
— Carla. - ela abraçou-me. – Você precisa ajudar o Tomás. - ela falava em tom de desespero e suplica.
— Ele está bem? - perguntei preocupada.
— Ele foi preso! - ela disse. Pelo tom das palavras, parecia que iria chorar a qualquer momento. Fiquei muito assustada quando ela disse isso. Era como se uma parte de mim faltasse. — Cintia foi até a delegacia prestar queixa contra ele, e disse que Tomás a agrediu. - coloquei as mãos na boca para tentar conter o desespero. — Ela também disse que ele abusava de você.
— Como ela pode fazer isso? - Vivian falou irritada.
— Ela não pode ter feito isso. Ele nunca me fez nada. Ele... - comecei a chorar.
— Calma. Eu preciso que você venha comigo até a delegacia e diga o que realmente está acontecendo. Um amigo do Tomás, que é policial, já está lá para ajuda-lo. Mas precisamos do seu depoimento.
— Eu vou. - estava tudo muito confuso na minha cabeça.
Já estava arrumada, então não perdemos tempo e fomos direto pra lá.
Ao sair do carro, uma voz conhecida se aproximou de nós. Era Edgar. Parecia apreensivo e completamente preocupado.
— Carla. - Edgar tocou no meu ombro e me abraçou. – Você precisa ajudar o Tomás. - ele falava comigo. Algumas lágrimas já desciam pelo meu rosto.
– Carla, eu sou a Antonia. - uma mulher falou, pondo a mão no meu ombro. – Não se preocupe. Artur já disse que com o seu depoimento o Tomás vai ser liberado.
—Eu quero fazer isso logo. - eu já estava aflita e impaciente. Precisava fazer isso rápido.
Entramos na delegacia, e um policial veio nos atender. Eu não conseguia dizer nada, pois estava muito nervosa. Logo, Artur apareceu.
— Carla chegou. - ele disse para alguém que estava conversando com ele. — Carla, eu sou o Artur. - ele tocou no meu ombro. – Vou acompanhar você durante todo o processo, está bem? - assenti. — Preciso que diga tudo o que está acontecendo. Isso será importante. - onfirmei, e quando menos esperei já estava entrando na sala.
Fizeram-me inúmeras perguntas, desde o momento em que eu conheci o Tomás, até a última vez em que nos vimos. Me perguntaram sobre o comportamento dele perante a minha presença. Se ele alguma vez já havia me tocado sem o meu consentimento. Isso tudo parecia loucura. A Cintia fez com que ele parecesse um verdadeiro monstro, sendo que o monstro era ela.
Artur me fez contar também sobre quem minha irmã era de verdade. Contei tudo o que Cintia fazia. Nisso também inclui meus pais. Eu não queria, mas eles nunca fizeram nada para me ajudar.
Fiquei horas ali, até que finalmente acabou. Mas para completar ainda mais essa história, nos fizeram ficar esperando mais algumas horas em uma sala, até que alguns papéis ficassem prontos.
— Com licença. - um homem abriu a porta. — Vocês já estão liberados.
— Mas e o Tomás? - Edgar perguntou preocupado.
— Ele? - o homem disse.
— FINALMENTE! - ouvi quando a mãe de Tomás gritou. Me levantei de imediato. – Meu filho. Você está bem?- ela perguntava, e provavelmente deixava algumas lágrimas caírem.
— Eu tô bem mãe. - ouvi quando Tomás disse. Em seguida, ele falou com Edgar, Antonia, Artur e Vivian. Senti quando ele se aproximou de mim, tocando no meu rosto. Uma lágrima teimosa escapou dos meus olhos. Ele segurou meu rosto com as duas mãos, e me beijou. — Você está bem, meu amor? - ele perguntou quando interrompeu o beijo.
— Não era para ser eu te perguntando isso? - ri de leve, e o abracei. — Eu fiquei tão preocupada. - comecei a chorar baixinho.
— Tá tudo bem agora. - ele segurou meu rosto e limpou as minhas lágrimas, tornando a me abraçar novamente.
— Temos que esclarecer umas coisas aqui. - Artur disse, e começamos a prestar atenção. — Carla, você não pode ir para casa. É perigoso demais.
— Mas vão sentir a minha falta. - falei. Provavelmente isso iria piorar toda a situação.
— Não vão, porque vamos prende-los hoje. Portanto, sugiro que voltemos até a sua casa, pegamos suas coisas e você fica na casa de alguém. - Artur deu uma pausa. — E Tomás, se você quer mesmo aquilo que me disse, sugiro que seja rápido. - não entendi o que ele quis dizer com isso.
Saímos de lá, e fomos direto para minha casa.
— Já sabem onde a Carla vai ficar? - Artur perguntou, enquanto pegávamos minhas coisas.
— Na minha casa. - Tomás disse como se fosse muito obvio.
— Não sem antes daquele detalhe que você me disse na cozinha. - Vivian disse. — Carla fica lá em casa. - Vivian tocou meu ombro.
— Está bem, mas o que Toma precisa fazer? - perguntei curiosa.
— Você vai saber daqui a pouco. - Tomás disse rindo.
— Preciso falar com a Bete. - falei preocupada.
— Vamos até lá. - Tomás segurou minha mão.
— Não demorem. - Artur disse.
Fomos o mais rápido possível até a casa dela. Com Tomás segurando a minha mão, eu não tinha medo de cair, pois sabia que ele sempre estaria ali para me segurar.
— Queridos. - Bete abriu a porta. Seu tom era de surpresa. — O que aconteceu? - ela perguntou preocupada.
Assim que entramos, começamos a contar o ocorrido. Bete ficava cada vez mais assustada, e deu razão ao fato de não ficar mais naquela casa.
Depois de nos despedirmos dela, voltamos para minha casa, onde já estava tudo pronto para que eu fosse ficar um tempo com a Vivian. Não entendi o porque de não poder ficar com o Tomás, e muito menos essa "coisa" que ele devia fazer logo.
— Tomás, eu acho que você deve conversar com a Carla. Eu levo Vivian e as coisas dela. - Edgar disse e concordamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O amor é cego
Dla nastolatkówAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...